O governo do Mato Grosso publicou matéria em seu site oficial informando que os índios do estado estão indo trabalhar no Rio Grande do Sul na colheita da maça, e que isso para os indígenas tem sido o paraíso na terra, segundo depreende-se do enfoque da matéria propagandística do governo direitista do estado.
Segundo a matéria recebem o salário mínimo, mais alimentação, passagem de ida e volta, alojamentos e cesta básica.
A matéria de forma eufemística chama o trabalho árduo de labor, talvez querendo nos levar a pensar que os índios vão ao RS para lazer.
A realidade enfrentada pelo indígenas no entanto é bem diferente do mostrado na matéria do governo do estado do MS.
A começar já no embarque nas aldeias do estado, são usados ônibus precários que levam os trabalhadores indígenas por mais de 1.200 quilômetros até o local da colheita no sul país. Ônibus que sequer poderiam circular na cidade são usados em rodovias perigosas.
Segundo os próprios índios nada do que foi prometido é entregue.
Alojamentos insalubres, se é que contêiner podem ser chamados de alojamentos, péssima alimentação, jornada extenuante, a prática de desconto antecipado de despesas, não pagamento de salários, etc..
A situação para os índios é tão degradante que não é raro eles tentarem o suicídio lá mesmo no meio da colheita.
O que acontecia com os nordestinos a décadas atrás, agora acontece com os índios.
Na realidade a propaganda do governo esconde o fato de que ele esta atuando como intermediário para contratação de mão de obra barata e/ou escrava para a agroindústria do sul do pais.
Ao todo mais de 13 mil indígenas saem de suas aldeias para trabalhar na safra da maça anualmente.
O latifúndio do MS em parceria com os latifundiários do sul resolvem dois problemas com uma ação só, pelo lado do MS impedem os índios de usarem a própria terra para tirar dela o seu sustento, e pelo lado dos sulistas conseguem mão de obra barata para colher suas maças envenenadas.
Estranho também é que estados como Rio Grande do Sul não tenha mão de obra local para fazerem a colheita já que o índice de desemprego nesse estado é grande.
Isso reforça ainda mais a constatação de que a mão de obra dos índios é a mais barata e data a situação de vulnerabilidade dos mesmos sejam usados descartáveis pelos latifundiários do Sul.
A situação vergonhosa e desumana a que os índios remanescentes são colocados não é em nada diferente aos dos negros vindos da áfrica no séculos XVI a XIX.
Voltando ao ponto central, é preciso que as terras dos índios sejam demarcadas, e as que já estão sejam dadas condições para que tenham condições de tirar dela o seu sustento, que possam receber assistência técnica agrícola, assistência médica, escolas. As empresas utilizadores de mão de obra escrava devem ser expropriadas e entregues aos trabalhadores.