Nesta sexta-feira (10), Irã e Arábia Saudita chegaram a um acordo para retomar as relações diplomáticas bilaterais entre os países, após vários dias de negociação na capital da China, Pequim.
Os países haviam rompido relações em 2016, quando o clérigo xiita Nimr Al-Nimr foi executado na Arábia Saudita, acusado de “terrorismo” e “sedição”. O episódio gerou uma intensa revolta popular no Irã, ocasião em que manifestantes se voltaram contra a embaixada saudita em Teerã. Riad respondeu com a retirada de seu embaixador do país vizinho, no que foi copiado por Teerã.
As negociações desta semana resultaram na emissão de um comunicado trilateral — com a China no papel de “garantidor” — no qual fica estabelecido o compromisso de reabertura das embaixadas entre ambas as nações nos próximos dois meses. Além disso, as partes acordaram manter a mesa de negociação, bem como implementar um acordo de cooperação em matéria de segurança, ademais de ampliar os vínculos econômicos, comerciais, científicos, culturais, entre outras áreas.
Um dos pilares da dominação imperialista no Oriente Médio há décadas, a Arábia Saudita, com essa aproximação em relação ao Irã, dá mais um passo no sentido de adotar posições contrárias aos interesses do imperialismo mundial. A retomada das relações com o Irã vem logo na sequência da ampliação das relações com a China, após a visitia de Xi Jinping ao país em dezembro de 2022.
O fato consiste em mais uma expressão da crise do imperialismo na região. A derrota do que era considerado o mais poderoso exército do planeta, o dos EUA, para as forças populares afegãs em 2021 elevou a crise da dominação imperialista a um novo patamar. O imperialismo, sobretudo o norte-americano, já não governa como antes. Seus aliados, como é o caso da Arábia Saudita, por consequência, já não se comportam como antes. A retomada das relações com o Irã mostra que a Arábia Saudita não já se alinha rígida e estreitamente às posições defendidas pelos EUA, que buscam a todo custo encurralar o Irã na região. A crise do imperialismo no Oriente Médio, nesse sentido, ganha mais um ingrediente.
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