No último dia 30, militares tomaram o poder no Gabão, na África Central, após a declaração de que Ali Bongo havia sido reeleito, em mais uma eleição fraudada.
Bongo governava o país há 14 anos, sucedendo seu pai, Omar Bongo, que governou de 1967 a 2009. Foi educado, desde os nove anos, em escolas privadas da França, onde sua família possuía inúmeras propriedades. Lá cursou Direito, na Sorbonne. Sequer sabia falar as línguas locais, e o povo o considerava como um estrangeiro.
O apoio popular ao golpe militar e as comemorações pelo fim da “era Bongo”, indicam que o Gabão se soma a outros sete países do continente africano que promoveram golpes de Estado no último período em uma onda nacionalista em oposição ao imperialismo francês. Foram depostos recentemente os governos coloniais do Mali, Níger, Burkina Faso, Guiné e Sudão, todos semi colônias francesas (o que chamam de territórios ou departamentos ultramarinos).
O pedido de ajuda internacional feito pelo presidente deposto, aliado às ameaças de retaliação por parte do presidente francês Emmanuel Macron com o apoio da Alemanha e dos EUA corroboram com essa perspectiva.
Bongo, como os demais governos depostos eram capachos da França, que usurpava as riquezas do seu país, rico em petróleo, em meio a uma gigantesca miséria dos povos do continente.
Por sua política entreguista os depostos são odiados pela maioria do povo e não há notícias de protestos populares, nesses países, a favor do retorno deles ao governo.
O apoio popular ao golpe é indício de que a rebelião no Gabão segue os passos dos demais países, o que acentuará a crise do imperialismo no continente e no mundo.
O presidente Bola Ahmed Tinubu, da Nigéria, – que já ameaçou invadir o Níger – falou de “contágio”, para expressar a preocupação com a onda de golpes e mobilizações que ameaçam fazer ruir todo o sistema de dominação do imperialismo no Continente.
O “continente negro” dá novo impulso à luta que se desenvolve em todo o mundo contra a dominação imperialista, enfraquecida pelas derrotas militares no Afeganistão, Iraque, Síria, Rússia etc.; na questão dos BRICS e na crescente revolta popular nos países pobres.
Está desabando, e não é só na África, o sistema atual de dominação imperialista.
A classe operária e suas organizações de luta de todo o mundo devem apoiar essa luta emancipatória, como um primeiro passo, da maior importância, no sentido de impor mais uma derrota decisiva para os maiores inimigos da classe trabalhadora de todo mundo, os monopólios e seus Estados imperialistas.