O Gabinete de Segurança Institucional, tão comentado nos últimos dias pela imprensa burguesa, não possui uma origem democrática. Fundado do Estado Novo por Getúlio Vargas, o gabinete era casa exclusiva de poder dos militares e de outros homens do alto escalão do aparato repressivo.
Quando Vargas reconduziu ao cargo um ex-integrante das polícias do governo anterior, Washington Luis, presidente deposto pela Revolução de 1930, falou que reconduzir o Chefe de Polícia do seu mandato novamente ao cargo que ocupava seria como Vargas caçar com os cães que ele caçava em seu governo, concluindo que, de tal forma, terminaria “em um mato sem cachorro”. A fala do ex-presidente se dá também ao GSI.
O Gabinete que, em tese, deveria agir em prol do poder executivo eleito, não age como mais do que uma força paralela, sob comando do alto escalão golpista e reacionário das Forças Armadas, conspirando contra o presidente que ousar se levantar contra suas vontades. Em sua primeira formulação melhor estruturada, já durante os anos fascistas do Estado Novo, chamava-se “Gabinete Militar”, sendo seu chefe, oficialmente, um Ministro de Estado.
O primeiro indicado por Vargas para o cargo foi o General de Brigada Francisco José Pinto, que foi agraciado com a Grã-Cruz da ordem militar máxima de Portugal. Ao longo dos anos seguintes, todos que assumiam agiam como agentes exclusivos de repressão popular, sendo, em sua unanimidade, generais do Exército.
Está na moda, na imprensa burguesa, falar que o gabinete ou o órgão repressivo que for é, em sua essência, uma instituição democrática e que o respeito a ela seria a defesa da democracia – uma falácia em muitas escalas diferentes. Não só é o contrário atualmente, como desde a sua fundação. É fruto de um regime fascista e de repressão onde os comunistas e diversos outros trabalhadores foram perseguidos pelo aparato repressivo do Estado.
Nos dias de hoje, o chefe do comando das Forças Armadas é indicado pelo presidente Temer, o antro dos golpistas, e nada mais é do que um conspiracionista com um exército em suas mãos. Não é preciso falar que, caso seja o momento para a burguesia e as forças armadas, ele estará na dianteira da derrubada do governo Lula. A suposta defesa contra o fascismo, para setores da esquerda e da imprensa capitalista, se dá pelo uso dos fascistas que estão nas forças fascistas que remanescem com poder em nosso regime atual.
O aumento da influência militar voltou no governo Temer com a indicação de Etchegoyen para o cargo do GSI. O fato curioso desta indicação se dá com a linha parentesca de Etchegoyen, já abordada pelo Diário Causa Operária por diversas vezes, pois ele é neto de Alcides Etchegoyen, general do exército brasileiro atuante no Clube Militar do Estado Novo, sendo o braço e a mente repressiva do fascismo brasileiro de forma oficial.
O general varguista Etchegoyen, tendo agido exclusivamente no Estado Novo, foi conhecido por sua forte atuação contra dois grupos: o primeiro era formado pelas prostitutas, enquanto o segundo era a oposição política do governo. Ele era, na forma mais clara, o carrasco e o homem responsável pela prisão, extradição e morte dos comunistas que se opunham ao fascismo vigente no Brasil.
É impossível, por definição, defender a manutenção de um órgão fascista que, desde sua origem, agiu ou contra os governos que tentaram promover reformas para os trabalhadores, ou a favor dos fascistas que estiveram no poder, seja no Estado Novo ou na Ditadura Militar. O Gabinete de Segurança Institucional apenas conspirará contra Lula e qualquer tentativa de impor um governo que escute minimamente os operários.
