Petrobrás

Lula manterá política dos tubarões do petróleo às custas do povo?

A política de preços dos combustíveis precisa ser independente do "mercado" internacional, controlado pelos especuladores

  No dia 30 de dezembro do ano passado, Luiz Inácio Lula da Silva anunciou Jean Paul Prates (PT-RN) como o novo presidente da Petrobrás. Prates assumiu em 2007 a Secretaria de Estado de Energia e, em 2014, foi eleito suplente da Senadora Fátima Bezerra (PT-RN), assumindo o cargo em 2019 após a eleição de Fátima para o governo do estado.

Além disso, ele foi Coordenador de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis no Grupo Técnico de Minas e Energia do Gabinete de Transição e, na ocasião, defendia, mesmo que de maneira tímida, uma política de preços mais atrelada ao Estado. “Eu sempre tenho dito que política de combustíveis é um assunto de governo”, afirmou o ex-senador.

Entretanto, em pronunciamento na última quarta-feira (04), Prates descartou qualquer tipo de intervenção estatal nos preços dos combustíveis, ressaltando que os valores serão vinculados internacionalmente “de alguma forma”:

“Nunca ninguém falou em intervenção. O mercado é aberto, e a importação está aberta […] A Petrobrás não faz intervenção em preços. Ela cumpre o que o mercado e o governo criam de contexto. A Petrobrás reage a um contexto. A gente vai criar uma política de preços para os nossos clientes”, afirmou o ex-senador.

Caso se concretize, a manutenção do Preço de Paridade Internacional (PPI), mecanismo criado logo após o golpe, pelo governo Temer, representa um grave ataque aos trabalhadores brasileiros. Trata-se de um aparato que valoriza o lucro da estatal para beneficiar os seus acionistas, e não o povo: o preço do combustível, ao ser baseado no mercado internacional e no próprio dólar, muito mais valorizado que o real, vai às alturas e torna-se insustentável ao cidadão brasileiro, principalmente na crise pela qual passa o Brasil.

Em seguida, o preço elevado faz com que a Petrobrás lucre mais, algo que, em um caso mais simples, seria positivo ao Estado. Entretanto, a gigante energética não é completamente estatal e, desde o golpe, serve muito mais à especulação financeira do que aos trabalhadores, pois a maioria do que ganha é roubada do País por seus acionistas, que ficam com quase todo o lucro. Não é à toa que, hoje em dia, a Petrobrás é a empresa que mais paga dividendos aos seus acionistas. Tudo isso à revelia do povo brasileiro.

E isso é um roubo ainda maior quando levamos em consideração que quase 100% de todo o combustível utilizado pelo Brasil é produzido pelo próprio País. Ou seja, qual seria a justificativa de acompanhar o preço do petróleo no mercado internacional quando o nosso petróleo não tem nada a ver com o resto do mundo? Não há motivo concreto e, com isso, sobra a constatação de que é uma preferência dos imperialistas, e não um interesse do Estado nacional enquanto patrimônio popular.

Não é surpreendente que Jean Paul Prates defenda uma política de rapina como a que afirma defender. O ex-senador é sócio da empresa Carcará Petróleo que tem como atividade econômica principal registrada a “extração de petróleo e gás natural”. Ademais, é sócio de uma holding – uma intermediadora no investimento – que é sócia de duas empresas da área, a Bioconsultants Consultoria em Recursos Naturais e Meio Ambiente Ltda. e a Expetro.

Logo, tem interesses quase que declarados em manter a política de preços da Petrobrás como está, já que suas empresas se beneficiam diretamente por esse tipo de especulação. O conflito de interesses foi tão aparente que Prates afirmou que vai se desfazer de três das suas empresas, algo causado, também, pela pressão da imprensa burguesa que utilizou a Lei das Estatais para atacar o governo Lula.

Finalmente, fica claro que é um elemento completamente comprometido com o capital financeiro. A imprensa burguesa brasileira, entregue ao imperialismo e representante fiel de seus interesses no País, também não esconde a sua preferência por Prates. Nessa quinta-feira (05), o portal G1, da Globo, publicou uma matéria intitulada Jean Paul Prates é o melhor nome do PT para comandar Petrobras, avaliam conselheiros e mercado rasgando elogios à política neoliberal do novo presidente da Petrobrás:

“Na avaliação de economistas e dos executivos da própria petroleira, Prates entende muito do setor e ganha pontos ao não adotar um discurso intervencionista […] Segundo um economista, se a Petrobras será comandada pelo PT, é melhor que seja Jean Paul Prates – alguém que conhece o mercado e tem uma visão realista do papel da estatal”, escreve Valdo Cruz para o veículo.

E uma coisa é certa: se a imprensa capitalista, uma das maiores inimigas do povo, é favorável a determinada figura, então é preciso manter-se atento, pois significa, com toda certeza, que é um elemento atrelado à burguesia que defenderá em algum momento os seus interesses enquanto classe.

Para que Lula tenha sucesso em sua administração, para que consiga representar os trabalhadores e reverter a devastação que o golpe impôs sobre o Brasil, deve expulsar os inimigos do povo de seu governo. São elementos que, acima de qualquer coisa, servem para desmoralizar o petista frente ao povo ao levar adiante uma política anti-popular de ataque à classe operária, como é a de Prates.

Nesse sentido, manter a política dos tubarões do petróleo é um equívoco gigantesco. Uma política que valoriza o lucro dos patrões às custas do povo que, por meio de seu trabalho e de seu consumo, sustenta a política de especulação e de enriquecimento dos grandes capitalistas que querem desmembrar o Brasil de suas riquezas.

Antes, Lula deve convocar figuras ligadas à luta popular, pessoas que representarão os trabalhadores e que levarão adiante a luta da classe operária que, atrelada à mobilização do povo, podem derrotar os golpistas e instituir um governo cada vez mais progressista.

Gostou do artigo? Faça uma doação!

Rolar para cima

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Diferentemente de outros portais , mesmo os progressistas, você não verá anúncios de empresas aqui. Não temos financiamento ou qualquer patrocínio dos grandes capitalistas. Isso porque entre nós e eles existe uma incompatibilidade absoluta — são os nossos inimigos. 

Estamos comprometidos incondicionalmente com a defesa dos interesses dos trabalhadores, do povo pobre e oprimido. Somos um jornal classista, aberto e gratuito, e queremos continuar assim. Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Diferentemente de outros portais , mesmo os progressistas, você não verá anúncios de empresas aqui. Não temos financiamento ou qualquer patrocínio dos grandes capitalistas. Isso porque entre nós e eles existe uma incompatibilidade absoluta — são os nossos inimigos. 

Estamos comprometidos incondicionalmente com a defesa dos interesses dos trabalhadores, do povo pobre e oprimido. Somos um jornal classista, aberto e gratuito, e queremos continuar assim. Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.

Quero saber mais antes de contribuir

 

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.