Nessa segunda-feira, dia 13 de fevereiro, o Diário Causa Operária transmitiu em seu canal do YouTube, em parceria com o canal do comandante Robinson Farinazzo, o programa Análise Internacional. Tradicionalmente apresentado por Rui Costa Pimenta, contou com a presença de Eduardo Vasco e de Henrique Simonard, além do próprio comandante.
O principal tema da Análise foi a ida do presidente Lula para os Estados Unidos, em que comentou sobre a guerra na Ucrânia e assinou um documento em conjunto com o Joe Biden. Na visita aos Estados Unidos, Lula concedeu entrevista à CNN e anunciou que também fará uma visita à China.
O companheiro Robinson Farinazzo começou fazendo um apontamento sobre como a imprensa distorceu as posições do Lula. Nas palavras do comandante, “estão tentando definir o campeonato inteiro apenas nos dois minutos iniciais da primeira partida”. Ele se referia aos discursos feitos pelo presidente brasileiro, de tom pacifista, que a imprensa burguesa procurou apresentar como se fossem um alinhamento à Ucrânia. No entanto, evidentemente, eles não tinham esse caráter, pois, apesar de criticarem a Rússia, Lula também criticou Zelensky, a atuação dos EUA na Guerra do Vietnã e, o mais importante, se negou a enviar armas aos ucranianos. Portanto, a versão de que Lula teria se alinhado ao imperialismo, que é apresentada pela imprensa e por setores muito confusos, não é verdadeira e não tem nenhum sentido.
Concordando com Farinazzo, Rui Pimenta adicionou alguns comentários à análise do companheiro.
“A declaração que o Lula tirou nos Estados Unidos é uma declaração protocolar, eu não vi nenhuma novidade. O que o Lula falou da Ucrânia quando aconteceu a operação militar há um ano? Falou que não podia concordar com nenhum país que invadisse outro, mas que entendia que o pessoal tinha forçado a barra. Que ele falou diferente? Outra coisa seria se ele falasse, depois de um jantar com o Biden, de se juntar ao esforço internacional contra a Rússia”.
Além disso, Rui comentou sobre o Fundo Amazônia, que também não é nada de mais. Finalmente, é um fundo controlado pelo Brasil e que não dará nenhum controle dos Estados Unidos sobre o território – apesar de ser uma política ruim, ela não é, de modo algum, algo que se pudesse caracterizar como própria de um capacho do imperialismo.
O mais importante é tentar entender o que Lula buscou fazer nos Estados Unidos. Ao que tudo indica, o presidente brasileiro entende que se chegasse a um acordo com o imperialismo – feito segundo seus termos, sem ceder nada –, conteria a oposição doméstica. Afinal, todos os opositores de Lula – o Banco Central independente, a imprensa burguesa, etc. são intermediários dos norte-americanos –, portanto, para o petista, faria mais sentido conversar diretamente “não com os porcos, mas com o dono da porcada”, nas palavras de Rui.
No entanto, ele não se alinha em nenhum sentido com o imperialismo na política externa – visto que, apesar de não defender abertamente a Rússia, de jeito nenhum adotou a política do capital norte-americano; ao contrário, negou-se a enviar armas à Ucrânia. Também, opõe-se duramente à burguesia na política econômica, uma vez que rejeita duramente o neoliberalismo e o combate duramente, como na questão dos juros e do Banco Central independente, o que inviabiliza tal acordo.
Também foi discutida a questão do terremoto na Síria. O companheiro Rui explicou que tal desastre natural expõe o quão criminosa são as políticas de sanções, que visam isolar a economia de um país do mercado mundial. Rui explicou que tais medidas são cruéis, porque todos os países são dependentes de maneira fundamental do mercado mundial em alguma medida; portanto, trata-se de uma política que busca torturar o povo visando revoltá-lo, levando a derrubada do governo local e sua substituição por um governo submisso.
Ou seja, é uma política criminosa, que fica evidenciada com especial relevo nesses momentos de desastres naturais e de grande crise humanitária.
Sobre a explosão do gasoduto Nord Stream, que levava gás da Rússia para a Europa, os companheiros discutiram a notícia do jornalista Seymour Rush – responsável por revelar o massacre de Millwall no Vietnã – de que mergulhadores da marinha norte-americana plantaram explosivos no gasoduto russo, que explodiu no ano passado.
O camarada Rui explicou que a participação dos Estados Unidos no acontecimento já era evidente, visto que os norte-americanos usam a guerra da Rússia contra a Ucrânia para submeter ainda mais a Europa a seu controle. Enquanto os únicos interessados na destruição do gasoduto que liga o país eslavo aos europeus eram os Estados Unidos, a participação deles na destruição da infraestrutura era passível de ser deduzida através da lógica.
A respeito da política de subordinação do imperialismo europeu, em particular do alemão, ao capital norte-americano, o companheiro Eduardo Vasco citou uma frase corrente durante a criação da OTAN: “O objetivo da OTAN é manter os americanos dentro, manter os russos fora e manter os alemães por baixo”.
Em relação ao caso dos balões chineses, abatidos pelos norte-americanos, o comandante Robinson fez uma ponderação importante: a China tem mais de 300 satélites, por que precisaria utilizar balões para esta empreitada? E, indo além, ainda há sempre a possibilidade de que os balões não sejam para espionagem, mas sim para meteorologia, por exemplo.