O bairro de Madureira possui uma gênese mui parecida com a de outros bairros do Rio de Janeiro. Com suas fases: colonial, agrária (rural mesmo).
A Fazenda de Campinho fora arrendada por Lourenço Madureira, e aí encontramos a justificativa para a nomeação do bairro.
Conhecido como “ Capital do samba”.
A “antiga fazenda” hoje abriga duas Escolas deste ritmo tão popular: PORTELA e IMPÉRIO SERRANO.
Este celeiro cultural- de Zaquia Jorge, Paulo da Portela, e Monarco da Portela; sendo (o último) o sambista escolhido para o nome oficial do Parque de 450 mil metros inaugurado em 2012 – vem sambando e padecendo diariamente, ao assistir seus habitantes: sob a angústia de um cotidiano estressante, entre assaltos e tiroteios.
O bairro sofre com problemas de infraestrutura, como, por exemplo, a paralisação funcional da escada rolante de pedestres (na passarela) da Estação Central ferroviária do bairro. E isso já ocasionou alguns óbitos em função do extremo cansaço que muitos transeuntes sentem ao subir a escadaria normal. Muitos já enfartaram. Nobre prefeito (Eduardo Paes), tal geringonça precisa voltar a salvar vidas!
Bairro que concentra um Polo comercial importante, onde o setor imobiliário vem explorando sobremaneira. Abriga o movimentado Madureira Shopping Rio, nascido em 1989, shopping tradicional que absorve população do entorno e dos demais redutos circunvizinhos.
Em contrapartida, dentro do histórico cenário evolutivo de tal espaço geográfico: há agruras, que resultam das forças contrárias oriundas do jogo jogado do poder público, que, por exemplo, permite o risco alto e diário de “pipocos” soltos pelo ar.
Vamos refletir lendo o recorte abaixo: “O sepultamento de Ester dos Santos foi marcado para as 8h. Já João Vitor Pereira Brander, 19 anos, será enterrado às 11h.
Nessa quinta (6), a mãe de Ester, Thamires de Assis dos Santos, esteve no Instituto Médico Legal (IML) para o reconhecimento e liberação do corpo. Com um urso de pelúcia da filha, ela chorava no banco da recepção.
“Meu Deus, por que isso?! “A minha menininha, a minha menininha. Eu perdi a minha menininha. Ôh meu Deus!”
Este pano de fundo devastador fere o cotidiano de pessoas que vem perdendo a liberdade vital de ir e vir. Elas apenas esperam pela bala da roleta russa vigente; e assim vivem a mercê das migalhas de um estado de coisas desumano; onde a política partidária e seus asseclas dão as cartas para manter o pobre povo: desinformado e calado morando ao lado do perigo e respirando o ar tóxico do abandono: econômico e social.
Quando a atriz fundadora de um teatro de Revista em Madureira morreu afogada na Barra da Tijuca (prematuramente) aos 33 anos, em 1957, um samba em sua homenagem: “Madureira chorou”.
E no último dia 05 do corrente, uma criança foi atingida (no coração do bairro), com um tiro na cabeça. Assim como o entregador de 19 anos, que também morreu da mesma forma, em meio aos confrontos nos redutos comunitários.
O samba Madureira chorou foi composto para homenagear Zaquia Jorge, a atriz/vedete que fundou o teatro que trouxe luz artística ao bairro histórico.
E no quinto dia do mês que se comemora a Ressurreição de Cristo foram subtraídos do cenário madureirense, e do cenário da vida: seres humanos. E novamente Madureira chorou…
Foram mortos pelo descaso do poder público, que se perpetua ignóbil em termos de contrato social. Que Páscoa dolorosa para os parentes enlutados. Que devem estar se perguntando:“Por quê”?
#ValReiterjornalismohistórico