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Fala pela burguesia

Identitários querem alguém pró-imperialista no STF

O apresentador Gregório Duvivier, que trabalha para a empresa norte-americana HBO, dedicou um programa inteiro à campanha da burguesia contra Cristiano Zanin

O apresentador e humorista Gregório Duvivier tornou-se o principal embaixador da campanha pela indicação de uma mulher negra para o STF, direcionada ao presidente Lula. Um aspecto fundamental dessa campanha é acompanhar toda a intriga feita pela imprensa burguesa contra Cristiano Zanin, o ministro indicado por Lula para a vaga deixada por Ricardo Lewandowski para o STF.

Como é possível ver em todos os principais jornais da burguesia, toda a campanha feita contra Zanin é direcionada à esquerda. As críticas contra ele são devido a votos que seriam considerados como “conservadores” por setores mais confusos da esquerda.

E quem melhor do que Gregório Duvivier para repercutir esse ataque da burguesia contra um ministro de confiança de Lula para dentro da esquerda pequeno-burguesa? Duvivier fez uma edição de seu programa Greg News, o qual é passado na filial brasileira da emissora norte-americana HBO, dedicada a atacar Cristiano Zanin.

O título de seu programa era “Eu avisei!”, com o qual ele afirma que avisou a toda a esquerda quando fez sua campanha escatológica pela indicação de uma mulher negra para o STF, que a indicação de Lula seria ruim. Ele reforça, no programa, dizendo que “Vou falar a verdade, a gente previu sim, que dentro desse cavalo de madeira poderia ter alguma surpresa ruim. A gente não previu, a gente não imaginava que a surpresa seriam os quatro cavaleiros do apocalipse numa pessoa só”.

Duvivier diz que Zanin estaria “à direita dos ministros bolsonaristas, provavelmente fazendo com que Bolsonaro se arrependa de não ter indicado ele”, demonstrando a intensidade da campanha que a burguesia está fazendo contra o indicado por Lula. Duvivier taxa Zanin, abertamente, de “conservador”, utilizando seu voto contra a descriminalização da maconha e contra a equiparação da “lgbtfobia” ao crime de injúria racial, além de outros votos em questões menores, para jogar a esquerda contra ele.

Por fim, para mostrar que a campanha da burguesia é mesmo consequente, Duvivier indica um abaixo-assinado de internet, o qual pede para que Lula vá “tomar um cafezinho” com três mulheres negras apontadas pelo instituto identitário “mulheres negras decidem” como possíveis candidatas para a próxima indicação de Lula para o STF, que será após a aposentadoria de Rosa Weber em outubro deste ano.

Independentemente do mérito das críticas a Zanin, é preciso demonstrar que a campanha feita contra ele é totalmente encomendada pela burguesia e pelo imperialismo. O STF tem ministros que estão nos seus cargos há décadas, votando toda sorte de maldades contra o povo. Figuras como Gilmar Mendes, Alexandre de Moraes, Dias Toffoli ou Luís Roberto Barroso nunca tiveram edições do Greg News dedicadas a atacar suas posições anti-povo, no entanto, Zanin está no cargo há menos de um mês e já está sendo cobrado por suas ações.

Um aspecto interessante de todas as críticas que vêm sendo feitas e que são reaproveitadas por Duvivier é que elas procuram atacar as situações em que Zanin votou de forma destoante do restante dos ministros do Supremo, demonstrando ser um juiz independente, algo totalmente inaceitável para a burguesia. Um dos casos mais falados é o do voto contra a equiparação da “lgbtfobia” ao crime de injúria racial, o que poderia levar à condenação a até cinco anos de prisão de qualquer pessoa que fizer comentários considerados “lgbtfóbicos” por algum juiz, um verdadeiro avanço na censura e nos ataques à liberdade de expressão no país.

O voto contra a descriminalização da maconha também foi muito atacado. Duvivier procura demonstrar que em quase todos os países da América Latina o uso da maconha não é crime. No entanto, é evidente que o voto do STF não teria efeito nenhum sobre a atuação da polícia fascista, que continuaria a realizar prisões da mesma forma que sempre fez. Já que não se trata de uma lei que descriminaliza verdadeiramente a droga, ela só estabelece um limite de 60 gramas para diferenciar usuário de traficante, o que não mudaria nada. Continua sendo crime o porte de maconha, apenas com uma mudança superficial.

Ainda por cima, uma discussão que acaba jogada para escanteio é a de que, efetivamente, o STF, ao levantar pautas como essa, estaria legislando no lugar do Congresso, o que é totalmente irregular e antidemocrático, visto que a função de juízes é aplicar a lei e não criá-la.

Ainda que alguns aspectos dos votos de Zanin possam ser criticados, o problema central não é esse. Está claro que a intenção da campanha que Duvivier leva adiante é no sentido de impedir que Lula indique alguém de sua confiança para a próxima vaga do STF. Isso fica claro quando ele apresenta os dois nomes que Lula cogita indicar para o cargo. Ao comentar sobre o Advogado-geral da União, Jorge Messias, nome mais cotado por Lula para ocupar a vaga deixada por Rosa Weber, ele diz: “Ele hoje é o advogado-geral da união, nomeado pelo Lula, ele já foi assessor do ex-governador Jaques Wagner, da ex-presidenta Dilma. E você provavelmente já o conhece, mas não como Messias, e sim como ‘Bessias’”. Esse último apelido seria referência à pronúncia de Dilma na conversa entre ela e Lula, grampeada ilegalmente por Moro no período que antecedeu o golpe, em que ela se refere a Messias como uma figura de confiança para uma tarefa.

Duvivier continua: “o que que a gente sabe sobre ele? A gente sabe que ele sempre foi um cara dos bastidores da política. Ele já foi consultor jurídico dos ministérios da Educação e da Ciência, já foi procurador do Banco Central e do BNDES. Mas a gente não sabe o que ele pensa sobre nenhum assunto que impacta diretamente na vida de milhões de pessoas no Brasil. O que a gente sabe, sim, é que o Jorge Messias é da Igreja Batista e tem o costume de citar passagens bíblicas em suas falas públicas”. Ou seja, não há nada contra Messias, apenas uma insinuação intrigante a respeito de sua religião e um passado como figura de confiança de Dilma e de Lula. Duviver se utiliza exatamente das mesmas coisas que a burguesia utilizou para criticar a indicação de Zanin – ele é alguém em quem Lula confia.

Vale lembrar que Duvivier, em seu vídeo, também faz críticas ao jornalista Leonardo Attuch, do Brasil 247, por ter denunciado a campanha de calúnias contra Zanin, liderada pela burguesia e acompanhada pela esquerda. Attuch ressalta que a campanha é encomendada pela classe dominante, mas Duvivier procura insinuar que quem está por trás da campanha contra Zanin seriam os pobres coitados presos por tráfico de drogas ou os índios guarani-caiouá. Mas tendo em vista que as críticas ao indicado de Lula estão estampando a capa de todos os jornais da burguesia, a gente vê que isso é pura demagogia do humorista. Não há nenhum índio ou aviãozinho do tráfico a frente das decisões editoriais da Folha de São Paulo, do Estado de São Paulo ou do Globo

Outra conclusão absurda do apresentador é que o STF seria uma espécie de órgão que contrabalanceia medidas reacionárias aprovadas pelo Congresso. Ele cita como exemplo leis aprovadas pelo STF que seriam democráticos (casamento gay, etc.). O que ele não menciona é que o Judiciário brasileiro, liderado pelo STF, é o principal responsável pelo encarceramento em massa do povo brasileiro, mal que atinge principalmente a população negra e pobre do país, o que mostra a hipocrisia e o absurdo de considerar o Supremo como o bastião da defesa dos direitos democráticos brasileiros. Além disso, o STF é intrinsecamente um órgão anti-democrático porque os juízes não foram eleitos pelo povo para estarem naquela função, ao contrário do Congresso.

Convém mencionar a hipocrisia da demagogia identitária de Gregório Duvivier. Ao ser confrontado com o fato de que toda a equipe de redatores do Porta dos Fundos é formada principalmente por homens brancos, ele afirma que nesse caso não tem problema porque se trata de uma empresa privada e não um órgão público como o STF. Ou seja, na concepção dele, a burguesia e as entidades privadas não precisam seguir a histeria identitária, mas o STF e o governo teriam que dar o exemplo e indicar pessoas negras, independente de sua aptidão ou não para o cargo. Ele também afirma que falar de ONGs americanas seria “terraplanismo”, apesar de que está amplamente provada a interferência dessas Organizações na política nacional, como ficou provado no caso dele mesmo, que é financiado pela Washington Brazil Office. Na falta de argumentos, recorre à boa e velha “teoria da conspiração”. No entanto, Gregório precisa explicar por que está recebendo dinheiro de uma instituição estrangeira ligada ao governo norte-americano. Ao que tudo indica, é para ficar dando palpite na política nacional.

Duvivier, através de seu programa, demonstrou qual o verdadeiro sentido das críticas a Zanin. Não se tratam da defesa dos LGBT, nem dos negros presos por porte de droga e muito menos dos índios guarani-caiouá. O que a burguesia e o imperialismo que financia Duvivier querem é impedir que Lula indique outro ministro de sua confiança para o STF.

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