Dentre as sete artes, o cinema está no coração de muitas pessoas. Aquele filme que marca a primeira vez diante da grande tela tornou-se um momento que certamente está na memória de muita gente mundo afora.
É certo que o cinema deixou de ser acessível para todos há muito tempo. As grandes salas foram substituídas por faculdades, igrejas e outros negócios que passam longe do universo paralelo recriado a cada filme projetado. Mais recente, os famosos streaming de filmes disputam cada cadeira que compõe o cenário mágico, hoje quase reduzido a shoppings e com ingressos que ultrapassam o poder de compra da classe trabalhadora. A arte no mundo capitalista não está escassa. Ela está restrita.
Na contramão deste movimento, o sindicato dos Metalúrgicos de Jundiaí – Várzea Paulista – Campo Limpo Paulista, no estado de São Paulo, mantém vivo o cinema operário. Criado com o nome de CineArte, este espaço multivisual é gratuito, com direito a suco e pipoca para os espectadores. São 30 cadeiras disponíveis a cada sessão, que podem ser ocupadas pela comunidade local.
As projeções não seguem o calendário Hollywoodiano de filmes, que pouco acrescentam à reflexão. No CineArte já foi projetada a final da Copa do Mundo de 1958, competição que consagrou o Rei Pelé para o mundo que trouxe o primeiro título da nossa seleção ao derrotarmos a Suécia. Ver ou rever uma partida emblemática como essa só é possível em cinemas fora do circuito comercial. Neste caso, falamos de um cinema sob a coordenação de trabalhadores, que não está voltado ao lucro, mas em disseminar esta arte e construir momentos de distração, interação e discussão.
Na situação atual de fechamento de vários cinemas pelo mundo, de redução das sessões por ausência de público, o CineArte desponta como um lugar que insiste em manter viva a grande tela, a pipoca compartilhada, as risadas orquestradas e os trabalhadores juntos e com o direito ao lazer.