O Airbus A330-200 (C-30) de matrícula FAB-2902, maior avião da FAB, fez parte da escolta da comitiva do presidente Luís Inácio Lula da Silva, composta por empresários e políticos. A rota do presidente é Abu Dhabi, Xangai e Pequim, e posterior retorno ao Brasil.
“Nós vamos consolidar nossa relação com a China, eu vou convidar o [presidente] Xi Jinping para vir ao Brasil, conhecer o Brasil numa reunião bilateral, para mostrar os projetos de interesse. O que nós queremos é construir parceria com os chineses, fazer sociedade com os chineses, para que eles possam fazer investimentos em coisas que não existem, uma nova rodovia, ferrovia, hidrelétrica, uma coisa que signifique algo novo para o Brasil”, afirmou Lula.
Conforme agenda presidencial divulgada pelo portal do Planalto, publicada em 12/04/2023, 14h08, atualizada em 12/04/2023, 12h20, às 7 da manhã de terça-feira (11), a comitiva presidencial parte para Lisboa, chegando às 19:40h no Aeroporto Humberto Delgado; às 21:40h parte para Abu Dhabi, chegando no Aeroporto Internacional de Abu Dhabi às 7:40 de quarta-feira (12), de onde sai, às 9:40h para Xangai, chegando às 21:30 nesta cidade portuária chinesa, no Aeroporto Internacional de Xangai Hongqiao.
Na quinta-feira (13) Reunião com a Presidência do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD) – horário local (+11h), o que marca a posse da presidenta Dilma Rousseff no NBD, em Xangai. A presidenta do NBD, após a rápida reunião com a comitiva brasileira, oferece, às 12:15h, um almoço oficial do NBD ao estadista brasileiro em Xangai. Após 4 atividades Lula participa do jantar oferecido a ele, às 19h, pelo Secretário-Geral do Partido Comunista em Xangai, Chen Jining, de onde parte para Pequim, para tratar, entre outros assuntos, na sexta-feira (14), da fábrica da Ford, na Bahia, que foi “abandonada” pela burguesia americana como que uma espécie de retaliação ao Brasil.
Além de dar uma resposta à burguesia americana, de maneira secundária porém incisiva, mostrando mais um capítulo das crescentes contradições entre o Brasil e o imperialismo americano, enfraquecendo, portanto, a hegemonia imperialista capitalista neoliberal americana na América Latina, o presidente Lula visa atrair a atenção da burguesia investidora chinesa para o Brasil, especificamente a atenção de uma montadora de carros elétricos chinesa.
A antiga fábrica da Ford em Camaçari (BA) vai para as mãos dos chineses. O governo negociou com a montadora chinesa BYD Auto a retomada das instalações. Quem confirmou esta notícia foi o ministro do Trabalho, Luiz Marinho. Em uma postagem no Twitter.
Legenda: BYD modelo Yuan Plus, SUV 100% elétrico chinesa. Foto: Reprodução
A burguesia brasileira já importa os carros dessa montadora e revende no Brasil. Os carros têm avaliação positiva no mercado brasileiro. Lula não inventou nada de sua cabeça, foi ideia da própria burguesia brasileira buscando trazer novidades para o Brasil, porém de maneira incipiente. Com a vinda da fábrica para o país o preço dos carros tende a cair porém grande parte dos lucros vai para os cofres chineses. O modelo mais barato, hoje, no mercado interno, a SUV Yuan custa a partir de R$ 269 mil; a única maneira dos preços caírem sem gerar lucros exorbitantes para a burguesia é a empresa estando nas mãos da classe trabalhadora, que participa da montagem dos carros e não tem dinheiro para comprar o que fabrica.
“O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que vai discutir com o presidente chinês, Xi Jinping, o investimento em novos ativos chineses no Brasil.”, conforme destaca em matéria do portal progressista de esquerda, 247.
“Eu quero que os chineses compreendam que o investimento deles aqui será maravilhosamente bem-vindo. Mas não para comprar nossas empresas. [E sim] para construir coisas novas, que nós precisamos. O que estamos precisando não é vender os ativos que temos, é construir novos ativos. É disso que eu quero convencer os meus amigos da China”, citado por Lula na quinta-feira (6).
Em nossa análise acertou o presidente Lula fortalecendo o país frente às investidas agressivas e covardes do imperialismo americano contra os países com capitalismo atrasado, como é o caso do Brasil bem como de todos os países da AL; contudo, a linha principal que Lula deveria seguir em seu governo é que a fabrica deveria ser reestatizada pelo governo brasileiro e colocada sob o controle dos trabalhadores brasileiros, pois, tanto a burguesia brasileira quanto a burguesia chinesa são, em última análise, inimigas das classes trabalhadoras da China e do Brasil, e visam preferencialmente, senão unicamente, o lucro próprio, deixando como secundário o desenvolvimento homogêneo de toda a população dos dois países. A classe trabalhadora brasileira tem competência para administrar e dar lucro a qualquer empresa nacional, pois, na prática, ela já faz isso; e tem tido, contudo, sua participação nos lucros das empresas negada pela burguesia.
