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Fim da dinastia Bongo

Gabão: mais um golpe militar contra dominação francesa na África

Presidente já estava no país desde 2009 e havia acabado de ser reeleito em pleito bastante controverso

Na manhã de ontem (30), o mundo foi surpreendido com mais um golpe militar ocorrido no continente africano. Desta vez, o evento se deu no Gabão, país localizado na África Central. O Gabão faz fronteira com apenas três países: Congo, Camarões e Guiné Equatorial, estando distante da região do Sahel, onde ficam Mali, Burquina Fasso e Níger.

“No dia de hoje, 30 de agosto, nós, das forças de defesa e de segurança unidas no Comitê para a Transição e Restauração das Instituições, pelo bem do povo gabonense e pela proteção das instituições, decidimos defender a paz pondo um fim ao regime atual”, anunciou um porta-voz da junta militar que depôs o presidente Ali Bongo.

A decisão da junta militar se deu após o anúncio oficial por parte do Centro Gabonense de Eleições (CGE) de que Ali Bongo havia a corrida presidencial com 64,27% dos votos. “Estão anuladas as eleições de 26 de agosto e os resultados manipulados”, anunciou um dos militares.

Horas depois, em uma segunda declaração, o grupo informou que o presidente reeleito está detido em sua residência, caracterizando o governo de Ali Bongo como “irresponsável e imprevisível”. Entre os militares que fizeram o anúncio estavam membros da Guarda Republicana (GR), a guarda pretoriana da Presidência.

“Todas as instituições da República foram dissolvidas: o governo, o Senado, a Assembleia Nacional e o Tribunal Constitucional […] Reafirmamos nosso compromisso de respeitar os compromissos do Gabão com a comunidade internacional”, disseram. O grupo fala em nome de um “Comitê para a Transição e Restauração das Instituições” e pediu à população que “mantenha a calma e a serenidade”.

O golpe militar no Gabão é o oitavo golpe militar no continente nos últimos quatro anos. É, ainda, o segundo ocorrido no intervalo de um mês, uma vez que, no Níger, uma junta militar acabou de depor o presidente eleito em seu país. Embora o golpe ocorra no mesmo período em que Mali, Níger, Burquina Fasso, Guiné e Sudão, esse é o primeiro golpe recente na região. Apesar da distância, o Gabão guarda uma relação íntima com os países do Sahel: é uma semicolônia francesa.

No mesmo dia em que o golpe foi decretado, Ali Bongo publicou um vídeo. O presidente deposto a “todos os amigos” de “todo o mundo” para “fazerem barulho” em relação ao que está acontecendo no país africano. “Meu filho está em algum lugar, minha esposa está em outro lugar e eu estou na [minha] residência”. Bongo afirmou que não sabia de nada do que estava acontecendo.

Já durante a tarde, segundo o fuso horário brasileiro, a junta militar anunciou o seu presidente da Transição e Restauração das Instituições: Brice Oligui Nguema. Com 48 anos, ele era, até antes do golpe, chefe da Guarda Republicana (GR) durante o governo de Ali Bongo. À frente da Guarda Republicana, Nguema tomou uma série de medidas que lhe renderam popularidade e simpatia, como a melhora das condições de vida e de trabalho dos seus homens, reparação e modernização da infraestruturas, financiamento de escolas para filhos de soldados e restauração de determinados alojamentos.

De acordo com alguns órgãos de imprensa, Nguema é também primo de Ali Bongo.

As reações ao golpe militar foram imediatas. Por meio do porta-voz do governo, Olivier Véran, a França condenou o “golpe militar em curso no Gabão”, afirmando que Paris está “acompanhando de perto a evolução da situação”. Véran, em declaração dada em uma conferência de imprensa que se seguiu à reunião semanal do Conselho de Ministros francês, também disse que o país “reafirma” a esperança de que o resultado das eleições “possa ser respeitado”. A União Europeia,, por sua vez, reagiu de maneira mais dramática. Josep Borrell, Alto Representante da União Europeia para Assuntos Estrangeiros e a Política de Segurança, declarou que o golpe seria “um grande problema para a Europa”.

A Nigéria, um dos grandes aliados do imperialismo europeu na África, também se mostrou preocupado com o golpe. “O Presidente Bola Ahmed Tinubu está acompanhando de perto os acontecimentos no Gabão com profunda preocupação pela estabilidade sociopolítica do país e pelo aparente contágio autocrático que aparentemente se espalha por diferentes regiões do nosso amado continente”, afirmou o conselheiro especial do presidente para os Meios de Comunicação Social e Publicidade, Ajuri Ngelale, ao falar com correspondentes da Câmara do Estado.

A França, principal interessada nos acontecimentos no Gabão, já começou a agir. Sua Embaixada recomendou que os franceses no país africano não deixassem suas casas e disponibilizou um número de telefone de emergência. A empresa francesa Erat, por sua vez, declarou que iria encerrar suas atividades no país.

Ainda é cedo para determinar com clareza qual vai ser a orientação política do novo governo formado. Contudo, uma coisa já ficou clara, a partir das próprias reações dos países imperialistas: o golpe não estava sendo esperado pelos franceses. Trata-se, portanto, na melhor das hipóteses (para a França), de um ataque à estabilidade de seu domínio sobre o país. Isto é, que a dominação é tão fraca que os franceses sequer conseguem prever o que irá acontecer no regime político do país. Na pior das hipóteses – e mais provável -, a junta militar se comportará de maneira semelhante às jutnas militares de Burquina Fasso e do Níger. Isto é, com um caráter abertamente anti-Francês.

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