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Estados Unidos

Henry Kissinger, um dos maiores criminosos do século XX

Kissinger teve posição de destaque nas guerras que o EUA iniciou contra o Vietnã, o Camboja, o Laos e em erigir ditaduras militares fascistas da década de 60 e 70

Morreu, nessa quarta-feira (29), aos 100 anos, o ex-secretário de Estado Henry Kissinger, um dos principais articuladores da política imperialista dos Estados Unidos no século XX. A causa da morte ainda não foi divulgada, e o sepultamento será em cerimônia privada da família, seguido de uma solenidade pública na cidade de Nova Iorque.

Não obstante a idade avançada, Kissinger continuava ativo em sua atuação política, tendo realizado uma visita surpresa à China recentemente, no mês de julho, quando se encontrou com Xi Jinping, presidente do país, da Comissão Militar e Secretário Geral do Partido Comunista da China. Especula-se que essa visita teve papel importante na mais recente reunião entre Xi e Joe Biden.

Apesar de ter sido ganhador do prêmio Nobel da Paz no ano de 1973, pelo seu papel na concretização dos Acordos de Paz em Paris, que formalizaram o fim da Guerra imperialista dos EUA contra o Vietnã, o currículo de Kissinger é recheado de inúmeros crimes de guerras, dos quais resultaram milhões de mortes cometidas pelo imperialismo contra os povos oprimidos de todo o mundo.

Como já informado, Kissinger foi secretário de Estado do governo norte-americano, ocupando o cargo entre os anos de 1973 e 1977, durante as administrações de Richard Nixon e Gerard Ford. Uma função de extrema importância, o terceiro mais importante do gabinete presidencial, atrás apenas do presidente e do vice-presidente dos EUA. Antes disto, foi assessor de Segurança Nacional dos EUA, entre os anos 1969 de 1975, sob as mesmas administrações citadas acima, função esta que, como o nome já diz, assessora o presidente dos Estados Unidos em todos os assuntos de “Segurança Nacional” (ou seja, ameaças ao imperialismo).

Tais anos foram épocas de grande turbulência no século XX, e Kissinger exerceu papel central em diversos dos acontecimentos mundiais que moldaram esse período.

Começando pela guerra imperialista contra o Vietnã, que teve início em 1955 e terminou duas décadas depois, em 1975, a guerra foi uma tentativa do imperialismo de impedir a vitória da luta de libertação nacional do povo vietnamita e, após, a revolução proletária que lá se seguiu. Para isto, promoveu uma divisão artificial do país em dois (Vietnã do Norte e do Sul), e mergulhou-o em uma “guerra civil”. Eventualmente, tropas ianques invadiram o país. Como sempre, a invasão foi precedida, e depois acompanhada, de intensos bombardeios. Nesse caso, um dos mais criminosos já perpetrados pelo imperialismo ianque. Segundo informações constantes do sítio Renew Vietnam (uma ONG imperialista, diga-se de passagem):

“Aviões americanos lançaram mais de cinco milhões de toneladas de bombas no Vietnã – o maior bombardeamento de qualquer país na história – e mais do dobro da tonelagem que a Força Aérea dos EUA lançou durante toda a Segunda Guerra Mundial. Mais de quatro milhões de toneladas caíram nas áreas maioritariamente rurais do antigo Vietnã do Sul, mais 400.000 toneladas de napalm e 19 milhões de galões de herbicidas”.

De forma que os assassinatos cometidos pelo imperialismo norte-americano ultrapassam o número de 3 milhões de vietnamitas. Um verdadeiro genocídio, realizado sob o comando de Henry Kissinger que, no período, ocupou os cargos de secretário de Estado e assessor de Segurança Nacional.

Apesar de todo o morticínio cometido pelos EUA e Kissinger, o povo vietnamita conseguiu derrotar o imperialismo e expulsar o invasor, forçando os Estados Unidos a forjarem um “acordo de paz” para não aparentar terem sido derrotados. Kissinger teve um papel importante nos Acordos de Paz de Paris, que marcou o fim formal da guerra contra o Vietnã. Por isso, este genocida foi agraciado com o Nobel da Paz, mostrando a farsa dessa premiação.

Mas o papel criminoso de Kissinger na Indochina não se limitou ao Vietnã. Enquanto cinco milhões de toneladas de bombas foram despejadas lá, o total sobre a Indochina foi de sete milhões.

O bombardeio criminoso contra o Camboja, igualmente realizado sob o comando de Kissinger, foi feito através da Operação Menu. As bombas sobre o pequeno país asiático varreram as cidades do mapa, forçando a migração da população urbana para o campo. Grande parte do povo cambojano que não foi morto pelo bombardeio morreu pela migração forçada e todas as dificuldades econômicas que decorreram da destruição das cidades.

Muito se fala do tal “genocídio” cambojano, que teria sido cometido pelo Khmer Vermelho, sob a liderança de Pol Pot, e estaria sob a responsabilidade do “comunismo”. Mas, como disse Rui Costa Pimenta, os excessos dos oprimidos estão sob responsabilidade da violência do opressor.

“Os contrarrevolucionários, os reacionários são sempre muito mais violentos do que os que lutam contra eles. É da natureza das coisas. […] Não vou me juntar a uma condenação cínica e hipócrita que só favorece à luta dos opressores. Nós temos como política o seguinte: se for necessário usar violência, não hesitar. […] Nós não condenamos os excessos da luta dos explorados. É da própria natureza dessa luta que os explorados tenham direito a cometer excessos, embora não seja a nossa política cometer esses excessos. Os exploradores e opressores não têm direito a cometer excessos”, disse Pimenta.

O oprimindo tem direito aos excessos. E quaisquer excessos cometidos pelo Khmer Vermelho nada mais foram que um resultado do monstruoso crime do imperialismo contra o Camboja.

O mesmo ocorreu no Laos, onde a CIA, além de financiar milícias anticomunistas (fascistas), foi responsável por coordenar cercar de 580.000 missões de bombardeios entre os anos de 1964 – 1973.

Cumpre informar que os crimes de guerra de Kissinger não param por aqui. Sobre isto, é necessário revisitar seu apoio, aliás, seu planejamento, mentoria e execução por trás das ditaduras latino americanas da década de 70.

O ex-secretário de Estado esteve por trás do golpe de Estado no Chile em 1973, que levou Augusto Pinochet ao poder, resultando em uma das ditaduras fascistas mais brutais que o mundo já testemunhou.

Durante a era pinochetista, dezenas de milhares de chilenos foram assassinados em um processo de total desmantelamento das organizações operárias e camponesas para que, no país, pudesse ser viabilizada uma aplicação da então recente política neoliberal. Aliás, o Chile foi um dos laboratórios para essa política.

A repressão foi tão intensa que até mesmo estádios de futebol eram utilizados como centro de torturas ou de extermínios políticos.

Um episódio marcante da ditadura chilena foi o assassinato do opositor Orlando Letelier, que morreu na própria capital dos EUA, Washington, através de um explosivo em seu carro. Seu assassinato é bem relato no livro “A doutrina do choque”, de Naomi Klein, e fez parte da Operação Condor, uma operação do imperialismo para coordenar a intervenção imperialista na América Latina através das ditaduras militares e da repressão a todo tipo de oposição a elas. Tal operação foi conduzida por Kissinger (dentre outros membros do governo dos EUA).

Para além da ditadura chilena, Kissinger teve também papel importante no golpe que instaurou a sanguinária ditadura argentina, em 1976, levando ao poder o fascista Jorge Rafael Videla, e que foi responsável pelo extermínio/desaparecimento de mais de 30 mil argentinos, dentre os quais bebês nascidos de mães que estavam presas nos cárceres das ditaduras argentinas. A maioria desses bebês sequestrados nunca foram encontrados.

Kissinger, como Secretário de Estado dos EUA, tem a mão suja de sangue por todos esses crimes, afinal, foi o imperialismo norte-americano que instaurou a ditadura argentina.

Igualmente, manteve no poder a ditadura de Alfredo Stroessner, no Paraguai, mais outra ditadura fascista na América do Sul, responsável pelo desaparecimento e extermínio de milhares de trabalhadores e camponeses sul-americanos.

E, é claro, o Brasil não ficou de fora das mãos criminosas de Kissinger. Embora o golpe militar tenha sido em 1964 (conduzido pelos EUA, vale lembrar), foi durante seus termos que a ditadura brasileira mais se aproximou de um regime fascista totalitário.

Conforme consta da página português da Wikipédia, “os anos de chumbo foram o período mais repressivo da ditadura militar no Brasil, estendendo-se basicamente do fim de 1968, com a edição do AI-5 em 13 de dezembro daquele ano, até o final do Governo Médici, em março de 1974”. E Kissinger esteve no alto escalão do governo dos EUA de 1969 a 1977.

Ocorre que, mesmo após isto, com a ditadura brasileira já sob Ernesto Geisel, o secretário Kissinger continuou a perpetrar seus crimes contra o povo brasileiro. Conforme exposto no livro “Kissinger e o Brasil”, de Matias Spektor, o político norte-americano estabeleceu canais de comunicação secretos entre os governos americano e o brasileiro. Nesse sentido, foi revelado que, no ano de 1974, o então diretor da CIA enviou um memorando a Kissinger, com a informação de Geisel autorizando a execução de opositores políticos.

Os fatos expostos acima servem para demonstrar que Henry Kissinger foi o grande organizador das guerras e dos golpes perpetrados pelo imperialismo após a Segunda Guerra Mundial, os quais resultaram na morte de milhões de trabalhadores em todo o mundo.

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