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Sobre o partido revolucionário

Jones Manoel: mais antimarxismo

Novamente, youtuber do PCB tenta dar aula do que não sabe

Na semana passada, o blogueiro do PCB, Jones Manoel, fez um vídeo em seu canal do YouTube chamado “Há organização revolucionária no Brasil?”.

A essa pergunta do título do vídeo, o pretenso marxista responde a pergunta sumariamente: “não”.

E explica que não há partido revolucionário, mas pode haver partido com “potencial revolucionário” no Brasil. Diz isso para depois se aventurar na explicação do que seria, então, ter esse “potencial revolucionário”. Vamos por parte.

Já de início, é preciso dizer que diferença feita por Jones Manoel é meramente acadêmica. Para ele, uma organização é revolucionária apenas se ela for “operadora política de uma revolução”. Aqui, o acadêmico Jones ignora a realidade e a história.

Segundo essa ideia, deveríamos mudar toda a caracterização do movimento revolucionário até hoje.

Marx e Engels, por exemplo, não operaram nenhuma revolução. Segundo a concepção de Jones Manoel, nem eles, nem a Liga Comunista, nem o Partido Social Democrata Alemão fundado por eles, era revolucionário.

E os Bolcheviques? Segundo Jones Manoel, o Partido Bolchevique só pode ser considerado revolucionário no momento em que fez a revolução. Os anos de tradição da luta revolucionária, que Lênin, Trótski e outros reivindicam, nunca foram nada, segundo Jones. Na verdade, Lênin estava errado em considerar o Partido Bolchevique como revolucionário. É que Jones Manoel não estava lá para explicar que o correto seria dizer que os bolcheviques tinham apenas “potencial revolucionário”.

Jones Manoel não diz muito mais que isso para explicar sua diferenciação acadêmica. Podemos fazer um exercício e concluir que ele considera que partidos e organizações pequenos não podem ser revolucionários, já que não há partidos de massas no Brasil.

Mas essa argumentação também não estaria de acordo com a realidade. O movimento revolucionário russo começa com um grupo pequeno de pessoas no exílio. Mesmo assim, todas as frações dos marxistas russos consideravam que esse trabalho foi revolucionário e construiu o movimento revolucionário na Rússia.

A Liga Comunista, da qual faziam parte Marx e Engels, também não era uma organização de massas quando o Manifesto Comunista foi escrito. Uma pena Jones Manoel não estar lá para aconselhar os dois a mudarem o nome do manifesto. Poderia se chamar “Manifesto não comunista, mas com potencial revolucionário”.

Continuando sua argumentação, Jones Manoel coloca algumas características que ele considera essencial para que um grupo tenha “potencial revolucionário”.

A primeira delas, segundo ele, é ter “perspectiva de inserção na classe trabalhadora”. Segundo essa lógica, então, só tem “potencial revolucionário” quem está no meio dos trabalhadores ou ao menos tem essa “perspectiva”. Para Jones, isso significa que um dirigente de um partido, segundo suas sábias palavras, deveria conhecer Capão Redondo ou qualquer bairro da periferia. Essa seria a concepção do membro do PCB para ter inserção entre os trabalhadores.

Mais uma vez, faltou a Jones Manoel o conhecimento da história. Voltando ao exemplo russo. O grupo de revolucionários no exílio, pelo simples fato de estarem em outro país, não tinham inserção entre os trabalhadores, pelo menos não como quer Jones Manoel. Lênin e os outros revolucionários simplesmente não podiam estar no Capão Redondo da Rússia. Isso os transformava menos revolucionários? Segundo, Jones Manoel, sim. Segundo o próprio movimento operário russo e a história subsequente, não.

Marx e Engels também estavam no exílio na Inglaterra quando orientavam a política do Partido Social Democrata Alemão, o maior partido operário antes da Revolução Russa. Auguste Bebel, dirigente do partido, inclusive acusava os dois de “não conhecer a realidade alemã”. Um debate que Marx e Engels rejeitavam, mas que Jones Manoel concorda.

Outro ponto levantado por Jones Manoel é o de que um partido com “potencial revolucionário” precisa “produzir teoria revolucionária”. Apesar de parecer um obviedade, o que Jones Manoel quer dizer é que não basta repetir o que os marxistas falavam, uma ideia muito velha, repetida pelos inimigos do marxismo e do revisionismo, que insinuam que de algum modo aquilo não teria mais validade para hoje ou para a realidade brasileira. Essa é outra ideia acadêmica que acha que a teoria marxista é um conjunto de opiniões sobre alguns temas.

O marxismo não é isso. Ele é uma ciência que deve ser profundamente estudada pelo partido. A primeira tarefa de um partido revolucionário é justamente assimilar a teoria revolucionária, que deve ser fundamentada em um programa político que será aplicado de acordo com as condições concretas do país.

A terceira coisa, segundo Jones, é que o partido precisa sério, com disciplina, trabalho planejado e não é um clube de amigos. Isso é correto, mas colocado assim não passa de uma abstração. Lênin dedicou muitas linhas sobre a organização do partido. O problema é saber como fazer e efetivamente fazer. Não é simples e não basta apenas falar. Não basta apenas dizer “defendemos o centralismo democrático”, é preciso saber usá-lo de acordo com as necessidades impostas pela realidade.

Apenas falar que é leninista não significa que um partido seja leninista. 

No vídeo, Jones Manoel ainda tenta dar outra lição. Ele decreta, categoricamente, qual é a “cara da classe trabalhadora no Brasil”. E como não tem a menor ideia do que está falando, apela para a demagogia: “A classe trabalhadora é em sua maioria negra e feminina”.

Aqui, Jones mostra seu desconhecimento da classe operária brasileira, e diz: “o rosto da classe trabalhadora brasileira não é o operário do ABC de macacão”.

Para Jones, esse tipo de colocação parece bem esquerdista, mas aqui ele mostra ser um adepto da velha teoria burguesa e acadêmica de que “a classe operária não existe mais”.

Logicamente que a maioria dos trabalhadores brasileiros não estão no ABC. Mas o que Jones quer dizer com isso é que não é mais a classe operária que tem um papel fundamental, mas um trabalhador que ele não define bem qual é e nem sabe definir, apelando então para uma generalidade. Jones entra na onda dos ditos esquerdistas que não acreditam mais na classe operário, expressão de uma época reacionária, marcada pelo refluxo do movimento operário.

Diferente do que diz Jones Manoel o proletário típico é o que trabalha na fábrica. Esse é essencialmente o trabalhador operário, que no Brasil são milhões de pessoas. Muitos são negros, a maioria, muitas são mulheres, mas o problema não é esse. O problema que o marxismo explica é que a classe operária é o motor fundamental da revolução pela sua posição na própria economia. Esse é o problema que Jones Manoel ignora.

Falta a Jones Manoel não apenas o conhecimento básico do marxismo, mas da própria história do movimento operário.

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