Sobre o ocorrido no início do ano, não é novidade para ninguém que a cúpula das Forças Armadas estava à frente da organização do ato da direita golpista do dia 08 de janeiro. Só não viu que não quis ver! Segundo a própria imprensa golpista, através da Folha de S. Paulo, “a cúpula do Exército Brasileiro soube por meios próprios da gravidade da crise em formação em Brasília no dia 7 de janeiro deste ano, véspera dos ataques golpistas contra as sedes dos três Poderes na capital federal”. (Site Folha de S. Paulo, em 26/08/2023)
O que chama a atenção é que o relator de um dos inquéritos, Alexandre de Moraes, que vem indiciando penalmente supostos “incitadores”, que prendeu mais de mil “perigosos terroristas” por estarem em uma manifestação, na maioria pessoas idosas, trabalhadores comuns, donos de pequenos negócios, etc., fecha os olhos para os verdadeiros organizadores da tentativa de desestabilizar o governo Lula que são os oficiais de alta patente das Forças Armadas.
Não é de hoje a divulgação de evidências do envolvimento da cúpula do Exército na manifestação do dia 08 de janeiro deste ano. Em reportagem da revista Veja, logo no começo do ano, um mês depois do ocorrido, mostrou evidências que ligam a participação do general Augusto Heleno como um dos mentores intelectuais da invasão da Praça dos Três Poderes e, segundo a mesma reportagem o ex-ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), Augusto Heleno, é visto como um dos principais, se não o principal articulador de uma tentativa de golpe de Estado que começou a ser conspirada meses antes da manifestação.
Não pode haver qualquer dúvida que todo aparato de defesa do Estado brasileiro sabia que as manifestações aconteceriam. Em poucos dias os manifestantes estavam organizados em frentes aos quartéis de diversas cidades do país, o Gabinete de Segurança Institucional dispensou oficiais do plantão 48 horas antes, além de uma série de registros que demonstram como todo aparato de defesa do estado facilitou a invasão.
Não há como sustentar a tese de que o ocorrido se tratou de uma tentativa de golpe de estado, se muito uma demonstração de força da direita, que foi derrotada nas eleições do ano passado. Porém, não pode haver qualquer dúvida sobre a participação do alto comando militar neste ato para desmoralizar o novo governo Lula.
Mesmo com todas as evidências é claro que o STF (Supremo Tribunal Federal), na figura de Alexandre de Moraes, não irá dar prosseguimento nas investigações. Até agora nenhum militar foi punido e será muito difícil fazê-lo, já que se trata de uma força paralela e muito difícil punir os verdadeiros mentores e financiadores daquela manifestação, a cúpula das Forças Armadas.
O STF e Alexandre de Moraes são parte das instituições padronizadas e qualificadas para atuarem contra a classe trabalhadora pelas ditaduras que ocorreram no Brasil. Foi essa instituição, com ajuda de outras, como a Polícia Federal, que retiraram a presidente Dilma Rousseff da presidência, permitiram a destruição de parte expressiva da economia nacional e prenderam Lula por mais de 500 dias. Não há possibilidade de esperar que esse aparato seja colocado, agora, como parte essencial para punir os verdadeiros responsáveis pelos crimes da manifestação do dia 8 de janeiro.