Em seu terceiro mandato, Lula tem defendido uma política externa profundamente progressista no sentido de que está se distanciando cada vez mais – e de maneira decidida – do imperialismo, sobretudo o norte-americano. Não é à toa que, desde que tomou posse, não só foi à China, como também se reuniu com o ministro de Relações Exteriores da Rússia e com Nicolás Maduro, presidente da Venezuela. Tudo isso em um momento em que o imperialismo torna-se cada vez mais agressivo em relação aos russos e chineses.
À medida que Lula avança com sua política, o imperialismo volta as suas baterias contra o presidente brasileiro, iniciando, ao que tudo indica, uma campanha que deve resultar em uma campanha abertamente golpista. Em sua edição de sexta-feira (23), o jornal francês Libération, estampou Lula em sua capa com a seguinte manchete: “Lula, a decepção”.
Ao longo do texto, a principal crítica do jornal imperialista a Lula é o seu posicionamento em relação à guerra na Ucrânia. Para os franceses, Lula estaria do lado do imperialismo, e não da Rússia e da China no que diz respeito ao conflito:
“O presidente brasileiro não é o precioso aliado que imaginávamos, especialmente quando se trata de ostracizar o novo pária do Ocidente: a Rússia, culpada de uma invasão intolerável da Ucrânia”, diz o jornal.
Mais adiante, em um tom mais agressivo, a publicação ataca Lula pela já citada visita de Maduro ao Brasil, indagando se o chefe do Executivo brasileiro não tem conhecimento dos supostos abusos cometidos no que os franceses caluniosamente chamam de a “República Bolivariana do Autoritarismo”.
O Libération demonstra uma desilusão em relação a Lula. Para o jornal – consequentemente, para um setor da burguesia imperialista -, esperava-se que Lula agiria como um “messias” no cenário internacional, ou seja, um fiel escudeiro dos EUA. Para a infelicidade do imperialismo e a felicidade dos povos oprimidos, a realidade é exatamente a oposta.
Mais adiante, o jornal ainda relembra, como se provocando o presidente, que Lula está com as “mãos atadas pelo Congresso”. “A verdadeira guerra que ele enfrenta ocorre no Congresso, e não em Bakhmut”, diz o jornal reproduzindo uma fala de Thomas Traumann à publicação.
O artigo do Libération não é, porém, um raio em céu azul. Nos últimos dias, outros jornais imperialistas vêm publicando artigos massacrantes contra Lula. Este Diário analisou com profundidade dois textos, um publicado no sítio do Global Americans, think tank imperialista parceira do patrão de Guilherme Boulos e financiada pela CIA, e outro publicado pelo Financial Times, jornal inglês. Ambos os veículos detonam o presidente brasileiro, confira abaixo:
Em suma, o artigo do Libération é ainda mais um indício de que está em marcha um golpe contra Lula. O imperialismo está deixando muito claro que não vai tolerar qualquer desvio de sua política, principalmente quando tais desvios significam uma aproximação à Rússia e à China. O problema é que, de maneira acertada, Lula também não está recuando em suas posições, deixando claro que, apesar dessa pressão, continuará se afastando dos EUA rumo a uma aliança cada vez mais ampla com os países atrasados.
É uma situação que tende a aumentar ainda mais a polarização no Brasil e a crise política envolvendo Lula e seu governo. Pode-se esperar uma ofensiva golpista explícita por parte do imperialismo, mesmo que não esteja claro, neste momento, de que maneira isso será feito.