No último dia 30, o veículo Mondoweiss, publicou a matéria “‘They shot her son in her arms and forced her to throw his body’: testimonies from the death march on Salah al-Din Street”, assinada por Tareq S. Hajjaj. O original está disponível no link seguinte:
O texto denuncia como a declarada “passagem segura” pelo exército israelense, através da rua Salah al-Din, tornou-se uma travessia de tortura e morte aos refugiados palestinos da região norte da Faixa de Gaza, forçados a rumarem para o sul.
Visita aos refugiados
Durante o cessar-fogo, Hajjaj pode visitar refugiados do norte de Gaza abrigados “principalmente no Hospital Europeu e numa escola gerida pela UNRWA em Khan Younis” (maior cidade do sul de Gaza). UNRWA é a sigla em inglês para a Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Próximo Oriente.
Na ocasião o autor pode conversar com diversos refugiados, que narram suas experiências na evacuação do norte e expulsão para o sul. “As histórias que ouvi de pessoas em vários abrigos são difíceis de acreditar, mesmo agora, depois de tudo o que vimos.” Afirma Hajjaj.
Nas palavras de Hajjaj: “Tornou-se evidente, a partir dos testemunhos que ouvi, que a estrada não foi concebida para facilitar a fuga de civis, mas para humilhá-los, degradá-los e, em alguns casos, matá-los sistematicamente.”
Marcha da Morte
Ocorre que o fascista Estado sionista de Israel, transformou o que seria uma evacuação por uma “passagem segura” numa linha de execução em massa do povo palestino. Assim como os nazistas industrializaram ato de assassinar judeus, os sionistas o fizeram com os palestinos.
“O exército israelense deu instruções estritas aos refugiados em fuga: não pegue nada do chão se deixar cair, não se vire ou olhe para qualquer lugar que não seja o sul, não fale com ninguém que esteja com você, não desobedeça às ordens de qualquer soldado. Você será baleado se quebrar essas regras.” Reproduz Hajjaj.
Infanticídio sionista
Um dos traços marcantes dessa operação genocida é o infanticídio praticado pelos sionistas. São diversos os relatos de soldados ‘atirando em crianças’, alvejando a sangue-frio menores indefesos, um ato contra o futuro palestino.
Um dos casos mais relatados foi o de uma mulher que teve o filho assassinado em seus braços. Essa mulher foi obrigada a largar o corpo filho sem vida e continuar o caminho em desespero.
“Um incidente que ouvi de várias pessoas que conheci numa escola da UNRWA conta a história de uma mulher carregando o seu filho e caminhando ao longo de Salah al-Din. Seu filho chorava alto enquanto ela o carregava, várias pessoas me disseram, todas repetindo os mesmos detalhes e contando a mesma sequência de eventos que se seguiriam: um soldado, irritado com os gritos da criança, “atirou nele” à distância e atirou nele na cabeça enquanto sua mãe o carregava. O soldado então pegou seu megafone e ordenou que ela o jogasse na beira da estrada e continuasse andando.” Registra Hajjaj.
“Esta não foi a única história desse tipo que ouvi. Muhammad al-Ashqar, um refugiado numa escola da UNRWA em Khan Younis, contou-me que um dos seus familiares carregava a sua filha de 4 anos nos ombros e um soldado disparou contra ela de longe e matou-a. E da mesma forma, ordenaram-lhe pelo megafone que a deixasse de lado e continuasse marchando para o sul. Ele também não teve escolha, ou então ele e o resto de sua família também seriam baleados.” Completa Hajjaj.
Estrada de corpos
Pelos relatos percebe-se que o percurso da rua Salah al-Din foi proporcionalmente pior que as “crucificações da Via Árpia”. A diferença está em que as forças de Marcus Licinius Crassus espalharam 6 mil homens suspensos em estacas numa extensão de 200 km, uma média de 3 corpos por quilômetro. Os sionistas deixaram os corpos jogados pelas ruas ou em valas, e proporcionalmente, já haviam superado os romanos nos 14 primeiros mortos nos 4,5 km de extensão da rua Salah al-Din.
“Nem todos sobreviveram à viagem para sul e, mesmo agora, a Salah al-Din Steet está repleta de dezenas de corpos – homens, mulheres e crianças – em diferentes estados de decomposição.” Afirma o texto de Hajjaj.
“Estas histórias estão a ser confirmadas por ondas de refugiados que ainda chegam do norte, relatando que viram dezenas de cadáveres espalhados pela “passagem segura” designada por Israel, tanto velhos como jovens, apodrecendo na beira da estrada. Novos refugiados que chegaram anteontem relataram que alguns dos corpos começaram a ser comidos por animais vadios.” Completa Hajjaj.
O sionista superaram o Império Romano, o Terceiro Reich, tantos outros estados, em todos os critérios negativos. Reiteramos algo há muito dito nesse veículo: o sionismo atingiu um grau de degradação sem igual na história da humanidade e aqueles lutam na resistência Palestina são um exemplo para humanidade.
Tortura e humilhação
As histórias dos sobreviventes dessa “marcha da morte” demonstram bem a humilhação e tortura praticadas pelas forças israelenses. A primeira história é contada por um jovem chamado Ayman.
Sobrevivente de uma família de 21 pessoas do norte de Gaza, que teve a casa bombardeada. Neste atentado Ayman perdeu o pai e três irmãos, além de ter ossos da canela direita despedaçados.
Atendido no Hospital Indonésio, Ayman passou por cirurgia e teve sua canela reconstituída, com fixação de barras metálicas. Entretanto, o exército israelense forçou a todos no hospital a marcharem ao sul. Nesta ocasião o seu primo, Mahmoud, também foi alvejado no pé.
“Eu andava de muletas e dois paramédicos que haviam fugido para o sul conosco estavam me ajudando no caminho”, disse ele a Mondoweiss . “Às vezes eles me carregavam ou permitiam que eu me apoiasse neles enquanto caminhávamos.”
No posto de controle militar israelense erguido na rua Salah al-Din, um soldado “o chamou à distância e ordenou-lhe que caminhasse sozinho e jogasse fora as muletas antes de chegar ao posto de controle para ser revistado.”
“Ainda não consegui colocar o pé-no-chão nem exercer pressão sobre ele”, disse Ayman. “Mas o soldado continuou me mandando andar sem ele.”
“No minuto em que coloquei o pé-no-chão, caí, sem aguentar a dor”, continuou ele. “Mas o soldado continuou insistindo e me disse para me levantar.”
A barra na perna de Ayman rompeu, “dobrada em um formato de U não natural”, impossibilitando que ele se colocasse de pé. Diante dessa situação, o soldado apenas ordenou que o mesmo rastejasse ao posto de controle para revista.
Ao dar entrada no Hospital Europeu em Khan Younis, constatou-se a necessidade de duas novas cirurgias. A primeira, para reparar a “luxação do joelho resultante da placa quebrada” e a segunda, para “colocar uma nova placa de metal nele”.
Entretanto, na situação atual o hospital não consegue realizar os procedimentos cirúrgicos necessários. Ayman necessita ser transferência para atendimento fora da região de Gaza.
“Não havia nada de errado comigo”, disse Ayman. “Se ao menos o soldado tivesse me permitido andar de muletas ou deixado os paramédicos me carregarem, nada disso seria necessário agora.”
A segunda história é de uma senhora idosa, narrada a seguir:
“Muitos dos deslocados dizem que os soldados forçaram as pessoas a seguirem caminhos humilhantes destinados a humilhá-las ainda mais. Uma senhora idosa me contou haver um buraco fundo cavado no chão onde estavam empilhados cadáveres de homens, mulheres e crianças, e quando um soldado queria aterrorizar uma pessoa, ele a forçava a tirar a roupa e descer até a vala.” Nara Hajjaj.
“Os soldados matavam alguns, acrescentando seus corpos à pilha, enquanto deixavam outros viverem, mas forçavam-nos a sentar-se nus entre os corpos até ficarem satisfeitos. Então, os soldados ordenariam que se levantassem e continuassem caminhando para o sul.” Continua Hajjaj.
Visivelmente, há um esforço gigantesco das forças israelenses para provocar o sofrimento dos civis palestinos. Demonstrando que a faixa de Gaza é o maior campo de concentração na história da humanidade.
Os sionistas cooperaram e aprenderam com o Terceiro Reich, e agora, abusando até daqueles no corredor humanitário, demonstram, sem qualquer dúvida, terem superado os seus mestres nazistas.