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Oriente Médio

Iêmen aumenta pressão contra Israel

Governo do Ansar Alá aumentou as restrições à navegação no Mar Vermelho também ao Mar Arábico, e a estendeu a qualquer embarcação destinada a Israel, com efeito imediato

O porta-voz das forças armadas do Iêmen, o general Yahya Saree declarou uma proibição “efetiva imediatamente” de qualquer navio chegar aos portos de Israel pelos mares Vermelho e Arábico. E alertou: “a partir de nosso compromisso com a segurança da navegação marítima, avisamos a todos os navios e empresas contra realizarem negócios com portos israelenses.”

Mohamed al-Bukhaiti, membro do comitê político do Ansar Alá, que governa o Iêmen, declarou que a medida vem na sequência da opção do regime de Tel Aviv por utilizar bandeiras estrangeiras, ao invés das próprias, em suas embarcações.

Bukhaiti ainda criticou os países árabes e muçulmanos por se recusarem a impor sanções a Israel e forçar o regime a parar seus ataques implacáveis por terra e ar contra os palestinos em Gaza.

A decisão também é uma resposta e rejeição pública ao novo veto dos EUA no Conselho Segurança da ONU a resolução pedindo por um cessar-fogo imediato em Gaza – e foi efetivada menos de 24 horas depois – confirmou o Ministro da Informação do Iêmen Daifallah al-Shami ao jornal libanês Al Mayadeen.

Em entrevista por vídeo, o ministro afirmou que os EUA “declararam e estão liderando a guerra e cerco a Gaza”, complementando que a medida das forças do Iêmen “é o mínimo que deve ser feito em apoio ao nosso povo na Faixa de Gaza.” A decisão será anulada apenas quando um “mecanismo de apoio permanente e completo ao povo palestino seja estabelecido.”

Destacou ainda que o exército iemenita tem uma base de dados completa das atividades marítimas internacionais, e que todas as embarcações estão “completamente seguras, exceto pelos navios que se dirijam à ocupação [Israel]”. “Não há absolutamente perigo algum à navegação internacional”, e as operações afetarão apenas “os navios transportando bens para a ocupação”, reforçou. O governo do Iêmen reiteradamente declara seu compromisso com a legislação internacional, e que é um parceiro em garanti-la.

Al-Shami alertou também que não é do interesse de qualquer país responder ao chamado israelense para “formar uma força naval para proteger seus navios”, pois Saná não pode ser intimidada ou dissuadida por qualquer coalizão do tipo. O Iêmen “tem todas as capacidades para permanecer em solidariedade com o nosso povo na Palestina” e “não poderemos permitir que navios transportem suprimentos médicos e alimentos à ocupação, enquanto isso estiver proibido aos palestinos”, enfatizou.

“O que importa para nós em nossas posições em apoio à Palestina é a satisfação de Deus, e sabemos que os inimigos têm grande poder, mas preparamos o máximo de força que conseguimos.”

É importante notar que as forças iemenitas continuarão a atacar navios israelenses no Mar Vermelho até que acabe a guerra, como determinado previamente.

A imprensa israelense confirmou que o anúncio do governo huti é considerado “uma escalada de nível e um evento muito grave”, classificando-o como um problema para o mundo todo, um reconhecimento do impacto da medida. A situação anterior de alvos israelenses ou afiliados e limitada ao Mar Vermelho se desenvolveu.

Tensão cresce no Mar Vermelho

O veículo israelense N12News publicou no sábado que, segundo Tzachi Hanegbi, oficial da área de Segurança Nacional israelense, Netanyahu informou a Biden: “Se você não agir contra os hutis, nós tomaremos uma ação militar.”

O ministro da informação do Governo de Salvação Nacional do Iêmen afirmou mais tarde no sábado em resposta: “Estamos prontos para confrontar qualquer ação militar dirigida contra nós.” E: “Qualquer navio que busque transportar uma remessa aos sionistas estará em nossa mira.”

Como colocado pelo principal jornal israelense, o Haaretz, “a ameaça iemenita de proibir qualquer navio de se dirigir a Israel foi elevada a um nível estratégico internacional.” O veículo destaca que tais declarações podem inflamar um confronto militar internacional no Mar Vermelho, apontando que a presença americana e israelense no Mar Vermelho está “falhando em dissuadi-los”, e que “uma demonstração de força significativa pode ser necessária num futuro próximo.”

No entanto, elencando os jornais norte-americanos Reuters e Bloomberg, o órgão sionista coloca que a Arábia Saudita está pleiteando que Washington exerça uma restrição em sua retaliação contra Saná, para que possa finalizar seus acordos de paz com o Iêmen e pôr fim à guerra que já dura nove anos. Riade e Washington, segundo o Haaretz, temem que um confronto amplo com o Ansar Alá possa paralisar os movimentos diplomáticos e levar a uma retomada dos ataques iemenitas a alvos na Arábia Saudita, cujo pico foi em março de 2022 com ataques às instalações de petróleo da Aramco, uma das maiores empresas do mundo.

Além disso, ressalta o jornal, “um ataque americano contra os iemenitas pode prejudicar as relações entre Riade e Teerã, num momento em que os países lentamente restauram suas relações diplomáticas após a reaproximação em março do ano passado.”

De acordo com o Conselheiro de Segurança Nacional dos EUA Jon Finer e com o Secretário de Defesa dos EUA Lloyd Austin para sua contraparte saudita, Washington “não descartou a possibilidade de tomar ação militar” contra o Iêmen. Os EUA também estão organizando uma coalizão marítima “com o máximo de adesão do máximo de países possível” que possa escoltar navios no Mar Vermelho.

Ainda neste domingo, as forças da França anunciaram que a fragata francesa Languedoc, que lá opera, derrubou dois drones no Mar Vermelho saídos da costa iemenita. “A interceptação e destruição destas duas ameaças identificadas” ocorreu na noite de sábado, de acordo com comunicado oficial. As interceptações ocorreram a 110 quilômetros da costa do Iêmen, com intervalo de duas horas entre cada uma.

O membro do comitê político do Ansar Alá, Mohamed al-Bukhaiti, afirmou que o desenvolvimento da situação militar no Iêmen inevitavelmente forçará Washington e Tel Aviv a regularem suas políticas na região do ocidente asiático.

“Os EUA nos enviou mensagens ameaçadoras, e nos alertou contra intervir na guerra em Gaza. Nossa resposta, contudo, não foi nada além de ataques contra alvos israelenses em apoio a Gaza”, destacou.

Economia e comércio

A segunda maior empresa de transporte marítimo do mundo, A.P. Moller-Maersk, anunciou que começará a impor uma nova sobretaxa de risco a carregamentos com destino a Israel a partir de 8 de janeiro do ano que vem. A taxa será de $50 para contêineres de 20 pés, e de $100 para os de 40 e 45 pés.

A transportadora de contêineres israelense Zim Integrated Shipping, situada em Haifa, anunciou nas últimas semanas que está modificando as rotas de alguns de seus navios por precaução. Devido ao perigo de segurança, impôs uma taxa de “risco de guerra” a alguns de seus serviços, que varia de $25 a $100 por unidade de contêiner de 20 pés.

O ex-chefe da divisão de inteligência militar de Israel, Tamir Hayman, afirmou que a ameaça iemenita é um problema para a “segurança nacional de Israel”, e que afetaria os israelenses em termos de maior custo de vida.

Além dele, o economista-chefe da BDO Consulting Chen Herzog, alertou que a ameaça iemenita ao comércio marítimo israelense pode levar a um aumento significativo dos custos de vida e às cadeias de abastecimento, ressaltando que as importações anuais de Israel chegam a cerca de 400 bilhões de shekels (em valores atuais, em torno de US$108 bilhões, R$530 bilhões), com 70% chegando por mar.

Explicou ainda que a ameaça iemenita impacta Israel em três níveis: primeiro, aumento nos custos de seguro para o transporte marítimo para Israel devido ao aumento nos riscos. Segundo, a mudança potencial nas rotas do Oriente para Israel podem exigir que as embarcações circunaveguem a África ao invés de passar pelo estreito de Bab el-Mandeb e pelo Mar Vermelho, o que estenderia o tempo de navegação em 30 dias, resultando num custo maior para o transporte marítimo. E terceiro, que as empresas de transporte marítimo estrangeiras evitem totalmente os portos israelenses para mitigar riscos ou devido às restrições das companhias de seguro.

No mês passado, as forças armadas iemenitas capturaram o navio de carga israelense Galaxy Leader, pousando no deque da embarcação e, neste mês, alvejaram dois navios de carga israelenses, enquanto forçaram diversos outros navios a alterar a rota ou mudar de curso completamente para fora do Mar Vermelho.

Enquanto isso, altos oficiais da ONU e de organizações internacionais de direitos humanos descrevem o que aflige os 2.2 milhões de cidadãos de Gaza como “genocídio em curso”, “crise de humanidade”, “crise humanitária apocalíptica”, e “crimes contra a humanidade.”

O governo do Iêmen dá um exemplo de solidariedade internacional.

*As informações utilizadas são do jornal Al-Mayadeen.

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