O jornal golpista Estado de S. Paulo publicou um editorial nessa terça-feira (12) chamado “A Lava Jato 2.0”, onde tenta relacionar o que fez a operação Lava Jato na época em que foi usada para perseguir o PT e colocar Lula na cadeia com as medidas Judiciais do STF de hoje, principalmente contra os bolsonaristas.
“Há algum tempo se verificam perigosas semelhanças entre os métodos utilizados na Operação Lava Jato e o que vem fazendo o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), no âmbito dos inquéritos das milícias digitais e atos antidemocráticos”, afirma o editorial.
Não há dúvidas que os métodos usados por Moraes são muito semelhantes com os usados pela Lava Jato. Trata-se, em ambos os casos, do uso do Judiciário para a perseguição política. Para isso, passa-se por cima de qualquer procedimento, de todos os direitos, com o fim de punir aquele contra o qual a máquina está voltada.
Para justificar esses procedimentos anti-democráticos, usa-se um espantalho. Na época de Lula, era a corrupção, que nunca foi provada, agora é uma suposta luta contra o fascismo.
O que chama a atenção no editorial do Estadão, no entanto, não é a constatação – do mais, óbvia para qualquer pessoa que não esteja mal intencionada. Chama a atenção o cinismo típico dessa imprensa.
“Alexandre de Moraes não apenas parece indiferente a toda a jurisprudência relativa aos abusos da Lava Jato, como resolveu dobrar a aposta. No sábado passado, homologou a delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid e, em seguida, suspendeu a prisão preventiva do militar, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro.”
O que preocupa agora o jornal é o acordo de delação premiada fechado com Mauro Cid.
Quando a Lava Jato, para perseguir Lula, firmou uma série desses acordos, órgãos como o Estadão aplaudia e dava pulos de alegria. Agora, pedem cautela.
É importante dizer que a delação premiada, por si só, é uma aberração jurídica anti-democrática. Nesse sentido, sequer deveria existir e setores da esquerda que agora aplaudem por tratar-se de bolsonaristas deveria baixar a bola, não apenas porque antes foi com eles, mas porque nada garante que amanhã será a esquerda novamente sofrendo com tais arbitrariedades.
“É inquietante e muito constrangedora essa instabilidade do Judiciário, cuja orientação jurídica parece depender das circunstâncias políticas e de quem figura entre os investigados. A homologação da delação e a soltura de Mauro Cid ocorreram na mesma semana em que o ministro Dias Toffoli anulou todos os atos da Justiça tomados a partir do acordo de leniência firmado pela Odebrecht – e ainda classificou a prisão de Lula como “um dos maiores erros judiciários da história do País”.”
O Estadão faz essa descoberta agora, passados 5 anos da prisão de Lula. Agora, pede a cautela que não pediu na época. O cinismo é ainda maior porque o Estadão não considera realmente ter havido erros na Lava Jato, assim como desconsidera que no Brasil houve golpe em 2016. Isso porque apoio o golpe e apoio a prisão de Lula, entusiasticamente, sem titubear.
Se Lula levantar os erros mais do que óbvios da operação Lava Jato e do processo golpista, o Estadão é capaz de ataca-lo dizendo que o “petista quer mudar a história”, a “narrativa”, ou coisas do tipo.
Mas agora que são elementos da direita e da burguesia a sofrerem com os métodos medievais do STF, o Estadão é capaz inclusive de admitir que o que fizeram contra Lula foi um erro. É muito cinismo.
Mas esse cinismo serve para mostrar para a esquerda que não adianta apoiar os métodos lava-jatistas quando eles se voltam contra a direita. Primeiro pelos motivos que dissemos acima: eles hão de ser usados novamente contra a esquerda; segundo, porque simplesmente a burguesia sempre dará um jeito de aliviar para os seus.