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Polarização

Lula: “Brasil tem que ser governado para a maioria do povo”

Na posse de Mercadante no BNDES, Lula discursou para aumentar a polarização, buscando aproximar o empresariado para o enfrentamento aos banqueiros e ao imperialismo

Ontem, dia 6 de fevereiro, tomou posse no Rio de Janeiro para a presidência do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) o economista Aloizio Mercadante (PT). A cerimônia foi marcada pelo discurso do próprio Mercadante e por uma fala do presidente Lula, que em diversos pontos demonstrou novamente o caráter político de seu governo, ainda confuso para muitos setores, com declarações categóricas sobre a situação política e econômica do Brasil.

No início de sua fala, Lula denunciou a campanha de difamação, uma série de mentiras contadas a respeito do BNDES, denunciando ainda os meios de comunicação da burguesia, que “muitas vezes preferem privilegiar a mentira do que tentar procurar saber a verdade.” Ressaltou o papel do banco no desenvolvimento nacional e internacional, tendo financiado “serviços de engenharia de empresas brasileiras em nada menos que 15 países da América Latina e do Caribe entre 1998 e 2017.” Além de apontar que de R$10,5 bilhões financiados, o banco já recebeu R$12,8 bilhões, dando lucro além de gerar empregos e desenvolvimento econômico. O presidente também indicou que 97% do investimento indireto por meio da rede bancária se direcionou a pequenas e médias empresas, ao mesmo tempo declarando ser necessário aumentar significativamente o volume dedicado a esse setor, além de declarar ser necessário privilegiar as micro e pequenas empresas. Indicou ainda que a inadimplência para com o BNDES ao final de seu segundo governo era de 0,01%, enquanto a média no setor financeiro era de 2,9%. Ao fechar esse ponto, colocou que a partir da fundação do banco, em 1952, prestou enormes serviços ao povo brasileiro — que foram destacados durante a fala de Aloizio Mercadante, o qual falou sobre o papel central do BNDES na industrialização do Brasil — e ressaltou que o banco continuará prestando esses serviços e desempenhando esse papel durante seu governo.

A responsabilidade social é mais importante

Após essa introdução, Lula iniciou a polêmica com o setor financeiro: “a palavra estabilidade é importante, a palavra previsibilidade é importante, a palavra responsabilidade fiscal é importante, a palavra responsabilidade social é mais importante ainda e a responsabilidade política é importante”, e disse ainda que o central é saber qual delas se vai privilegiar, “decidir pra que lado a balança vai pender em determinado momento”. E que “se nós temos uma dívida fiscal de 20 anos, 30 anos, 40 anos, nós temos uma dívida social de 100 anos, de 200 anos, uma dívida social impagável. Impagável se a gente não colocar como prioridade essa dívida social.”

A explicação é: o golpe

A situação do país também foi denunciada de maneira frontal pelo presidente, e sua visão de que só é possível a economia crescer se o povo crescer, ou seja, que o crescimento econômico é o desenvolvimento do país, e não o aumento dos lucros de banqueiros e especuladores financeiros. A calamidade em que o povo foi jogado e a destruição econômica, ambos fruto do Golpe de 2016 e da Farsa Eleitoral de 2018, ainda que sem mencionar tais acontecimentos diretamente, foram denunciados. “Vamos analisar uma coisa: todos nós festejamos que em 2012 o País saiu do mapa da fome indicado pela ONU. Qual é a explicação de 10 anos depois a gente voltar a ter 33 milhões de pessoas passando fome? Qual é a explicação de a gente ter pelo menos 105 milhões de pessoas com algum problema de ausência de proteína no corpo? Qual é a razão de esse país ter sido a sexta economia do mundo e ter voltado para a décima terceira economia do mundo?”

A denúncia da destruição do golpe ainda abordou a diminuição gigantesca no volume de investimentos do BNDES, que em 2013 chegou a R$190 bilhões e, em 2021, R$64 bilhões.

Capital financeiro, entrave para o desenvolvimento

O presidente foi claro a respeito ainda da questão salarial, com destaque para o mínimo: “É possível a economia crescer se o povo continua pobre e miserável? Sabe quantos anos faz que não aumenta o salário mínimo? Sete anos!” Lula ainda denunciou a questão do piso das categorias, como dos professores e enfermeiras, além da defasagem salarial no setor público em geral e a pressão contra os aumentos que vem, em especial, do capital financeiro.

Lula centralizou o papel de sabotagem econômica dos bancos e do capital financeiro em geral durante o discurso, e deu destaque para o problema da taxa de juros, que trava o investimento: “É para isso que o BNDES pode contribuir para fazer com que a taxa de juros caia […] porque não tem explicação para que a taxa de juros esteja a 13,5%!” Adicionando: “como os empresários […] vão investir se não conseguem tomar dinheiro emprestado?” E reforçou: “o juros alto não combina com a necessidade de crescimento que nós temos.”

O papel dos bancos públicos

Não apenas o papel dos bancos públicos para o desenvolvimento industrial, mas também na infraestrutura foi destacado, apontando a necessidade de o BNDES ter participação ativa nos estados e municípios, que contam com “quase 14 mil obras paradas, das quais 4 mil só na área da educação, além de várias estradas que estão paradas, adutoras”.

“O BNDES precisa urgentemente, companheiro Aloizio, […] que você faça esse banco voltar a ser o banco indutor do desenvolvimento, do crescimento econômico desse país.”

“Eu acho que esse banco, que o Banco do Brasil, que a Caixa Econômica, que o BNB [Banco do Nordeste] e o Basa [Banco da Amazônia] foram criados exatamente para isso.”

A crise de 2008 foi um exemplo dado por Lula da importância desses investimentos, que permitiram ao Brasil passar pela crise sem nem perto do impacto sofrido por outros países.

Contra a pressão golpista

Sobre o ato do dia 8 de janeiro, em Brasília, Lula disse que foram realizados por ricos que não aceitaram perder a eleição e arrematou com uma declaração de gelar qualquer banqueiro: “nós não podemos brincar, porque um dia o povo pobre pode se cansar de ser pobre e pode resolver fazer as coisas mudarem nesse país. Eu ganhei as eleições exatamente para fazer as mudanças que não eram feitas. Se nós conseguirmos decepcionar esse povo e o povo passar a desacreditar em nós, eu fico pensando no que será desse país. Esse país não pode continuar sendo governado para uma pequena parcela da sociedade, esse país precisa ser governado para a grande maioria do povo brasileiro.”

Polarização aumenta

A última parte do discurso foi centralizada no papel dos empresários e como seus interesses estão contrários ao do setor financeiro, novamente batendo na tecla dos juros.

“A classe empresarial precisa aprender a reivindicar, precisa aprender a reclamar dos juros altos, porque quando o Banco Central era dependente de mim todo mundo reclamava. O único dia que a Fiesp falava era quando aumentava os juros.” Denunciando ainda que: “Agora eles não falam, no meu tempo 10% era muito, hoje 13,5% é pouco. Se a classe empresarial não se manifestar, se as pessoas acharem que vocês estão felizes com 13,5%, eles não vão baixar os juros.” E arrematou: “Não existe nenhuma justificativa para que a taxa de juros esteja nesse momento a 13,5%. É só ver a carta do Copom [Comitê de Política Monetária] para a gente ver que é uma vergonha esse aumento de juros e a explicação que eles deram à sociedade brasileira.”

Lula buscou polarizar o empresariado nacional contra o imperialismo e os banqueiros, uma colocação positiva, especialmente com a denúncia do mercado financeiro. Ainda assim, ele não pode se apoiar nessa consideração, é necessário cuidado, pois os empresários são um setor que muito facilmente muda seu alinhamento.

Uma política nacionalista

O fechamento do discurso de Lula reiterou seu compromisso com o desenvolvimento da economia nacional, recolocando o papel dos investimentos. “A economia brasileira precisa voltar a crescer, é urgente ela voltar a crescer, e só tem dois jeitos de ela voltar a crescer: ou a iniciativa privada faz investimento, e ela só faz investimento se tiver demanda, ou o Estado incentiva a iniciativa privada a fazer colocando primeiro a mão na massa. E é esse o papel do nosso governo, colocar a mão na massa para o País voltar a crescer.” Novamente se demonstra que os setores que acusam Lula de alinhamento ao imperialismo fazem, esses mesmos setores, a política do imperialismo na busca de enfraquecer o governo, que precisa do apoio do movimento popular organizado para conseguir se manter frente à ameaça golpista, e para levar, sob a pressão das massas, as suas reivindicações à frente.

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