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Loucura identitária

 Folha de SP usurpa poder do congresso e criminaliza “velhofobia”

Depois do STF usurpar o poder de legislar agora qualquer colunista da imprensa burguesa pode criar leis repressivas identitárias

A ideologia identitária está cada vez mais fora de controle. A criminalização de discursos por uma lei que não existe e depois a tentativa de cassação e prisão do deputado feral mais votado do Brasil certamente foi um dos auges da loucura identitária. Mas o identitarismo se difunde para outros setores da sociedade, a principal base mulheres, negros e LGBTs deu lugar a todo tipo de “luta” identitária. É o caso da “velhofobia”, também chamada de “gerontofobia” que foi o tema de uma coluna da professora universitária Miram Goldenberg na Folha de SP: “Estudantes que humilharam colega de 40 anos falam em brincadeira, mas velhofobia é crime”

A coluna em si tem muito pouca política e não aborda o principal tema, a ideia de que o preconceito com velhos seria crime, algo inventado pela autora. O que é uma boa demonstração de funcionamento do identitarismo. A sanha repressiva do movimento é tamanha que agora não só o STF tomou a prerrogativa de inventar leis, como o caso da LGBTfobia, como agora qualquer professor universitário acha que pode criar uma lei que criminalize algum preconceito. É um dos aspectos antidemocráticos dessa ideologia, o parlamento não é mais quem cria as leis, inclusive os parlamentares até podem ser cassados por leis falsas. Quem define o que pode ou não ser dito são professores universitários dos EUA diretamente ligados ao Estado norte-americano. O identitarismo é a base para impor a ditadura do imperialismo.

Passando para o caso em questão, uma mulher de 40 anos foi vítima de um deboche das alunas jovens de uma universidade em Bauru. Goldeberg descreve o ocorrido: ”No vídeo, uma das estudantes ironiza: Gente, quiz do dia: como ‘desmatricula’ um colega de sala?”. Outra diz: “Mano, ela tem 40 anos já. Era para estar aposentada”. “Realmente”, fala uma terceira. A jovem que grava o vídeo fala arrogantemente: “Gente, 40 anos não pode mais fazer faculdade. Eu tenho essa opinião”. Uma delas diz que a colega mais velha “não sabe o que é Google”. E outra debocha: “Ela acha que Google é a professora”. São jovens grosseiras que não sabem conviver com pessoas diferentes, mas não há nada absurdo, nem mesmo o discurso foi tão agressivo. Com essa política a tendência é que se criminalize o bullying o que levaria milhares de crianças a serem presas.

A então mostra como está desconectada da realidade: “A velhofobia está se disseminando cada vez mais pelas redes sociais com discursos de ódio, intolerância e preconceito por meio de piadas e de “brincadeiras de mau gosto” —”velho é ridículo, velho é teimoso, velho é um fardo, velho é inútil, descartável e incapaz”. Essa percepção não tem nada de novo, provavelmente existe desde o início da humanidade em diversas sociedades diferentes. O tratamento dado a população de idade no capitalismo é brutal, a grande expressão disso foi a reforma da previdência, que obrigou milhões a seguirem trabalhando. Isso em conjunto a reforma trabalhista condena os idosos a trabalhar até a morte, é uma monstruosidade. Mas essa “velhofobia”, como de costume para os identitários, é ignorada.

Goldenberg aborda um pouco a dura realidade dos trabalhadores idosos no Brasil: “As casas brasileiras escondem uma brutal violência física, psicológica e verbal, abuso financeiro, negligência, falta de cuidados básicos de higiene e saúde, maus-tratos e abandono dos mais velhos”. Mas a partir disso ela não desenvolve, acha que o problema dos idosos é que os jovens têm preconceito. E para resolver isso é preciso: “Lutar contra a velhofobia é lutar pela nossa própria velhice e, principalmente, lutar por uma sociedade com mais saúde, dignidade e autonomia para os nossos filhos e netos, os velhos de amanhã.” É um diversionismo, o problema real como sempre é material. Aqui se pode aferir os dois principais problemas do identitarismo.

Primeiro ele é idealista, não tenta combater as bases materiais do problema, faz um combate cultural que nada resolve. No caso da mulher por exemplo, se fala em “misoginia” e “patriarcado” mas o problema material das mulheres é esquecido. O identitarismo apaga luta tradicional das trabalhadores por creches e escolas em tempo integral, licença maternidade, direito ao aborto, emprego e paridade de salarios, dentre outras pautas. A luta real da mulher, pela libertação da escravidão do lar, vira a luta abstrata contra os homens e o patriarcado. No caso da “velhofobia” é semelhante, a luta pelas reivindicações dos trabalhadores idosos por aposentadoria digna, serviço de saúde gratuito e de qualidade é ignorada. Os inimigos não são os banqueiros, que saque os idosos, mas os jovens trabalhadores, que também não tem nada.

O segundo problema do identitarismo é a sua sanha repressiva. Se os inimigos reais fossem apontados, ou seja, se os bancos fossem reprimidos essa política faria sentido. Mas não é isso, os inimigos são sempre um setor da classe operária que é criminalizado. O identitarismo portanto fortalece o aparato de repressão do Estado burguês, ou seja, dos bancos. Os verdadeiros inimigos dos velhos saem ganhando com a política repressiva da criminalização da “velhofobia”, bem como a falsa criminalização da LGBTfobia e a criminalização do racismo. No fim é um argumento falsamente democrático por acabar com a liberdade de expressão, para que os bancos imponham a sua ditadura. Qualquer fortalecimento do aparato de repressão do Estado burguês sempre levara a uma maior opressão da classe operária, mas os identitários também fingem que essa classe não existe.

O fato de uma coluna da Folha de SP, um dos maiores jornais do Brasil, divulgar a notícia falsa de que a “velhofobia” é crime no Brasil é algo perigosissimo. Indica que a burguesia caminha para aumentar a ditadura. O STF já tem prerrogativas para criminalizar o que quiser, agora a própria imprensa burguesa esta ganhando essa prerrogativa. Nessa caminho o identitarismo levará a uma ditadura totalitária com um ar de democracia. É uma contradição que existe devido ao aprofundamento da crise internacional capitalista, é necessária uma ditadura para controlara a classe operária, mas é difícil lançar mão do fascismo dada a resistência dos trabalhadores. Se desenvolve então essa ditadura com ares democráticos, que é mais bem acabada nos países imperialistas, principalmente nos EUA, de onde surgiu o identitarismo.

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