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Indicação ao STF

Identitários não querem Dino: não é pró-imperialista o suficiente

Ao realçar o identitarismo e não a proximidade de Flávio Dino com o imperialismo, partido esquerdista reforça a sua própria ligação com a ditadura global

O jornal A verdade, do partido Unidade Popular (UP), publicou uma matéria criticando as indicações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em especial a de Flávio Dino (PSB) para substituir Rosa Weber no Supremo Tribunal Federal, o que “atropelou”, segundo o jornal, “mobilização por ministra negra” (“Nomeações de Lula aumenta controle do centrão sobre judiciário”, Gabriela Torres, 1/12/2023). “A falta de representatividade racial em cargos de alta instância e nos espaços de poder do país foi um debate em voga no último período”, escreveu A Verdade, acrescentando:

“Nunca, na história do Brasil, uma mulher negra foi indicada a um cargo no STF. Considerando o papel que a justiça cumpre de defender a propriedade privada e o direito dos ricos, fica evidente a necessidade de aprofundarmos o debate de qual sistema judiciário serve aos interesse da maioria de fato: um STF que, além de pintado de povo, seja formado por mulheres e homens comprometidos com a defesa dos direitos dos trabalhadores.”

É verdade que as escolhas de Lula foram horríveis, mas pior ainda é a crítica elaborada pelo órgão da UP, que demonstra sua total subserviência às classes dominantes que diz criticar. Ao pedir um STF “pintado de povo” – seja lá o que for isso -, o que o jornal do partido pede, concretamente, é que um dos principais instrumentos de opressão do povo negro seja mais demagógico do que já é e sirva ao imperialismo com mais eficiência. Esta tem sido, afinal, a serventia da política da representatividade.

Apoiada por órgãos como a Agência Central de Inteligência dos EUA (CIA, na sigla em inglês) e outras organizações de maior projeção dos crimes imperialistas no mundo, a política de representatividade não é mais do que um engodo para enganar sobretudo a pequena burguesia e, a partir dela, os setores da classe trabalhadora influenciados por esta categoria de esquerdistas. O impulsionamento do imperialismo na campanha em questão, a da “mulher negra no STF”, é uma evidência concreta disto.

Peças de propaganda super-produzidas, painéis na praça Times Square (na cidade de Nova Iorque) e Mumbai (na Índia), fora a campanha pesada nos principais órgãos de imprensa do imperialismo no País foram mobilizados para o mesmo objetivo desejado pela UP: que uma mulher negra fosse alçada à posição de ministra da corte. Ocorre que ao contrário da UP, o imperialismo tinha um plano concreto para a revindicação, inclusive com um trio assustador de ministras lavajatistas em mente.

“A questão racial, para além de uma pauta para os movimentos sociais, também é um critério considerado pelas classes dominantes ao controlarem os espaços de decisão da sociedade brasileira – construída sobre bases escravocratas”, continua A Verdade. Nada mais distante da verdade.

Muitas décadas antes da moda da “representatividade”, o Brasil já teve presidentes como Nilo Peçanha, escritores como Cruz e Souza, Machado de Assis e Lima Barreto, além de marechais como Humberto de Alencar Castello Branco, que só com muita boa vontade poderia ser considerado branco, o mesmo valendo para o presidente Lula. É bem verdade que a situação da maioria do povo negro no Brasil é horripilante, evidenciando o quão desencontrada com a realidade está a política de representatividade defendida pela UP.

Serve para o imperialismo fazer demagogia e iludir os segmentos dos negros mais próximos da pequena burguesia com a possibilidade de alguma ascensão social, o que jamais chegará a uma fração sequer das massas negras. A estas, o identitarismo nada dará além do que o imperialismo já oferece hoje. Miséria, opressão, massacre e o encarceramento em massa dos negros.

O plano coloca pouca dúvida sobre o caráter reacionário da medida defendida pelos esquerdistas. Ainda, ao realçar o identitarismo e não a proximidade de Flávio Dino com o imperialismo, o artigo revela o alinhamento político do próprio partido esquerdista com a ditadura global.

Ao perceberem ter perdido a luta pela “ministra negra” do STF, o imperialismo passou para a defesa de Dino na corte. O fato dos principais órgãos de imprensa da direita brasileira terem pedido a indicação do ministro de Estado da Justiça e seu histórico direitista, incluindo sua aliança com tucanos como Aécio Neves, foi solenemente ignorado por A Verdade.

O fenômeno indica que tal parceria é menos escandalosa à UP do que o fato de Lula ter preterido a mulher negra desejada pelos monopólios. Algo que também diz muito sobre o direitismo do partido.

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