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"Hamas não é terrorista"

Lula deveria ter aulas de política internacional com Erdogan

Erdogan adota posição muito mais sóbria diante do massacre sionista contra a população palestina. Lula deveria seguir na mesma direção.

A Turquia faz parte da Otan desde 1952, servindo como base para os Estados Unidos manterem mísseis nucleares na fronteira da Rússia. Até hoje o país abriga a maioria dos mísseis nucleares norte-americanos na Europa. No entanto, o governo de Recep Erdogan mantém já há alguns anos uma postura menos antagônica e mais ambígua em relação à Rússia. Ao invés de operar como marionete do imperialismo, a Turquia articula suas relações conforme seus próprios interesses nacionais, o que inevitavelmente a coloca em contradição com a dominação imperialista.

Nessa quarta-feira, Erdogan defendeu o Hamas diante do parlamento turco, dizendo com todas as letras que “o Hamas não é uma organização terrorista, é um grupo de libertação, mujahedin travando uma batalha para proteger suas terras e povo”. O termo mujahedin é árabe e significa “guerreiros santos”. Uma defesa contundente, num país com população quase que inteiramente muçulmana, e que obviamente deixou os sionistas revoltados. Após uma série de aproximações econômicas entre Turquia e Israel, diante do massacre na Faixa de Gaza o governo turco decidiu estabelecer um limite intransponível nas relações com Israel. Nessa semana também cancelou viagem para Israel por conta desse massacre.

Erdogan segue a tendência que vai se estabelecendo nos demais países da região. A classificação de “terrorista” atribuída ao Hamas graças às “fake news do bem”, propagadas pela imprensa imperialista e seus capachos, vem se mostrando uma farsa para um número crescente de pessoas. Os relatos de civis israelenses libertados pelo Hamas contribuiu muito para jogar no descrédito as tentativas de equiparar os militantes do grupo a maníacos violentos e sanguinários.

O presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, contudo, vai na contramão dessa tendência, conforme expresso em seus perfis nas redes sociais no dia 7 de outubro.

Na ocasião, o presidente brasileiro classificou a ofensiva do Hamas e demais grupos guerrilheiros na Palestina como “ataques terroristas”, acrescentando que reafirmava seu repúdio “ao terrorismo em qualquer de suas formas”. Uma capitulação imensa, que ignora que o povo palestino vive sob ocupação militar há muitas décadas. A comparação da Faixa de Gaza com um campo de concentração não é nenhum exagero, mas uma constatação da condição desumana a qual o povo da região é submetido. “Gueto de Gaza” seria um nome perfeitamente adequado. De maneira similar, seria como condenar os ataques “terroristas” das milícias populares contra as ocupações nazistas na Segunda Guerra Mundial.

Na sua fala diante do parlamento, Erdogan destacou um ponto fundamental na política turca, sua independência: “O Ocidente considerou o Hamas uma organização terrorista. Israel, o Ocidente deve-lhe muito, mas a Turquia não lhe deve nada”. Na mesma linha, podemos também afirmar que o Brasil não deve nada de nada para Israel. Por que então o governo mantém uma postura tão covarde? Qual o ganho político possível de uma capitulação desse tamanho diante do regime de opressão mais brutal do mundo moderno?

Sem cair no conto de que os israelenses são as vítimas no conflito atual, Erdogan relembrou ao parlamento algo que disse ter afirmado diretamente a Benjamin Netanyahu: “Israel está matando crianças. Nunca poderemos permitir que essas crianças sejam mortas. Disse isto ao primeiro-ministro deles uma vez, em Davos, disse-lhe que sabe matar muito bem”. Após colocar todos os pingos nos “is”, o presidente turco apelou para um cessar-fogo imediato, convocando os demais países muçulmanos a agir conjuntamente para “garantir uma paz duradoura na região”.

O exemplo turco mostra que é possível Lula manter seu discurso pacifista, que é de fato sua política, e ao mesmo tempo apresentar uma leitura sóbria em relação à natureza do conflito. Não estamos diante de uma disputa de fronteiras entre países, muito menos uma disputa em pé de igualdade. Os sionistas impõem uma política colonial ao povo que já habitava a Palestina, uma política de segregação racial, que mantém os árabes como cidadãos de segundo escalão. Uma verdadeira monstruosidade. Defender que esse povo engula quieto a humilhação e violência cotidianas não é defender nenhuma paz, mas ser cúmplice desses crimes contra a humanidade.

Lula, que começou seu governo demonstrando independência na política externa, contrariando as diretrizes impostas pelo imperialismo, tem muito a aprender com Erdogan nesse sentido. Quanto mais capitular diante do imperialismo, menos independência vai ter para desenvolver uma política externa que atenda aos interesses nacionais. A Turquia não deve nada a Israel, o Brasil muito menos.

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