Na tarde desta quinta-feira (15), o ministro Alexandre de Moraes autorizou a Polícia Federal a realizar buscas no gabinete e nas residências do senador Marcos do Val (Podemos-ES). O senador está sendo acusado de participar de obstruir investigações sobre os acontecimentos de 8 de janeiro, quando manifestantes, claramente apoiados por elementos do aparato de repressão, invadiram as sedes dos Três Poderes.
Em fevereiro, o senador chegou a acusar o ex-presidente Jair Bolsonaro e o ex-deputado Daniel Silveira de organizarem uma reunião, para lhe propor o envolvimento em um plano de um suposto “golpe de Estado”. Na época, do Val se atrapalhou todo, mudou sua versão e fez uma lambança tão grande que o próprio Moraes chamou a sua “denúncia” de uma “tentativa de golpe tabajara” – isto é, cômica, que não merecia ser levada a sério.
Se há algo que possa ser dito de do Val é isso: que não pode ser levado a sério. É um pobre coitado, eleito com o apoio do fenômeno eleitoral do bolsonarismo, mas que não tem apoio real da burguesia, nem do próprio Bolsonaro. É um deputado tão fuleiro que chamou a atenção, nesta semana, por ter votado contra um requerimento que ele próprio solicitou.
A imprensa burguesa, aliada número um das medidas repressivas de Moraes nem sabe o que falar para embasar a operação contra o presidente. Em um artigo do UOL/Folha de S.Paulo, lê-se a “terrível” acusação de o senador ter “disparado mensagens” (!) em massa contra Moraes. Aqui, o caso Daniel Silveira se repete como uma farsa ainda mais grotesca. O senador nem precisou ameaçar Alexandre Moraes de nada – a própria ideia de que ele tenha enviado mensagens criticando o ministro é apontado como algo criminoso.
Enquanto Moraes vai atrás do pobre coitado do Marcos do Val, as pessoas responsáveis pela invasão das sedes dos Três Poderes permanecem intocadas. O “Xandão do STF” se mostra bastante ágil para perseguir um zé-ninguém. Os generais, por outro lado, morrerão de velhos sem sequer receber uma intimação do rei careca do Brasil.