Organizações de jornalistas condenaram “com veemência” a censura imposta pelo Judiciário paranaense às reportagens publicadas no último sábado (2) sobre a delação do empresário Vicente Malucelli. Os artigos relatam um pedido de propina do presidente da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep), Ademar Traiano (PSD).
Assinam a nota a Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), a Associação Nacional de Editores de Revistas (Aner) e a Associação Nacional de Jornais (ANJ).
Segundo as entidades, “a Constituição Brasileira não admite qualquer espécie de censura prévia, bem como estabelece, em seu Artigo 220, parágrafo 1º, que nenhuma lei conterá dispositivo que possa constituir embaraço à plena liberdade de informação jornalística em qualquer veículo de comunicação social”.
“A ABERT, a ANER e a ANJ esperam a imediata revisão da censura prévia e da remoção das notícias anteriores, sendo assegurado o princípio da liberdade de imprensa, que é um dos fundamentos básicos da democracia.”
Além dessas organizações, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Paraná (Sindijor) também se pronunciou. Ele caracterizou a decisão judicial que determinou a retirada das reportagens do ar como “antidemocrática e um ataque violento à Constituição”, exigindo “a apuração imediata do suposto acordo que livrou os parlamentares envolvidos de responder criminalmente pelo caso em que teriam recebido propina para facilitar a vitória de uma emissora de televisão em licitação na Assembleia Legislativa”.
“A censura à imprensa priva a sociedade de ter acesso a informações de interesse público, como apontam os detalhes revelados até aqui, com fortes indícios de corrupção”, afirma o Sindijor.