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Caminho para o fascismo

Jornalista lamenta não haver caguetagem

Jornalista cobra que apareçam logo os dedos-duros contra Bolsonaro, como se fosse papel da esquerda se valer desse tipo de figura abjeta

Tortura

A caguetagem, que sempre causou desprezo nas pessoas, especialmente as de esquerda, está normalizada no Brasil, é o que mostra o artigo “Ainda falta o delator”, de Moisés Mendes, publicada no Brasil 247 neste 12 de maio.

Logo nos primeiros parágrafos, o autor diz que “Torcidas e expectativas se misturaram a previsões e adivinhações sobre o que seria a próxima etapa natural do cerco aos ajudadores de Bolsonaro / Viriam aí as delações inevitáveis, porque o delator é uma figura obrigatória de qualquer drama político no Brasil há quase duas décadas”, mas ninguém deveria estar na torcida, muito menos deveria achar natural, ou inevitável, as delações.

Quem tornou obrigatória a presença da do delator? Não é de hoje que as delações são conseguidas sob tortura. Essa foi uma marca da ditadura militar. Posteriormente, no infame julgamento do Mensalão, as prisões arbitrárias amplamente televisionadas foram se tornando o padrão. Policiais fortemente armados para prenderem civis, sempre com helicópteros sobrevoando e a grande imprensa de prontidão para dar o ‘furo de reportagem’; juízes se tornando estrelas; petistas algemados e linchados publicamente, tudo isso monopolizou os horários nobres das tevês.

A Lava Jato, dos não menos infames Sérgio Moro e Deltan Dallagnol, usou e abusou da prisão para conseguir delações e interferir em processos eleitorais. A esquerda cansou de denunciar esse abuso. Por que deixaria de denunciar agora? O fato de estarem usando isso contra nossos adversários políticos não muda nada. É tortura.

Provas?

O motivo de Sérgio Moro ter efetuado tantas prisões para conseguir delações se deve ao fato de não haver provas. Tanto é assim, que Lula foi condenado por “Atos de Ofício Indeterminados”. E como determinar uma pena para um crime indeterminado? Moro tentou converter um grande número de delações em prova.

Estão usando o mesmo artifício contra bolsonaristas e setores da esquerda estão aplaudindo. Talvez devessem pensar no que vamos ganhar se o Brasil continuar a ser transformado em uma terra sem lei. Amanhã, pode ser que a direita volte ao poder. E aí?

O seguinte parágrafo chama a atenção: “Ainda não há delatores, o que sugere o contrário do que a torcida vinha gritando. Não há gente tão fraca e apressada entre eles, até agora pelo menos, ou os riscos e custos seriam maiores do que os benefícios”. Quem delata por não suportar a tortura é fraco?

O deboche é simplesmente inexplicável ao dizer que “Além de entrar e sair quieto sobre seus chefes na tentativa de golpe de 8 de janeiro, Torres ressurgiu com a cara redonda e corada”.

Adaptação

A esquerda está se adaptando e copiando tudo o que faz a direita porque não pode ser normal se achar “frustrante a expectativa criada em torno de possíveis delações”, pois “não temos o que tivemos na CPI da Covid, quando delatores variados expuseram, com nomes, os esquemas dos vampiros civis e militares das vacinas, todos até agora intocáveis”.

O autor da matéria faz menção ao execrável Roberto Jefferson, “o patrono dos delatores, o decano da deduragem”, cujas “delações” deram início ao criminoso julgamento do Mensalão, tentando dizer que delatar agora pode ser um risco de morte.

Como se não bastasse, ameniza a figura de um ministro do Supremo Tribunal Federal ao dizer que “os delatores da Lava-Jato falaram sob a tortura das prisões preventivas, na definição de Gilmar Mendes”. Mas foi justamente Gilmar Mendes que jogou Lula nas garras de Sérgio Moro. Ou será que esse experiente ministro do STF não sabia o que estava acontecendo?

Espetáculo macabro

A matéria segue em um triste espetáculo descrevendo que Sérgio Moro teria delatado Bolsonaro, que por sua vez o teria delatado, no trecho “o ex-patrão acusou o ex-empregado lavajatista de traíra”, e lamenta que “hoje, não temos ainda nem mesmo um delator pela metade, como foi Sergio Moro”.

Para Moisés Mendes não importam as provas “podem até encontrar todas as provas (…) Mas o roteiro estará incompleto sem uma delação”. O que mostra haver setores da esquerda que enxergam a justiça como vingança. Se fizeram isso contra nós, faremos o mesmo contra eles. É lamentável.

O jornalista fecha seu artigo com chave de ouro: “Talvez seja cedo para que o golpe nos ofereça um Roberto Jefferson, um Alberto Youssef ou um Tacla Duran. / Precisamos ter paciência. Não pode ter chegado ao fim a era das grandes delações”.

Esse é o comportamento que vem se repetindo na esquerda. Basta ler os comentários de leitores nas matérias da imprensa independente, ou mesmo nos chats. Ministros do STF são elogiados e defendidos em suas ações mais arbitrárias.

O STF tripudia sobre a Constituição e só se ouvem aplausos, pois, supostamente, se está fazendo justiça ao cassar o perdão que Bolsonaro deu para determinado deputado da direita. Agora, já existem deputados exigindo que se casse o perdão dado a José Dirceu. Só não vê a realidade quem não quer.

A esquerda não pode abandonar seus princípios ou suas bandeiras históricas. Normalizar as arbitrariedades, os abusos de autoridade, não terão outra função que arar o terreno para o fascismo que, ao contrário do que muitos pensam, não está morto.

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