Os acontecimentos ocorridos na invasão dos três poderes em Brasília por parte de manifestantes bolsonaristas, abriu de maneira clara a crise entre o governo Lula e os militares. Os ministros do governo já afirmam que o chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Gonçalves Dias, resiste em retirar do cargo os servidores e militares bolsonaristas que trabalharam com Augusto Heleno durante o mandato de Jair Bolsonaro.
A desculpa da vez é que não poderia-se exonerar todo um comando com demissões em massa, pois poderia acarretar em prejuízos a segurança nacional. No entanto, o que foi demonstrado na manifestação em Brasília é que a extinção do GSI é algo fundamental para a sobrevivência do governo eleito, pois este órgão, controlado pelos militares, foi um das principais frentes de articulação dos atos contra o governo Lula.
Além disso, a direção do GSI se opõe frontalmente ao governo e a resistência dada demonstra que o órgão age como algo subordinado a alta cúpula dos militares golpistas, e não ao governo Lula. O GSI ainda nega retirar a Abin (Agência Brasileira de Inteligência) do comando do órgão, o que reforça a grande articulação para desestabilizar o governo eleito. O governo Lula quer subordinar de maneira direta a Abin à Casa Civil e não permitir que os militares tenham acesso direto no comando da agência.
G. Dias não apenas se nega a trocar o segundo e terceiro escalão herdados do governo Bolsonaro, mas também se recusa a trocar todo o primeiro escalão que foi escolhido a dedo por Heleno durante o mandato golpista.
Para se ter uma dimensão do problema, os únicos nomes importantes exonerados, como o coronel da reserva Adriano de Souza Azevedo, homem de confiança do general Heleno, e de Fabiane Ramos de Alcântara, foram feitos diretamente pelo ministro da Casa Civil, Rui Costa.
A resistência por parte de G, Dias confirma que o GSI é um instrumento central na articulação dos militares para conspirar contra o governo eleito. O GSI não protege o governo, pelo contrário, todas as informações apontam com clareza que a organização é uma peça importante na campanha golpista contra o governo eleito. Os militares querem desestabilizar o governo Lula, os atos em Brasília, com o apoio das forças armadas, da Polícia Militar, e como fica claro, do próprio GSI, demonstram este problema.
Não há mais condições de manter em funcionamento um organismo deste tipo, que tem como única função conspirar contra o governo. O GSI é um instrumento dos militares, um instrumento à serviço da desestabilização do governo eleito e do golpe. Na prática, os únicos que podem assegurar qualquer defesa ao governo Lula é a militância organizada, pessoas de real confiança de Lula. Apenas os trabalhadores mobilizados, com uma militância ativa e preparada, podem defender o governo eleito contra os conspiradores.
G. Dias irá continuar resistindo as tentativas do governo Lula em exonerar os militares no GSI, isso por que ele é subordinado não ao governo, mas sim à alta cúpula das forças armadas. O que Lula precisará é de organizar sua própria defesa e do governo eleito. Caso o GSI continue operando, o governo será alvo de suas operações, e situações como a de Brasília podem voltar a ocorrer pela ação direta destes grupos militares. As forças armadas no Brasil age como um poder paralelo ao Estado e ao governo eleito. O GSI é um braço deste poder que articula-se contra Lula e os trabalhadores.