Nas últimas semanas, a posição tomada por membros do governo brasileiro diante da disputa entre a Venezuela e as petroleiras norte-americanas pela posse da região de Essequibo está revelando que Lula pode estar perdendo o comando de seu gabinete.
Até agora, o Palácio do Planalto tem tomado uma posição centrista. Nem condenou a Venezuela, afirmando que o plebiscito feito por Maduro é um problema interno do país latino-americano, o que é fato, tampouco reconheceu o direito venezuelano sobre a região, deixando essa linha em branco. Essa é a posição que o próprio presidente Lula externou.
Entretanto, José Múcio, ministro da Defesa, afirmou que “o Brasil não apoia nem apoiará nenhum ato de arbitrariedade e que a coisa precisa ser resolvida no campo diplomático”. Assim, para o chefe da pasta, uma arbitrariedade seria alguém que foi roubado, como é o caso da Venezuela, tentar recuperar sua propriedade! Além disso, nesta segunda-feira (11), disse que “a Venezuela só tem como invadir, pela via terrestre, passando pelo território brasileiro. Nós não vamos permitir isso em hipótese alguma”.
Ambas declarações não condizem com as emitidas por Lula. Ou seja, no governo brasileiro, há o presidente número um, Lula, e o presidente número dois, que é Múcio, o homem das Forças Armadas. O governo não aparenta ter um comando centralizado, mas sim ser composto por partes independentes.
As forças armadas deslocaram tropas para a região de Essequibo. Por quê? Ninguém sabe. Maduro vai invadir o Brasil? Nada indica que esse seja o caso. Sem contar no fato de que a Guiana e a Venezuela compartilham uma fronteira de quase 1.000 km. O presidente venezuelano precisaria, de fato, entrar no território brasileiro?
Fato é que o Brasil não está ameaçado. Agora, por outro lado, sabe-se que os Estados Unidos, o imperialismo norte-americano está fazendo exercícios militares na Guiana para intimidar o governo Maduro. Fica, portanto, a impressão de que o deslocamento das Forças Armadas brasileiras é algo análogo aos exercícios militares que estão sendo feitas pelas Forças Armadas norte-americanas na Guiana.
As declarações de José Múcio se somam a uma série de outros eventos preocupantes para o governo. Recentemente, Lula indicou para o Supremo Tribunal Federal (STF) e para a Procuradoria-geral da República figuras que contrariam flagrantemente os seus interesses, o que indica que o governo está muito acuado, dando margem para que direitistas como José Múcio atuem de maneira ainda mais independente e sabotem a presidência da República em plena luz do dia.