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Walter Delgatti Neto

Hacker escancara fragilidades do sistema eleitoral e diz ter agido sob ordem de Bolsonaro

Confira atualizações sobre o depoimento de Delgatti à Comissão

Nesta quinta-feira (17), Walter Delgatti Neto, conhecido como o Hacker da Lava Jato, está prestando depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro.

A sessão para ouvi-lo começou às 09h35. Confira, logo abaixo, os principais destaques de seu depoimento:

A ponte entre Delgatti e o Tribunal Superior Eleitoral

Durante seu depoimento à CPMI do 8 de Janeiro, Walter Delgatti informa que teve acesso ao sistema do TSE com auxílio do Ministério da Defesa, quando Bolsonaro ainda era presidente.

O hacker disse que a ponte entre ele e o ministério, através do ministro Paulo Sérgio Nogueira, foi feita pelo próprio ex-presidente Jair Bolsonaro, em agosto de 2022:

“A conversa foi bem técnica até que o presidente me disse: a parte técnica eu não entendo, vou te enviar para o Ministério da Defesa, por meio do general Marcelo Câmara, e lá você explica, a despeito da resistência de Marcelo Câmara em levá-lo”.

Conforme Delgatti, ele chegou a se encontrar cinco vezes com Paulo Sérgio Nogueira e com os servidores da área de tecnologia e informação do Ministério da Defesa, na própria sede do órgão.

Explica, então, como ocorria a ponte entre ele e o TSE, que era feita pelo ministro e pelos servidores:

“A ideia inicial era que eu inspecionasse o código-fonte, só que eles explicaram que o código-fonte ficava somente no TSE e apenas servidores do Ministério da Defesa teriam acesso a esse código. Então, eles iam até o TSE e me repassavam o que eles viam, porque eles não tinham acesso à internet, eles não podiam levar uma parte do código; eles acabavam decorando um pedaço do código e me repassando”, relatou Delgatti.

A ponte servia para recolher as informações necessárias para a elaboração do relatório das Forças Armadas a respeito das urnas eletrônicas, que fora entregue ao TSE no dia 9 de novembro de 2022.

“Então, tudo isso que eu repassei a eles consta no relatório que foi entregue ao TSE. Eu posso dizer hoje que, de forma integral, aquele relatório tem exatamente o que eu disse, não tem nada menos e nada mais”.

Delgatti detalha plano para invadir urnas eletrônicas

Walter Delgatti Neto, conhecido como o “hacker da Lava-Jato”, expôs hoje (17), em seu depoimento na CPMI do 8 de janeiro, como as urnas eletrônicas podem ser fraudadas caso se tenha acesso ao seu código-fonte.

Delgatti informou que Duda Lima, o marqueteiro de Bolsonaro, pedira-lhe para que criasse um código-fonte falso a fim de demonstrar que é possível que a urna registre um número diferente daquele pressionado pelo eleitor no momento da votação.

Segundo Delgatti:

“A segunda ideia era, no dia 7 de setembro, eles pegarem uma urna (emprestada da OAB, acredito) e que eu colocasse um aplicativo meu lá, e mostrasse à população que é possível apertar um voto e sair outro. […] O código-fonte da urna, eu faria o meu, não o do TSE […] quem tem acesso ao código-fonte antes de compilá-lo, é possível inserir linhas que façam com que o código-fonte é o código aberto, que tem diversos arquivos e, compilado, ele vira apenas um, que é o que estava na urna… quem tem acesso ao código-fonte antes de compilá-lo, consegue inserir linhas que façam com que seja apertado um voto e o resultado seja outro. Lembrando que […] o código-fonte obedece a quem está criando ele […] a ideia era demonstra que a urna, se manipulada, sai outro resultado”.

“O senhor é um criminoso contumaz”, diz Delgatti a Moro

Nessa quinta-feira (17) está ocorrendo perante a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de janeiro o depoimento do hacker Walter Degatti Neto, que ficou conhecido por divulgar conversas de Sergio Moro, Deltan Dallagnol e demais membros da Operação Lava-Jato, no que ficou conhecido como Vaza Jato.

Durante o depoimento, foi inquirido pelo ex-juiz Sergio Moro, agora senador pelo União Brasil (PR).

As perguntas de Moro resumiram-se a tentar desqualificar Delgatti como pessoa, a fim de, alguma forma, manchar seu depoimento e as informações reveladas. Nesse sentido, perguntou questionou Delgatti sobre processo judiciais existentes contra ele.

Delgatti disse que respondeu cerca de quatro ações criminais e fora absolvidos em todas elas.

Ademais, frisou que foi vítima de perseguição, e as conversas de Moro às quais ele conseguiu acesso comprovam que o ex-chefe da Lava Jato seria um “criminoso contumaz”:

“Eu fui vítima de uma perseguição em Araraquara, inclusive comparável à perseguição que o senhor fez com o presidente Lula e o PT. Ressaltando que eu li as conversas de vossa excelência, li a parte privada, e posso dizer que o senhor é um criminoso contumaz. Cometeu diversas irregularidades e crimes”.

A discussão então ficou acalorada, e Morou retrucou, insistindo em desqualificar Delgatti:

“O bandido aqui, que foi preso, é o senhor […] Nós temos um depoente aqui que é acusado de processado por diversos crimes de estelionato […] Eu vejo colegas tomando a palavra dele como se fosse uma verdade absoluta, quando estamos diante de um estelionatário condenado”.

Vê-se, então, que em sua inquirição, Moro sequer se preocupou com os fatos para os quais Delgatti fora chamado a depor. Limitou-se a desqualificá-lo, a fim de desacreditar seu depoimento e as informações reveladas.

Hacker da Lava Jato conta como o Judiciário acabou com sua vida

No início do depoimento de Walter Delgatti à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) de 8 de Janeiro, fornecendo o seu histórico aos parlamentares presentes, o hacker contou um pouco sobre sua história e como ele se envolveu com a Lava Jato.

Nesse sentido, relatou um episódio de sua vida que serve para demonstrar como o Judiciário atua de maneira absolutamente autoritária contra quem quer que seja. Confira, abaixo, um trecho de sua fala inicial:

“Eu cresci em escola pública, não tive ensino médio, comecei depois na faculdade de Direito. E nessa faculdade, um professor da faculdade era um promotor de justiça da minha cidade. Ele realizou uma busca em minha residência e, nessa busca, foram encontrados os medicamentos que eu tomo, que é de ansiedade. Eu tenho TAG, que é ansiedade generalizada, e o TDAH, que faz eu falar rápido e perder o foco.

Nisso, houve uma prisão minha por tráfico de drogas com esses medicamentos. Uma prisão totalmente ilegal, não tive audiência de custódia e, como o promotor era o professor, ele me buscou em sala de aula, a viatura da polícia. Nisso, eu fique seis meses preso por tráfico de drogas em um presídio com traficantes e assassinos, sendo que eu nunca usei droga na minha vida, eu não bebo.

Saindo de lá, eu perdi a amizade, eu perdi namorada, eu perdi tudo porque eles me viam como traficante em uma cidade pequena.”

Delgatti defende o voto impresso: “é a única saída”

Um dos principais temas do depoimento de Walter Delgatti à CPMI de 8 de Janeiro foi o funcionamento das urnas eletrônicas. O hacker admitiu, em determinado momento, que teria um plano para invadir as urnas eletrônicas e demonstrar sua falibilidade e, frente a isso, o vice-presidente da Comissão, Cid Gomes (PDT-CE), perguntou:

“Como uma pessoa que entende disso tão profundamente como o senhor, qual sugestão o senhor daria na confecção do código-fonte para futuras eleições? Não que eu ache que houve nenhuma fraude. Quero deixar muito claro aqui que eu me incluo naqueles que acreditam na lisura das eleições. Mas qual o conselho que o senhor daria para reforçar a segurança?”

Aqui está, na íntegra, a resposta de Delgatti:

“De forma técnica? Eu vislumbro que a única saída seria a urna imprimir o voto. Porque nunca se sabe se há pessoas mal-intencionadas na manipulação do código e, após estudos e análises, cheguei à conclusão que a única solução é essa.”

Segundo Delgatti, Zambelli teria lhe oferecido emprego

A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) das Fake News, que investiga a divulgação de notícias falsas nas redes sociais e assédio virtual, realiza oitiva decorrente do requerimento nº 240/2019. Em pronunciamento, à bancada, deputada Carla Zambelli (PSL-SP). Foto: Geraldo Magela/Agência Senado

Nesta quinta-feira (17), Walter Delgatti Neto afirmou, em depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro, que a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) lhe prometeu um emprego na campanha do ex-presidente Bolsonaro. Todavia, o hacker disse que acabou cuidando das redes sociais de Zambelli.

De acordo com Delgatti, conhecido como o Hacker da Lava Jato, ele se encontrou por acaso com Zabelli em Ribeirão Preto (SP). Os dois trocaram contato e, então, a deputada teria o contatado para lhe oferecer a vaga.

“Posteriormente, ela disse que havia uma oportunidade de emprego a mim, no caso, seria na campanha do Jair Bolsonaro, do ex-presidente. Eu estive em Brasília, eu falei com o presidente, e logo em seguida, […] eu fiquei em Brasília. Eu ia trabalhar na parte de redes sociais do gabinete dela”, afirmou.

“Ele vota por 200 milhões de habitantes”

Nesta quinta-feira (17), o Hacker da Lava Jato, Walter Delgatti, está prestando um depoimento na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro acerca de seus supostos trabalhos com Carla Zambelli (PL-SP) e o ex-presidente Jair Bolsonaro para desmoralizar o Judiciário brasileiro.

Em um momento da sessão, Delgatti detalha como é o funcionamento das urnas eletrônicas, divulgando informações acerca da manutenção e modificação do código-fonte dos aparelhos por parte do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Após ser indagado sobre quantas pessoas seriam responsáveis por esse trabalho dentro do tribunal, ele diz:

“Eles dizem que são cinco pessoas, mas eu descobri que até 2018, 19, era apenas uma pessoa, que é Giuseppe Dutra Janino. Em 98, ele já havia feito um curso de algoritmos, em 98 ninguém sabia o que era isso aqui no Brasil, ele fez curso na França […] Eu achei estranho eles darem tanto poder a apenas uma pessoa porque uma outra pessoa no lugar dele – ou até ele – tem o poder de decidir o resultado de uma eleição. Ele vota por 200 milhões de habitantes caso ele tenha essa má intenção.”

“Eles precisavam que eu assumisse a autoria daquele grampo”

Walter Delgatti, o Hacker da Lava Jato, afirmou, nesta quinta-feira (17), que a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) mediou uma ligação entre ele e Bolsonaro na qual o ex-presidente teria dito que obteve um grampo do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

“Eu falei com o presidente da República e, segundo ele, eles haviam conseguido o grampo, que era tão esperado na época, do ministro Alexandre de Moraes. Segundo ele, esse grampo foi realizado já e teria conversas comprometedoras do ministro, e ele precisava que eu assumisse a autoria desse grampo, lembrando que à época eu era o hacker da Lava Jato. Então seria difícil a esquerda questionar essa autoria, porque lá atrás eu havia assumido a Lava Jato – que realmente fui eu – e eles apoiaram. Então a ideia seria o que? O garoto da esquerda assumir esse grampo”, disse Delgatti durante depoimento na CPMI do 8 de Janeiro.

Segundo Delgatti, Bolsonaro disse a ele que “agentes de outro país” haviam grampeado Moraes. Todavia, o hacker afirma que nunca teve acesso ao grampo. “Não sei se é verdade, se realmente existiu o grampo”.

Hacker admite ter invadido CNJ para emitir prisão de Moraes

Durante depoimento para a CPMI do 8 de Janeiro, o hacker Walter Delgatti Neto afirmou que a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) foi quem pediu a ele para que invadisse o sistema interno do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). A ordem teria sido dada, segundo Zambelli, pelo ex-presidente Jair Bolsonaro.

“A deputada me disse que eu precisava invadir algum sistema de Justiça ou o TSE em si, ou alguma invasão que mostrasse a fragilidade do sistema de justiça, dizendo que seria uma ordem também do presidente. Porém, apenas a deputada me disse isso, eu não ouvi isso do presidente”, disse Delgatti.

De acordo com o Hacker da Lava Jato, ele teria tido acesso aos dados do sistema por quatro meses. A partir do CNJ, conseguiu acesso a todos os tribunais do País.

Então, por meio do Banco Nacional de Mandados de Prisão (BNMP) do Conselho, o hacker emitiu um falso mandado de prisão do ministro Alexandre de Moraes para ele mesmo. Delgatti afirmou ter recebido 40 mil reais de Zambelli para fazer o serviço.

Delgatti: Bolsonaro ofereceu indulto para invadir urna eletrônica

Nesta quinta-feira (17), em depoimento à CMPI do 8 de Janeiro, o Hacker da Lava Jato, Walter Delgatti, afirmou que a campanha eleitoral de Bolsonaro planejou forjar a invasão de uma urna eletrônica durante as celebrações do 7 de setembro do ano passado.

Na demonstração em questão, o hacker afirmou que usaria um “código-fonte fake”, feito por ele, para mostrar que as urnas não são invioláveis e poderiam registrar um voto diferente daquele que o eleitor queria.

Delgatti também disse que o ex-presidente prometeu um indulto presidencial de eventuais condenações aplicadas a ele pela Justiça. O hacker teria apresentado o plano a Bolsonaro durante uma reunião no Palácio da Alvorada, em 10 de agosto de 2022, já em período de campanha eleitoral.

“Sim, recebi (proposta de benefício). Inclusive, a ideia ali era eu receber um indulto do presidente. Ele havia concedido indulto ao deputado (Daniel Silveira) e, como eu estava investigado pela (operação) Spoofing, impedido de acessar a internet e trabalhar, eu estava visando esse indulto, que foi oferecido no dia”, disse Delgatti à relatora Eliziane Gama (PSD-MA).

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