Entre os grandes adversários do governo Lula no primeiro semestre de 2023 está o Banco Central. O órgão, que deveria ser de controle do governo, já que interfere diretamente na política econômica do país, tem mantido a taxa de juros alta, no patamar de 13,75%, sem qualquer motivo real. Nos Estados Unidos, onde a situação da inflação é parecida, a taxa não chega a 5%.
Desde que começou a transição de governo, o presidente tem alertado para a importância de uma revisão da taxa de juros. Contudo, a burguesia joga contra o governo, travando o avanço da economia via Banco Central, que mantém a taxa de juros elevada.
A justificativa é que a manutenção da taxa de juros visa ao controle da inflação. Contudo, a estimativa de inflação para o ano de 2023 está abaixo dos 6%. Para 2024, a projeção da inflação é de 4%. Esses números põem a inflação brasileiro abaixo (sendo pessimista, igual) a inflação dos Estados Unidos. Ou seja, com a inflação baixa, não há motivo racional para que as taxas de juros estejam em quase 14%.
O que acontece é que, após o golpe de 2016, defende-se a ideia de um Banco Central “independente”. A verdade é que está independente do governo, ou seja, da vontade popular, já que o executivo é definido via eleições gerais, tornando-se submisso às vontades do mercado (da burguesia, seja ela nacional ou internacional).
Para piorar a situação, o atual presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, foi nomeado por Jair Bolsonaro, candidato derrotado nas eleições de 2022. Por motivos bizarros determinadas pelas instituições burguesas brasileiras, Lula não pôde retirar Campos Neto da presidência do BC e conduzir alguém de sua confiança para o cargo. Ou seja, Lula tem uma granada em seu bolso, um opositor dentro do governo.
Campos Neto é herdeiro direto do poder da burguesia brasileira. Neto de Roberto Campos, jocosamente chamado de Bob Field, economista que defendia os interesses da burguesia e do imperialismo. Neto seguiu o caminho do avô e comprometeu-se com a burguesia para cumprir o papel de ceifador do povo.
Nesse sentido, não se arreda da taxa alta de juros que impõe ao país, numa atitude autoritária e antidemocrática. Porque, de fato, é Campos Neto quem controla o crescimento da economia brasileiro, tendo poderes superiores ao do Presidente da República.
A imprensa burguesa, principalmente a Rede Globo, defende com unhas e dentes a posição “autônoma” do Banco Central, mostrando seu caráter autoritário o povo.
É preciso uma forte mobilização para retirar Campos Neto do Banco Central.