A posse do novo Congresso e as eleições para as mesas da Câmara e do Senado, pouco mais de um mês da posse do novo governo Lula, define – de certa forma – as diretrizes da situação política.
Fica ainda mais evidente que Lula está cercado de golpistas, por todos os lados.
No dia 8 deste mês, a direita bolsonarista, com apoio dos militares – e a falta de iniciativa de setores do próprio governo Lula – deu uma demonstração de força. Agora, na eleição para a Câmara, acabou eleito o deputado Artur Lira (PP-AL) que há poucas semanas era cabo eleitoral de Bolsonaro e, no Senado, o candidato bolsonarista, senador Rogério Marinho (PL-RN), obteve cerca de 40% dos votos, quando há quatro anos não contava com 5% de apoio entre os senadores.
No próprio governo, há sete ministros que votaram a favor do golpe que derrubou a presidenta Dilma. Dentre eles, estão Geraldo Alckmin, Simone Tebet e Marina Silva. E há outros sete, que não se pronunciaram contra o golpe.
Em sua maioria, eles são integrantes da chamada “terceira via”. Políticos da direita que fracassaram em obter apoio para uma alternativa à polarização política que cresce no País, entre a esquerda, liderada pelo PT de Lula e integrada por outros setores, como o PCO, PSOL, PCdoB etc. e poderosos movimentos dos explorados, como a CUT, MST, CMP etc., por um lado; e pelo bolsonarismo, do lado da chamada extrema-direita.
A direita tradicional (“terceira via”) procura se infiltrar no governo Lula, após ter articulado, apoiado e/ou comemorado a própria prisão de Lula por 580 dias e a cassação de seus direitos políticos, o que garantiu a fraude da eleição de Bolsonaro, em 2018.
Atuam com a venal imprensa capitalista para defender o regime golpista. Por isso, protestaram dias atrás quando Lula tratou Temer como corresponde: como golpista.
“Tudo que fiz de política social durante 13 anos de governo foi destruído em 7 anos. Três do golpista Michel Temer e 4 do governo Bolsonaro”, disse Lula.
Após ocuparem os ministérios e postos importantes do governo, eles estão trazendo para a nova administração centenas de elementos que serviram em cargos de confiança nos governos Bolsonaro e Temer.
A burguesia usa os seus infiltrados em postos para atacar o governo Lula com “denúncias” e acusações, como se viu nos últimos dias em relação aos ministros das Comunicações e do Turismo, notórios direitistas.
Lula precisa se precaver com os flancos abertos em seu governo, pois por pressão da direita foi forçado a colocar gente do tipo menos confiável possível ao seu lado. E a soma de números positivos com negativos dá sempre um resultado menor do que o valor da parcela positiva.
A direita vai demarcando posições, como fez na eleição do Congresso, onde se fortaleceram o “centrão”, a terceira via e o bolsonarismo, todos inimigos de um governo voltado ao atendimento das demandas populares.
A esquerda precisa deixar de lado as ilusões nas instituições carcomidas do regime golpista e impulsionar a única força capaz de encaminhar uma alternativa independente dos trabalhadores diante da crise, como buscam fazer setores cada vez mais amplos que vão se articulando em torno da convocação da Conferência Nacional dos Comitês de Luta, convocada para abril