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Foro de SP

Melhor “oportunistas” nacionalistas que uma esquerda imperialista

A Nova Democracia, seguindo a tendência de toda a esquerda golpista, ataca o governo Lula e todos os governos nacionalistas da América Latina

Na última semana aconteceu o Foro de São Paulo, o maior encontro da esquerda Latina Americana. Em Brasília, partidos de quase todos os países do continente participaram do evento que teve em sua abertura a fala do próprio presidente Lula. Em geral, um foco de ataque da direita anticomunista o Foro dessa vez também foi criticado pela esquerda ultraesquerdista e, na atual conjuntura, golpista. A Nova Democracia atacou duramente o Foro com o texto “Com gritaria da extrema-direita, Foro de SP reúne só oportunistas e renegados”. É tradicional da esquerda pequeno burguesa a total incompreensão da luta dos governos latino americanos contra o imperialismo, o que leva também a sua política golpista no Brasil.

O texto já começa dando o tom: “Ocorreu, no dia 29 de junho, a abertura do 26º Encontro do fantasmagórico Foro de São Paulo. Tratado pela extrema-direita como reencarnação do comunismo e da Revolução na América Latina, o Foro não passa mesmo de um antro onde se reúnem os mais incorrigíveis oportunistas e reformistas do subcontinente, unidos pela fraseologia anti-ianque e pela prática do cretinismo parlamentar, pacifismo, reformismo e, quando no governo, pelo “pragmatismo político” reacionário.” Primeiro é preciso destacar a taxação de “fantasmagórico”. O evento foi protagonizado por Nicarágua, Cuba, Brasil e Venezuela, países onde a esquerda está muito viva, ao contrário, por exemplo, da política do ND, que ninguém liga, nem aqui, nem na China. 

E logo depois a ND ataca o governo esses países como falando de reformismo, cretinismo parlamentar e pacifismo. Essa caracterização em relação a Cuba, Venezuela e Nicarágua está bem distante da realidade. Em Cuba nem se fala, mas na Venezuela e na Nicarágua, as práticas da “democracia” do neoliberalismo estão sendo cada vez mais abandonadas e prol de um regime realmente democrático. Há um armamento da população, uma investida contra o controle da direita nas instituições, e até mesmo contra a imprensa, no caso da Nicarágua. São os países em que é mais difícil taxar de reacionários dado seu choque com o imperialismo. E o fato do Brasil entrar nesse balaio, no eixo do mal latino americano, é também um sinal muito positivo, que portanto não deveria ser criticado pela esquerda.

O texto destaca o ataque da extrema-direita, que deveria ser algo positivo dado que o Foro incomoda o bolsonarismo. Ele ignora que a direita tradicional se revolta ainda mais com essa relação do Brasil com os demais países. A fala destacada poderia muito bem ter sido escrita em um editorial do Estadão apenas mudando algumas palavras: “Já Flávio Bolsonaro, nas redes sociais, fez denúncias de que o PT não era a favor da democracia, pois haveria ‘partidos que governam ditaduras’ em outros países, acusando-os de comunistas.” A taxação de apoiar ditaduras é uma tradicional crítica do imperialismo aos países que seguem uma política independente nacionalista, ou seja, é uma demonstração que Lula, ao menos na questão internacional, está no caminho certo.

O ND então faz questão de criticar o PT: “Por seu turno, o encontro como ele é teve a recepção da presidente do PT, Gleisi Hoffmann, e de Luiz Inácio. Em seu discurso na sessão inaugural, Gleisi esclareceu que a presença de Luiz Inácio, ali, era uma oportunidade para mostrar que o Foro de São Paulo não é o que lhe acusam: não é revolucionário e nem mesmo de esquerda. “É uma mentira afirmar que o Foro de São Paulo é uma organização secreta que apoia ou participa de movimentos armados ou insurrecionais”, sentenciou, para separá-lo logo de qualquer coisa de comunista. “Somos da paz, da democracia e da justiça”, reafirmou ela. A questão é: qual paz e qual democracia? A paz das operações policiais nas favelas, e a democracia que tem como tutores as Forças Armadas reacionárias?”

A presidenta do PT desmente os ataques da direita acerca do caráter do Foro e faz uma das falas tradicionais do partido. Não era de se esperar que de repente o PT adotasse uma política revolucionária, no entanto, o ataque da ND é totalmente inapropriado. O que o governo Lula tem de relação com a repressão das forças policiais? Ele pode não bater de frente com a polícia mas também não estimula a política fascista das forças de repressão. É possível criticar Dino, mas o ND não faz questão de diferenciar a política dos ministros direitistas da política de Lula. A segunda parte é ainda pior, as Forças Armadas estão ativamente sabotando o governo Lula. O presidente tentou tomar algumas medidas para combater isso, são insuficientes, mas ele não pode ser criticado por ser submisso aos militares.

Logo após criticar Gleisi, Lula se torna o alvo:  “Em sua intervenção, ante o palco montado para seu show pessoal de verborragia, Luiz Inácio disse o que a plateia queria ouvir. ‘Eles nos acusam de comunistas, achando que nós ficamos ofendidos com isso. Nós não ficamos ofendidos. Ficaríamos ofendidos se nos chamassem de nazista, de neofascista, de terrorista. Mas de comunista, de socialista, nunca. Isso não nos ofende. Isso nos orgulha muitas vezes’, afirmou, arrancando aplausos de empedernidos oportunistas que estão tão longe quanto ele daquele título”. Essa que foi a melhor declaração de Lula, que foi um verdadeiro afronte a direita que ataca o Foro de SP foi taxada como um mero show. O presidente da república afirma que socialista e comunista são elogios e o ND tem a capacidade de considerar isso negativo. 

Essa declaração coincide com o alinhamento de Lula com Cuba, Venezuela e Nicarágua, isto é, a tendência do governo é à esquerda. O Nova Democracia é incapaz de compreender isso. O próprio Lula criticou organizações da esquerda golpista que criticam seu governo. O ND então analisa o que seria a política de Lula: “A verdade é que, no País, esse discurso e os gerenciamentos oportunistas têm sido a forma mais eficaz de gerir o capitalismo burocrático em crise, justamente porque tenta imobilizar as massas ante o temor de que virá algo pior, enquanto o próprio oportunismo aplica as medidas da reação.” Aqui fica claro todo o golpismo da organização, Lula é na verdade uma forma de gestão do “capitalismo burocrático”, ele não é um presidente que tem um governo que tende a um confronto cada vez maior com o imperialismo.

A análise da Nova Democracia sobre o Foro de SP e sobre o governo Lula demonstra a total incompreensão da esquerda pequeno burguesa sobre a luta de classes. A luta dos países atrasados contra o imperialismo é totalmente desconsiderada. Para a ND só existe a revolução, talvez só a revolução no campo. A união dos governos dos países oprimidos contra o imperialismo não é nada. No fim essa tese leva a ND a lutar contra o governo Lula, em um momento em que a direita prepara mais uma investida golpista ao estilo de 2016, só que agora as consequências de um golpe vitorioso seriam muito piores.

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