Foi noticiado na imprensa burguesa que oficiais de Justiça receberam ordens para realizar buscas a procura do ex-jogador Marcelinho Carioca. Por conta de uma dívida junto ao Hospital Sírio Libanês, onde a mãe do então atleta do Santo André fez um tratamento contra câncer, os oficiais foram acionados para verificar dois endereços, na rádio Top FM onde ele participava de um programa de esportes e junto à prefeitura de Itaquaquecetuba, onde atuou como secretário de Esportes.
Marcelinho estreou muito jovem pelo Flamengo, mas viveu seu auge jogando com a camisa 7 do Corinthians. Foi no clube paulista que ganhou o complemento de “Carioca”, para ser distinguido do outro Marcelinho do elenco, o “Paulista”. Jogador vitorioso e exímio cobrador de faltas, ganhou também o apelido de “Pé de Anjo” pela qualidade que tinha para chutar. Com exceção ao seu jogo de despedida com a camisa do Corinthians, encerrou a carreira pelo Esporte Clube Santo André, onde se originou a dívida.
Segundo a denunciante Cláudia Ferreira, a mesma ficou indevidamente com a responsabilidade sobre os custos médicos de tratamento de saúde emergencial para a mãe de Marcelinho, que acabou falecendo. O hospital entrou com processo cobrando os valores de Cláudia, que após condenação acionou o judiciário para receber R$ 123 mil do ex-jogador. Os relatos de Cláudia dão conta de que como advogada de Ronan Maria, ex-presidente do Santo André, resolvia questões particulares tanto dele quanto de pessoas ligadas a ele, o que seria o caso de Marcelinho. No momento da internação da sua mãe, ele estava em concentração com o elenco do clube.
Assim como acontece nas perseguições estimuladas pelos identitários, o ataque a pessoas famosas é promovido como se mostrasse que “ninguém está acima da lei”, que “a lei é para todos”. Uma falsa sensação de justiça para a população comum. O que essa campanha esconde é que se o autoritarismo do Estado atinge até figuras conhecidas, como ocorreu na absurda prisão de Lula, isso significa necessariamente um endurecimento na repressão cotidiana que os trabalhadores já sofrem. No caso dessa campanha repressiva contra inadimplentes, é evidente que se trata de uma política impulsionada pelos bancos, essas máquinas de extorquir a população.
A crise capitalista não aponta para qualquer recuperação econômica normal e o elevado número de pessoas endividadas é um reflexo dessa incapacidade de crescimento econômico no modelo econômico atual. Quem se beneficia dele são justamente os bancos, que promovem a política de terra arrasada do neoliberalismo e cobram essa fatura do povo com cada vez mais rigor. É preciso denunciar todo autoritarismo estatal, essa caçada contra inadimplentes ameaça gravemente aos trabalhadores mais pobres.