Desde o início do mês de março, surgiram protestos contra o governo na Geórgia. O que motivou os manifestantes a irem às ruas foi o projeto de lei apresentado, que considerava qualquer organização com mais de 20% de seu financiamento proveniente de governos ou organizações externos, como agentes estrangeiros.
A medida procurava impedir a proliferação de ONGs imperialistas pelo país. No entanto, como retaliação, as ONGs, em conjunto com o governo norte-americano, convocaram uma série de atos em todo o país, que perduram até mesmo depois da rejeição da lei. Eles foram comparados ao Euromaidan ucraniano pelo ministro das relações exteriores Sergei Lavrov.
No entanto, vale ressaltar que a forte intervenção do imperialismo, em particular da União Europeia, na Georgia é muito anterior a estes acontecimentos. Durante muito tempo, o país foi controlado pelos defensores da tese de que se deveria estreitar laços com a Europa – ou com o “Ocidente” –, buscando uma integração europeia.
Já o atual governo, de Bidzina Ivanishvili, apesar de não ser completamente alinhado à Rússia, procura se afastar do imperialismo. Com tal panorama, o imperialismo iniciou uma grande campanha contra o governo georgiano – semelhante àqueles eventos que ficaram conhecidos como “Revolução Colorida”.
O argumento que os direitistas usam é de que seria censura classificar aquelas ONGs que recebem dinheiro de outros governos como agentes estrangeiros. Eles se baseiam no fato de a Rússia ter uma lei parecida, que seria, segundo eles, utilizada para perseguir a oposição.
A campanha do imperialismo também atacava a lei pelo fato de ela, supostamente, ser de origem russa. Os direitistas buscavam apresentar que quem apoiasse a lei estaria do lado de Putin – o que, além de demonstrar o caráter imperialista da campanha, também era falso.
Na realidade, quem formulou a lei foram partidos que não tinham nenhuma ligação com a Rússia. E o modelo da legislação não era a lei aprovada pela Rússia, mas a lei que trata do tema nos Estados Unidos, em vigor desde a década de 1930.
Ocorre que país nenhum do mundo é obrigado a aceitar agentes externos de desestabilização, financiados com dinheiro vindos de outros países, em seu território. Tanto é que, além da Rússia, a Venezuela também elabora uma lei nesse sentido – embora insuficiente, porque não proíbe o financiamento de potências estrangeiras para ONGs que atuem na política nacional; e mesmo o Canadá também aprovou uma lei que obriga a classificação dessas organizações como agentes estrangeiras.
Essas ONGs, ligadas à Fundação Ford, por exemplo, compraram uma parcela significativa da classe média georgiana. Para se ter uma ideia, há mais de 1200 ONGs na Geórgia, e elas impulsionaram o investimento de 120 milhões de dólares para 1 bilhão de dólares – em um país pequeno e pobre.
Com isso, há todo um mercado de funcionários do imperialismo, de pessoas pagas, que conseguiram desarticular totalmente o regime político e quase derrubar o governo. Há, no entanto, que se levar em consideração outro aspecto: no Brasil, está acontecendo o mesmíssimo processo de infiltração.
No governo do PT, Anielle Franco, que trabalha em ONG ligada à Open Society, é ministra de Estado; bem como Silvio Almeida, que também está trabalhando no momento para esse tipo de organização. Ou seja, assim como na Geórgia, há todo um instrumento para se infiltrar no país e desestabilizar o regime político – tal fato deve atrair significativa atenção. Afinal, na Geórgia, eles conseguiram controlar totalmente o país com as ONGs; no Brasil, embora as organizações sociais sejam mais sólidas e tais golpes sejam mais difíceis, não se pode negar o poder de fogo das organizações desse tipo, já que contam com o grande aparato imperialista.