O enfrentamento do imperialismo ao povo paquistanês já foi declarado. Em abril do ano passado, o então primeiro ministro e principal liderança popular do país, Imran Khan, foi derrubado através de um golpe de Estado, apoiado pelo imperialismo diretamente e por meio do exército local e da inteligência paquistanesa, subserviente sobretudo ao Reino Unido.
A partir daí, a ofensiva imperialista contra Khan só aumentou. Logo após ter sido derrubado criminosamente sob falsas acusações de corrupção, o exército paquistanês, capacho do imperialismo, em conjunto com as forças policiais começaram o plano para prendê-lo, pois, assim como Lula, ele só perderia a eleição caso não concorresse.
Nas palavras do ex-primeiro ministro, para garantir que não haveria reação pública, “eles fizeram duas coisas. Primeiro, espalharam terror não só nos trabalhadores paquistaneses, mas em todos os civis comuns. Segundo, controlaram e amordaçaram totalmente a mídia”. Palavras duras, mas que mostram uma pequena parte do que foi feito no Paquistão pós-golpe de.
Enquanto a campanha continuava, Khan levou multidões às ruas, com centenas de milhares de trabalhadores em cada aparição pública para seus comícios e passeatas quase que diárias. Como se deve fazer, Khan recusava apoio policial porque sabia que, na prática, a força de segurança de seu país não estaria com ele e com o povo. Quem fazia sua segurança eram os próprios trabalhadores, no corpo a corpo, deixando seu líder no meio deles.
Em agosto de 2022, Imran Khan foi enquadrado na lei anti-terrorismo, aparentemente pelo ato de terror de levar multidões às ruas, todos os dias, por meses – o que, de fato, aterroriza o imperialismo. Mesmo assim, não conseguiram levar em frente sua ofensiva até outubro, pouco tempo antes da eleição, quando a comissão eleitoral paquistanesa, também subserviente ao Reino Unido, cassou os direitos de concorrer a cargos públicos do ex-primeiro-ministro por cinco anos. A resposta de Imran Khan foi convocar uma longa marcha, marcada pelo mar de trabalhadores nas ruas paquistanesas que, junto a ele, marcharam de Lahore até Islamabad para forçar que as eleições acontecessem de forma antecipada, com ele concorrendo ao pleito que lhe era de direito.
Em novembro, poucos dias após a marcha, “coincidentemente” o líder político foi baleado, sendo atingido na perna e não podendo, em teoria, voltar às ruas – o que aconteceu por poucos dias, pois mesmo mancando, de muleta, e após ser tratado inicialmente, Khan retornou para o meio dos trabalhadores, convocando novos protestos e inflamando ainda mais a população a lutar por seus direitos políticos e pelas suas demandas populares.
A cartada final imperialista veio agora, em março deste ano, quando o exército tentou prender Khan em sua casa sem sucesso, pois a população cercou e não deixou ninguém entrar, mas poucos dias depois o prenderam nas ruas, colocando a força no camburão e levando para os quartéis. O que aconteceu a partir daí, no entanto, apesar da expectativa de que os protestos se acalmariam com o clima de terror imposto pela burguesia e pelo exército nas ruas, foi o oposto. Durante a manhã em que foi preso, a tarde, toda a madrugada e os dias que se sucederam o país foi abaixo em protestos infindáveis nas ruas.
Segundo o próprio Imran Khan, “agora o plano completo de Londres está claro”, acusando a inteligência paquistanesa, em conjunto com a inteligência britânica, de “usar o pretexto de violência enquanto eu (Imran Khan) estava na cadeira para Londres assumir o papel de juiz, júri e jurado”. O plano, segundo ele, era de o humilharem prendendo também sua esposa, Bushra Behum, por dez anos.
“Essa é uma tentativa clara de infligir tanto medo na população quando vieram me prender que se vierem de novo amanhã, eles esperam que as pessoas não saiam tanto às ruas. E depois eles vão suspender de novo e banir as redes sociais (que só estão parcialmente abertas).”