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Mato Grosso do Sul

“Índio não tem que viver no mato”, diz Daniel Guarani-Caiouá

Questionado sobre a situação do índio no estado, o guarani-caiouá, trouxe a experiência de quem milita no movimento de luta pela terra desde os 14 anos

No mais recente Programa de Índio da Causa Operária TV (COTV) Renato Farac e Marcelo Batarce entrevistaram Daniel Guarani-Caiouá, líder dos índios guarani-caiouá de Mato Grosso do Sul, no programa número 144 que foi ao ar no último dia 5.

O entrevistado se apresentou como professor história licenciado e ex-militante do PT (Partido dos Trabalhadores) partido ao qual se filou em 1995, anunciando sua recente filiação ao PCO. Questionado sobre sua atuação como professor, respondeu:

“Estava lecionando no município de Amambaí e aí percebi, dentro da minha trajetória na sala de aula, que eu não conseguia avançar como militante. Hoje, militar por uma causa justa para o próximo e coletivos significa ser perseguido, ameaçado. Infelizmente, você passa por isso, por essa ideia. Mas hoje sou muito feliz, me sinto feliz porque, além da sala de aula, muita coisa obscura que eu não conseguia dissertar na teoria, hoje consigo colocar isso, na prática. Estou do lado das pessoas que não conseguem gritar da maneira correta. Hoje, posso, em qualquer lugar, em qualquer momento, proclamar esse grito de socorro, principalmente pela justiça, onde o direito está sendo violado, e mostrar o que a imprensa renomada, como a Rede Globo e o UOL, não apresenta desse lado”, disse.

Questionado sobre a situação do índio no MS, o guarani-caiouá, expôs a realidade sobre o movimento que conhece bem e no qual milita desde os 14 anos:

A crise humanitária que hoje ocorre isso ocorre no Mato Grosso do Sul, o ‘romance’ divulgado sobre a situação indígena, gente, o tempo mudou… hoje o mundo é de tecnologia, o mundo avançou, o que me entristece estamos tão avançado na ala de tecnologia, mas mentalmente, estamos totalmente atrasados. [Precisamos] acabar com a mentalidade de que índio tem que viver lá no mato, isolado. Não, índio é ser humano, índio é inteligente. Nós, população indígena, também temos direito de usar tecnologia a nosso favor, conviver com essa sociedade, que um dia chegaram e destruíram todos os biomas brasileiros, o cerrado de Mato Grosso do Sul esta totalmente acabado, hoje quem pensa que o índio tem que tá isolado, está totalmente errado. Essa ideia tem que acabar, essa é a raiz da violência no Mato Grosso do Sul.”

Batarce então questiona Daniel sobre o que é o Atiguassú, termo que poderia ser desconhecido para a maioria das pessoas:

“O Atiguassú foi fundado na década de 1970, é uma organização dos guarani-caiouá, seria o mesmo que um partido, é uma assembleia-geral. Hoje são mais de 120 mil espalhados por todo lugar, na cidade, na periferia, na área rural, na zona urbana… nessa reunião do Atiguassú, se decide todo ano como iremos proceder para enfrentar o Congresso Nacional, o Supremo [Tribunal Federal], a Casa Civil e todos os ministérios, ou seja, é uma decisão política dos guarani-caiouá”.

Para ver o programa completo acesso o link abaixo:

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