Matéria “O feminismo abandonou as judias” de autoria de Mariliz Pereira Jorge e publicada na Folha de São Paulo em 21 de novembro, mostra que o cinismo da burguesia não tem limites.
O texto inicia dizendo que “A UN Women, braço da ONU dedicado à igualdade de gênero e ao empoderamento feminino, tem se esforçado para mostrar o impacto devastador na vida de mulheres e meninas palestinas, vítimas da guerra entre Israel e o Hamas. No último relatório sobre o conflito, já eram quase 800 mil desabrigadas, 2.000 viúvas. Uma tragédia”. O problema já começa aqui, pois não se trata de uma guerra entre Israel e o Hamas, mas mais um capítulo da opressão sionista contra o povo palestino que já dura pelo menos oitenta anos.
Existe toda uma operação para encobrir o genocídio e da limpeza étnica do povo palestino, por isso se faz propaganda de que Israel estaria apenas respondendo a provocações de um grupo terrorista. No entanto, o Hamas só existe há 36 anos, foi fundado em 1987, e é um produto direto da luta dos palestinos contra a ocupação sionista.
O texto, podemos dizer, reclama de que “A secretária-executiva do órgão, Sarah Hendricks, tem batido na tecla do cessar-fogo e do acesso à ajuda humanitária e a serviços para prevenção da violência contra mulheres na Faixa de Gaza. Mais de uma dezena de artigos estão disponíveis no site da entidade”. Pois completa dizendo que “Infelizmente, as vítimas israelenses não merecem a mesma atenção”.
Em continuidade, afirma que “na página da entidade não há um único texto sobre as atrocidades sofridas por mulheres no massacre do dia 7 de outubro. Não é um caso isolado, é o retrato de como as organizações internacionais, ativistas e jornalistas dedicadas à cobertura de gênero estão se lixando para as judias”.
Para infelicidade da colunista, notícias estão sendo veiculadas de que as mortes dos civis israelenses no dia 7 de outubro foram obra do próprio exército israelense, que teria atirado na multidão com mísseis e metralhadoras de helicóptero Apache.
Ao que tudo indica, o governo israelense prefere que estes morram a serem feitos reféns pelos palestinos. Há relatos de sobreviventes (leia aqui) matérias em jornais como o Haaretz que, apesar de toda a operação de abafa, estão trazendo à tona aquilo que realmente deve ter acontecido no dia da operação militar palestina em Israel.
Estupro?
Mariliz Pereira Jorge alega que “três dias depois da selvageria cometida nos kibutzim e na rave Supernova, chamei atenção para a falta de posicionamento de colegas feministas sobre o estupro como arma de guerra do Hamas, registrado na imagem da germano-israelense Shani Louk, seminua, na caçamba de uma camionete”.
Assim como as mortes estão sendo esclarecidas, o governo israelense está sendo obrigado a admitir que não há evidências de estupros que teriam sido cometidos por combatentes do Hamas.
Várias mentiras foram divulgadas pela imprensa burguesa. No dia 13 de outubro, a CNN Brasil publicou uma matéria com o seguinte título: “Preferência em capturar mulheres visa estupro coletivo, diz membro do Hamas a Exército de Israel, segundo embaixada”. Isso contrasta grosseiramente com o depoimento de sobreviventes do dia 7 de outubro, bem como com a atitude dos reféns soltos pelos palestinos, que chegaram a acenar para a multidão. Obviamente, haverá uma grande censura para impedir que essas pessoas se manifestem.
Por outro lado, um artigo publicado por Revital Madar, “Beyond Male Israeli Soldiers, Palestinian Women, Rape, and War”, revela que as palestinas sofrem abusos sexuais constantes, seja por parte da polícia israelense, ou até mesmo de burocratas, pois os palestinos muitas vezes, pela ação colonial de Israel, precisam de aval para conseguirem empregos ou tratamentos médicos.”
As mulheres palestinas sofrem constante perseguição e humilhação. Na madrugada do dia 6 de novembro, Ahed Tamimi, de 22 anos, foi presa novamente pela polícia israelense, deste vez sob a acusação de incitação ao terror. Em 2018, quando ainda tinha 17 anos,Tamimi foi condenada a oito meses de prisão, acusada de ter agredido soldados israelenses. Não encontramos nenhuma matéria sobre o assunto de autoria de Mariliz Pereira Jorge.
Uma mentira repetida mil vezes…
Contra todas as provas, a senhora Mariliz afirma que “Não é exagero falar em selvageria. Evidências, incluindo relatos de sobreviventes, vídeos e testemunhos dos terroristas, revelam que mulheres de todas as idades não foram só estupradas, foram barbarizadas. Vítimas carregadas sem roupa, violadas por fileiras de homens, seios decepados, cabeças como troféus nas mãos dos estupradores”. Depois do caso dos quarenta bebês degolados pelos combatentes do Hamas, quem pode levar isso a sério?
Os sionistas acabaram de matar pelo menos 15 mil civis, cinco mil crianças, em Gaza. E é importante dizer que não se trata de uma guerra, pois só um lado possui um exército regular. Não se trata também de uma retaliação.
As milícias sionistas surgiram desde os anos 1920. A Irgun, uma milícia fascista, foi responsável por inúmeros ataques, assassinatos, roubos e estupros de palestinos, isso desde 1931, pelos menos, mas a prática nunca foi interrompida, pois as milícias se transformaram na FDI (Forças de Defesa Israelenses). Estamos falando de quase um século de opressão.
Tantura, Deir Yassin, Sabra e Chatila… a quantidade de atrocidades sionistas contra uma população, que foi cuidadosamente desarmada pelos ingleses, ultrapassa facilmente quatrocentas aldeias. Usar uma informação falsa, pois até o governo israelense admitiu que superestimou o número de mortos, para tentar equiparar aquilo que as mulheres palestinas sofrem com as israelenses é até difícil de classificar, de tão grotesco.
Na verdade, a denúncia correta a ser feita é que o movimento feminista, a esquerda pequeno-burguesa, mas especialmente os identitários, têm falado muito pouco e mesmo se calado, vergonhosamente, com o que vem acontecendo com as mulheres palestinas durante todo esse tempo.