Nesta quinta-feira (7) completam-se 100 anos de criação da Interpol, polícia internacional a serviço do imperialismo. Criada no segundo Congresso Internacional de Polícia Criminal em Viena, Áustria, em 1923, contava inicialmente com 20 países signatários, entre eles Estados Unidos, Alemanha, Áustria, Japão e Itália.
Atualmente a organização conta com 195 países integrantes e tem em sua presidência o general Ahmed Nasser Al Raisi, inspetor-geral do Ministério do Interior dos Emirados Árabes Unidos e alvo de denúncias de torturas na França e Turquia. Como vice-presidente figura o delegado federal brasileiro Valdecy Urquiza, que foi eleito em 2021 e é o primeiro brasileiro a frente da polícia imperialista. Importante destacar que a eleição do brasileiro ocorreu durante o governo Bolsonaro, no momento de maior alinhamento do governo brasileiro com os interesse dos EUA.
O fato, inclusive, foi comemorado pelo então Ministro da Justiça, Anderson Torres, golpista acusado de ter interferido no último pleito eleitoral e investigado por suposta omissão nos atos de 8 de janeiro de 2023, quando era secretário de Segurança Pública do Distrito Federal.
A saber, o Brasil possui um braço da Interpol em Brasília, onde está localizado o Bureau Central Nacional da Interpol. O organismo faz parte da unidade de Coordenação Geral de Cooperação Internacional da Polícia Federal brasileira. Esse aparelho imperialista instituído no país é mais um instrumento para interferência direta na democracia brasileira e nos interesses nacionais.
A Polícia Federal esteve muito próxima da CIA ao longo da criminosa operação Lava Jato, capitaneada pelo ex-juiz Sérgio Moro, é um braço institucional da perseguição política de opositores ao regime capitalista. E essa perseguição da PF e do Bureau Central Nacional da Interpol, disfarçada de um instrumento legal, foi responsável, por exemplo, por extraditar Cesare Battisti, que estava refugiado no Brasil e que teve seu decreto de extradição assinado por Michel Temer, um dos articuladores do golpe.
As perseguições demonstram que a interferência da Interpol não ocorrem apenas no Brasil, mas em todos os países do mundo. A situação de maior baixa para o jornalismo e para a livre informação é na certa o caso Julian Assange. Responsável pelo WikiLeaks – sítio que publicava em sua página informações “vazadas” de governos ou empresas – o ativista foi perseguido pela instituição imperialista. O motivo? Expor informações de como os Estados Unidos interferiam nas democracias mundiais.
Foi inclusive por meio do Wikileaks, que se teve notícia da participação do então juiz Sergio Moro em uma conferência oferecida no Rio de Janeiro pelo programa Bridges Project, vinculado ao Departamento de Estado Norte-Americano, cujo objetivo era “consolidar o treinamento bilateral [entre Estados Unidos e Brasil] para aplicação da lei”.
A influência dos interesses norte-americanos permanecem até hoje na própria política brasileira. O atual ministro da justiça, Flávio Dino, procurou o governo dos EUA e a Interpol para acelerar o processo de extradição do agitador Allan dos Santos. A situação expressa que o governo brasileiro ainda não tem força para enfrentar o imperialismo nesse campo.
https://www.wikiwand.com/pt/Interpol