Na última semana, veio à tona uma resolução do Conselho Nacional dos Direitos das Pessoas Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais, Queers, Intersexos, Assexuais e Outras (CNLGBTQIA+) que continha uma série de orientações para as instituições de ensino. Entre elas, constava que as escolas deveriam, “sempre que possível”, instalar “banheiros de uso individual, independente de gênero”.
A resolução não partiu diretamente da presidência da República, nem mesmo do próprio Ministério dos Direitos Humanos, que abriga o Conselho. No entanto, o documento já foi suficiente para que a extrema-direita saísse propagando que o governo Lula estaria implementando “banheiros unissex” nas escolas.
A reação do governo foi a pior possível. Em vez de explicar claramente qual a sua posição sobre o assunto, o Ministério dos Direitos Humanos decidiu mover uma ação contra o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) por “fake news”.
É um desastre. E o resultado não poderá ser outro a não ser uma indisposição com o conjunto da população.
A política dos identitários para os LGBTs não é apoiada pela maioria do povo. Não só porque a maioria da população tem ideais conservadoras em relação aos costumes, mas também porque a política dos identitários é completamente inviável. Incentivar que homens que se “sintam” mulheres entrem em banheiros femininos é simplesmente inaceitável para as mulheres. É uma política sem pé nem cabeça. E tudo só fica pior quando os identitários procuram impor suas ideias “de baixo para cima”, de maneira autoritária, sem nenhuma discussão.
O único efeito possível com esse tipo de política é fornecer munição para que a extrema-direita ataque o governo e mobilize parte da opinião pública a seu favor.
O governo Lula não tem nada a ganhar contemporizando com os identitários. Pelo contrário: trata-se de um flanco aberto para a política do imperialismo e um terreno fértil para que a extrema-direita se mobilize contra o governo.