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Rússia x OTAN

“Interesses burgueses”, o pretexto para não defender o oprimido

Esquerda Marxista e Partido Comunista Brasileiro e Reconstrução Revolucionária continuam, após quase dois anos, tentando justificar o apoio ao imperialismo na questão da Ucrânia

Dois grupos da esquerda nacional autointulada marxista, a Esquerda Marxista e o Partido Comunista Brasileiro – Reconstrução Revolucionária, anunciaram ter realizado um ato público “contra as guerras imperialistas”. Para além do sectarismo de, em meio a um genocídio que está chocando todo o planeta, essas organizações fazerem questão de organizar uma atividade com um programa tão restrito que inviabilizaria a unidade com outras organizações, chama a atenção também a manipulação maliciosa dos acontecimentos. Para as organizações, o massacre covarde do povo palestino, que está sendo martirizado por um dos exércitos mais poderosos do planeta, sustentado pelo próprio imperialismo norte-americano, deveria ser comparado à situação em que vive a Ucrânia, um país cujo presidente resolveu abrir as portas para a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN).

É dessa comparação ridícula e muito mal-intencionada que vem a ideia de organizar um ato contra “as guerras imperialistas”. No final das contas, o esforço das organizações nada têm a ver com a luta do palestino. Muito pelo contrário: é um esforço para utilizar a luta do povo palestino para justificar o seu apoio ao regime nazista da Ucrânia.

As posições profundamente equivocadas dos grupos acerca da questão palestinas serão criticadas em outro momento. Neste artigo, debateremos a questão da guerra da Ucrânia, que é aquilo que os marxistas de araque apresentam enquanto fingem defender os palestinos.

Segundo reportagem publicada pelo portal da Esquerda Marxista, Jorge Martin, representante da Corrente Marxista Internacional (CMI), teria afirmado que “Rússia, Estados Unidos e OTAN defendem interesses burgueses”. Conforme ficaria claro em sua fala, essa formulação não passa de uma forma de vincular a Rússia aos Estados Unidos e à OTAN, que estão em lados completamente opostos no conflito. Martin considera que o imperialismo é representado “pela OTAN e pelo governo Zelensky”, enquanto o governo de Vladimir Putin seria um representante da “burguesia russa”.

A fala de Martin é, portanto, uma tentativa de vincular a Rússia ao imperialismo sem a necessidade de chamar a Rússia de imperialista. Afinal, já houve várias tentativas de chamar o conflito entre Rússia e Ucrânia de “inter-imperialista” – como fez o psolista Valério Arcary -, sendo que todas elas terminaram profundamente desmoralizadas. O que Martin faz, portanto, é um truque: para não passar a mesma vergonha de chamar a Rússia de “imperialista”, lhe acusa de portar “interesses burgueses”.

Que o governo russo se apoia em uma burguesia, é algo óbvio. No entanto, a grande questão aqui é: onde Martin quer chegar exatamente? Ao falar que Rússia e Estados Unidos têm interesses burgueses, a conclusão seria óbvia: como ambos são burgueses e as organizações que convocaram o ato seriam “proletárias”, então elas deveriam se opor a ambos os países.

A tese dos “interesses burgueses”, portanto, serve apenas para justificar uma suposta posição de “neutralidade” perante o conflito. Nas palavras de ordem adotadas pelos grupos, isso fica ainda mais evidente: “abaixo a guerra e o imperialismo! Abaixo os governos reacionários de Putin e Zelensky!”.

O que Jorge Martin ignora completamente – e por isso não poderia jamais ser chamado de marxista – é que a luta de classes não está restrita a proletários e burgueses. Um dos aspectos centrais na política dos dias de hoje é a luta entre os países imperialistas e os países atrasados. Sendo que, objetivamente, a luta dos países atrasados contra os países imperialistas enfraquece o imperialismo e, portanto, fortalece a luta proletária mundial. Não importa, portanto, se o “interesse” de um governo que está em contradição com o imperialismo é A ou B: se a contradição reside justamente na dominação imperialista, trata-se objetivamente de uma luta contra essa dominação.

O malabarismo que as organizações fazem é uma tentativa ridícula de fugir à seguinte questão: diante do enfrentamento entre um país imperialista – os Estados Unidos, agindo por procuração por meio da Ucrânia – e um país atrasado, que posição tomar?

A “neutralidade”, neste caso, nada tem de “neutro”. Na medida em que as organizações se valem da desculpa de que o governo Putin tem “interesses burgueses” para não apoiar a Rússia no conflito, elas estão estimulando que os oprimidos fiquem de braços cruzados quando o imperialismo atacar um inimigo. Isto é, está deixando o caminho aberto para que o maior inimigo da classe operária mundial, triunfe e se fortaleça.

No fim das contas, a política “nem, nem” da Esquerda Marxista e do PCB-RR é uma política reacionária e de total servidão ao imperialismo.

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