No primeiro jogo da final do campeonato carioca entre Flamengo e Fluminense, o árbitro da partida Wagner do Nascimento Magalhães, adicionou na súmula que a torcida flamenguista fez cânticos homofóbicos durante a partida. Segue o detalhe da súmula:
“No momento das expulsões do atleta Samuel Xavier Brito e do técnico Fernando Diniz, ambos do Fluminense Football Club, no período em que a partida ficou paralisada, parte da torcida do Flamengo entoou canto homofóbico em ofensa à torcida adversária”.
A punição pode ir desde multa, perda de mando de campo e até perda de pontos no campeonato subsequente, visto que já chegamos à final deste. Também, até o momento, não se sabe exatamente o que a torcida gritou, visto que a súmula é vazia de conteúdo real.
É mais um ataque repressivo em relação a torcidas e aos clubes. Para os que estão lá cantanto os gritos não passam de provocação entre torcedores, uma coisa natural no futebol nacional. O nosso futebol não é simplesmente um esporte. Estão em jogo a maior importância e paixão de muitos torcedores. Querer obrigar o povo a “medir suas palavras” é utilizar da maior vigarice para o aumento ainda maior da repressão nos estádios, prática é querer que o povo se cale.
A Confederaçao Brasileira de Futebol (CBF), no início do ano, sem a previa anuencia dos clubes, colocou sanções pesadas para os clubes em casos de racismo, discriminações de orientação sexual, de sexo, de gênero, etnia, procedência nacional, religião, entre outras infrações que “afrontem a dignidade humana”. É praticamente entrar mudo e sair calado do estádio. Tudo, absolutamente tudo pode virar motivo de afronta e a dita dignidade humana é usada para fins nada dígnos. O único intúito é abrir caminho para a censura, a repressão e até para a prisão dos trabalhadores.
Estamos presenciando o início de uma nova era da censura. Qualquer fala, qualquer gesto será motivo de cadeia. Diante da crise iminente do capitalismo a burguesia se utiliza de todas as formas para calar o povo, calar os manifestantes e de uma forma ou de outra atirarem no inferno prisional brasileiro. Atacam uma das maiores tradições do nosso país, em uma das partes que sempre foi motivo do nosso futebol: a provocação. Querem instituir uma ditadura às claras, uma coisa moralidade para salvar os capitalistas e impor uma derrota ao povo.
A provocação é a alma do futebol nacional e o motivo de muitas risadas em bairros de periferia. A risada da classe operária causa revolta na burguesia. Querem um povo que só trabalhe, não dê risada, não brinque e não frequente seus mesmos lugares – como os estádios de futebol. Pudessem eles cortarem a língua de todos, mas não irão com certeza.