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Esquerda colonizada

Ministério da “Decolonização” ou da CIA?

O ‘decolonialismo’, bem como o identitarismo, são ideologias que nasceram nas universidades americanas, são financiadas pelo grande capital e servem ao imperialismo.

Monumento vandalizado

“Toma posse no Ministério da Decolonização do Brasil…”artigo assinando por Marconi Moura de Lima Burum, neste 11 de janeiro, no Brasil247. Já começa mal, pois ‘decolonização’ é um termo que revela o colonialismo americano sobre acadêmicos de países atrasados, como o Brasil.

O artigo é escrito em um jargão ‘academiquez’ quase ininteligível, todo recheado de termos da moda que visa justamente afastar os trabalhadores da discussão. É todo codificado para uma esquerda pequeno-burguesa que sonha em fazer seus mestrados e doutorados em alguma universidade americana.

Vamos aos exemplos: ‘cosmo-civilização’, ‘paradigma’, ‘escopo-síntese’, ‘povos originários’, ‘sujeitos indígenas’, desterritorializadas’, simetria dos desiguais, civlizatório’, patriarcado’, intersecçõesetc. Uma verdadeira coleção termos identitários.

No entanto, não nos enganemos, esse tipo de texto tem uma função muito clara: atacar o Brasil e os brasileiros, tentar nos diminuir e fazer com que nos sintamos não merecedores de nossa identidade. A malícia está mal escondida em uma tese de que somos herdeiros da escravidão, do genocídio indígena e, portanto, não passamos de um povo menor.

Um dos truques do identitarismo é jogar com a culpa. É uma visão moralista e religiosa da realidade. Assim como Adão e Eva foram expulsos do Éden devido ao pecado original e toda sua raça foi amaldiçoada, nós, brasileiros, também nascemos do pecado e somos indignos.

Tudo o que o imperialismo, que é quem coloniza os ‘decolonizadores’, quer é justamente nos desmoralizar, pois assim fica mais fácil controlar.

As ‘importâncias’

Para Lima Burum, o dia 11 de janeiro de 2023 é “certamente o dia mais importante ao começo da história do Brasil, desde 22 de abril de 1500”. Ou seja, a nomeação de duas ministras seria mais importante que a Descoberta. Segundo ele, naquela data os portugueses tiveram a “a chance os portugueses de dar marcha ré nas caravelas e deixarem (em paz) o “brasil”, então apenas a terra de Pindorama (nome que davam os povos indígenas a este território), ou, se queriam aqui pedir aos povos originários a chance de compartilharem um pedaço de terra para (bem)viver e desfrutar, então terem seguido por outra cosmo-civilização, uma de solidariedade, de partilha, de harmonia e de – real – liberdade para absolutamente todas e todos os sujeitos”.

Infelizmente, para o autor, a realidade não colabora com essa fantasia. Não havia essa liberdade absoluta para “todas e todos os sujeitos”. Para começar, os indígenas viviam guerras e os índios brasileiros eram reconhecidamente ótimos guerreiros. Extrair da natureza o sustento em uma economia primitiva está muito longe de ser um bem viver e desfrutar. Como vemos, Marconi Moura inventa um índio vivendo em um paraíso para o contrapor ao colonizador cruel.

Neste ‘importante dia 11’, ‘temos a posse da Ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, nesta Pasta que pretende reconfigurar a pauta da emancipação dos sujeitos indígenas, da demarcação e conservação da Natureza plena e integral em seus territórios (que tanto servem a nós, humanos todos), e da reparação histórica frente a todas as crueldades impetradas, sejam nos corpos e almas, seja na cultura e na memória dos povos indígenas do Brasil.

Fundação Ford, fachada da CIA

Sonia Guajajara, durante entrevista na COP23, enquanto coordenadora da APIB (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil) não teve como escapar de responder que a Fundação Ford e outras ONGs financiaram uma comitiva de doze índios para fazer turnê por sete cidades da Europa. A Fundação Ford, por exemplo, ‘doou’ US$ 3 milhões para o Fundo Brasil de Direitos Humanos, entidade que se opôs à construção da Usina de Belo Monte e à realização da Copa do Mundo no Brasil em 2014. Que coincidência!

Sônia Guajajara, que viaja pela Europa, se hospeda em hotéis com banho quente, internet etc., acha que não precisamos de energia elétrica na Amazônia. Como ela não vive lá, tudo bem. Cada um com seus problemas.

O movimento Não Vai Ter Copa foi financiado pelo imperialismo para desestabilizar o governo de Dilma Rousseff, que viria a sofrer um golpe de Estado. A pressão contra a construção de Belo Monte, e outras iniciativas, é de interesse das grandes potências que querem que nós, os indignos brasileiros, não desfrutemos das riquezas da Região Amazônica e que deixemos tudo para eles, os civilizados.

É curioso, pois os americanos (que escravizaram e exterminaram índios), associados às potências europeias (que escravizaram e exterminaram índios), com seus acadêmicos de aluguel, usem o ‘decolonialismo’ e o identitarismo para nos chamar de escravagistas e genocidas dos povos indígenas.

A ‘defesa da Amazônia’ e a preocupação com as ‘mudanças climáticas’ não passam de desculpas para nos afastar das riquezas cobiçadas pelo imperialismo.

Igualdade Racial

Na matéria de Marconi Moura nos deparamos com esse trecho efusivo que diz que a posse da Ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, neste Órgão de Estado que tem como evento finalístico prover as políticas públicas, estruturantes e cognitivas a servir o povo negro, favelizado, quilombola e periférico do Brasil. Povo que descende de milhões de pessoas sequestradas do continente africano para serem escravizadas no Brasil. Pessoas que, uma vez desterritorializadas, ou tiveram seus corpos e cosmologias jogadas no Oceano Atlântico (isto é, assassinadas antes mesmo de chegar em Pindorama), ou mortificadas pela crueza do serviço forçado nas lavouras, pelas chicotadas nos pelourinhos afora e pelas noites sem dormir nas milhares senzalas(grifos nossos).

É verdade, houve escravidão no Brasil, bem como houve escravidão na Grécia Antiga, em Roma, nos Estados Unidos. Infelizmente a vida é assim, o ser humano é contraditório. Nós, que viemos depois, não temos nada a ver com isso, não somos culpados e muito menos beneficiários dessa prática. Não sucumbidos”, coisa nenhuma, “enquanto civilização por nossa cultura colonial”. E muito menos ‘chancelamos’ nenhuma “dimensão de poder e espoliação, de desigualdade autorizada”.

Nem mesmo um milhão de ministérios de igualdade racial será capaz de promover a igualdade, pois o problema é econômico, não moral. O identitarismo também impede a promoção da igualdade, pois, em vez de lutar opressão de hoje, fica combatendo o passado. Nenhum identitário pede o fim das polícias militares que está neste momento assassinando algum jovem negro em alguma periferia brasileira. Gastam seu tempo combatendo os bandeirantes, homens que viveram há trezentos anos e que desbravaram o Brasil com a ajuda dos índios, inclusive. O bandeirantismo, essa grande realização, não seria possível sem a participação dos índios. Ou devemos chamá-los de ‘povos originários’?

O ovo da serpente

Em uma coisa, pelo menos, temos de concordar com Marconi Moura ao citar Paulo Freire: que o o oprimido se engravida do opressor e precisa tirar esse “bicho” de dentro de si.

Sim, o imperialismo engravidou determinadas mentes subalternas do nosso mundo acadêmico com o identitarismo e o ‘decolonialismo’ e precisamos tirar esse bicho de dentro da esquerda. Temos que combater e denunciar essa infiltração ideológica que é financiada pelo imperialismo por motivos óbvios.

Essa ideologia perniciosa impede a luta da classe trabalhadora contra seus verdadeiros inimigos. No lugar de combater a ação colonial das grandes potências que destroem países inteiros para rapinar, ficamos ouvindo que é preciso ‘decolonizar’. Os refugiados, vítimas das guerras viram agora ‘desterritorializados’. O operário oprimido ficou ‘coisificado’.

A intenção dessa gente é desviar o foco das lutas essenciais da classe trabalhadora na direção de sua emancipação. Por isso, é preciso dizer com todas as letras que essa ideologia burguesa finge lutar pela liberdade, mas que, de fato, serve para tornar cada vez mais colonizados.

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