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André Lajst

“Fim de Israel” não é antissemitismo; “fim do Hamas” é nazismo

O propagandista número um do sionismo no Brasil, André Lajst, publicou um vídeo repleto de calúnias, mentiras e intrigas contra o Hamas

Após o vitorioso ato realizado no dia 4 de novembro na Avenida Paulista, em São Paulo, como parte do Dia Internacional de Solidariedade ao Povo Palestino, o propagandista número um do sionismo no Brasil, André Lajst, publicou um vídeo repleto de calúnias, mentiras e intrigas contra o Hamas e seus defensores no Brasil.

Fazendo jus à tradição do governo isralense, de quem é um grande apoiador, Lajst falsifica a realidade de uma maneira tal que bem merecia um prêmio Joseph Goebbels de propaganda. O seu objetivo, no final das contas, é estabelecer que: 1) quem defende o fim de Israel quer o extermínio de todos os judeus; 2) a culpa pela morte de mais de dez mil palestinos é do Hamas, que teria “obrigado” o pacato Benjamin Netanyahu, a contragosto, a bombardear hospitais; 3) quem é a favor dos palestinos deve lutar pela destruição do governo do Hamas; 4) Israel não é “colonialista”, o colonialismo morreu com o Império Otomano.

O leitor que ficou curioso em saber o malabarismo retórico que foi utilizado por Lajst para justificar tais posições terá que ter um pouco de paciência, pois cada declaração do sionista será analisada detalhadamente neste artigo, de modo a não deixar pedra sobre pedra do castelo de cinismos da propaganda pró-Israel. Por ora, já alertamos: é bom trazer um óleo de peroba, porque a cara de pau do sujeito não tem limites.

O sionista começa o vídeo falando que está em Tel Aviv, capital israelese, e que acompanhou com preocupação os atos de 4 de novembro, em especial o ocorrido em São Paulo, no Brasil. Segundo ele, os atos seriam preocupantes porque, “em muitos desses protestos, [há] frases de destruição de Israel, (…), de morte aos judeus, de perseguições aos judeus”.

As palavras de ordem voltadas para a destruição de Israel não têm nada de preocupantes – partem de uma reivindicação democrática, tradicional da esquerda mundial. No entanto, elas não serão discutidas a fundo neste momento.

Antes de discutir o fim do Estado de Israel, cabe assinalar a malícia do sionista que, logo após falar das frases contra o Estado de Israel, menciona “morte aos judeus” e “perseguições”. Lajst continua, afirmando que “pessoas foram intimidadas, perseguidas” e que “vários ataques antissemitas estão acontecendo em várias regiões e países do mundo inteiro”. O fato é que uma coisa nada tem a ver com a outra – Lajst tenta confundir o seu público insinuando que as “perseguições” e “intimidações” teriam acontecido no ato da Avenida Paulista ou teriam sido praticadas pelas mesmas pessoas que participaram da manifestação.

Não há registro algum de um único cartaz ou mesmo de um único discurso no ato do dia 4 de novembro com falas que possam ser consideradas “antissemitas”. O sionista, aqui, procura fazer um amálgama muito mal-intencionado, procurando associar aqueles que saíram às ruas para levantar uma palavra de ordem democrática com pessoas que supostamente estariam perseguindo judeus.

Há, para o bem da verdade, relatos recentes de hostilidades contra os judeus – o que é absolutamente natural, visto que um Estado judeu está promovendo um genocídio neste exato momento. É uma reação despolitizada, mas absolutamente compreensível. No entanto, cabe sublinhar: as manifestações antissemitas nada têm a ver com o ato de 4 de novembro e Lajst, que nem esteve no ato, nem tem prova de qualquer hostilidade ao povo judeu, age de má fé ao associar as coisas.

Fim do Estado de Israel é o mesmo que a extinção do povo judeu?

Dito isto, agora entremos no debate sobre o fim do Estado de Israel. Como a própria palavra de ordem diz, não se trata do fim de um povo, mas de um Estado, um tipo de organização social que não veio do nada e que, portanto, pode muito bem acabar caso haja uma necessidade social. Que foi a revolução francesa de 1789 se não a abolição do Estado absolutista sob o comando de Luís XVI? Algumas pessoas morreram, algumas foram presas, mas nenhum povo foi exterminado, nem mesmo a classe aristocrática.

O fim do Estado judeu é um problema do mesmo tipo. No território onde hoje os sionistas chamam de “Israel”, a polícia, o governo, o parlamento e, o mais importante, as forças armadas, estão sob o controle de uma minoria cujos interesses estão em total oposição ao da maioria da população da região. O Estado de Israel não é outra coisa que não o instrumento de uma minoria sionista que opera há décadas uma verdadeira limpeza étnica do povo palestino.

Não se trata apenas de um regime reacionário, como foi a Alemanha Nazista. A Alemanha se constituiu enquanto país em um processo social normal, e esteve durante anos sob o nazismo por uma série de circunstâncias específicas. Israel, por outro lado, é um Estado artificial. Um Estado montado, planejado, construído exclusivamente para atuar como uma polícia contra os povos que já habitavam aquele território. Todo o seu aparato é o resultado de uma excrescência, de uma ingerência externa na vida do povo árabe.

É por isso que Israel não tem o direito de existir. Os judeus que hoje habitam o território de Israel podem muito bem viver ali, mas não sob a forma de uma ditadura sionista controlada a mão de ferro pelos imperialismos norte-americano e europeu.

Como bom demagogo, André Lajst prefere não dizer contra quem está polemizando. Se é contra os manifestantes brasileiros, então a polêmica é fundamentalmente contra o Partido da Causa Operária (PCO), que é a organização que mais defende abertamente o fim do Estado de Israel. O programa do PCO nada tem em comum com a proposta de extermínio do povo judeu: o Partido defende a criação de um Estado palestino único, laico e multinacional na Palestina, em substituição ao Estado judeu, fascista e criminoso de Israel.

A posição de Lajst neste caso, portanto, pode ser resumida a uma falsificação de uma posição democrática, cujo único interesse prático é a manutenção do Estado nazista de Israel.

Havia um cessar-fogo antes do 7 de outubro?

O objetivo de André Lajst ao gravar o vídeo é o de estabelecer uma espécie de “cartilha” do “polticamente correto” para aqueles que querem defender o povo palestino. Assim, para defender a Palestina, “não vale” pedir o fim do Estado de Israel, já que os sionistas não gostam dessa palavra de ordem.

Também não seria válido para os palestinos, segundo as regras do senhor Lajst, pedir um cessar-fogo sem a condenação absoluta e unilateral do Hamas. “Muitas pessoas que estão solidárias aos palestinos”, diz André Lajst, “estão pedindo um cessar-fogo, mas se esquecem que no dia 6 de outubro existia um cessar-fogo”.

Segundo o sionista quer fazer crer, israelenses e palestinos viviam pacificamente até que, sem qualquer motivo, de repente, um grupo “terrorista” teria decidido atacar Israel. Nem mesmo o mais leigo em política internacional poderia falar tal coisa por ignorância: Lajst sabe muito bem que não havia “cessar-fogo”, mas sim que os palestinos vinham sendo martirizados dia após dia por Israel.

Basta levar em conta os seguintes acontecimentos nos últimos cinco meses:

  • Entre janeiro e agosto deste ano, 31 menores de idade foram assassinados por Israel, de acordo com a ONG Defense for Children International.
  • No dia 16 de agosto, soldados israelenses acompanhados por uma escavadeira militar invadiram o campo de refugiados de Balata, na cidade de Nablus, na Cisjordânia ocupada, e explodiram um prédio.
  • No dia 21 de junho, Israel voltou a realizar ataques de drones próximos à área de Jenin, o que não acontecia, segundo a Al Jazeera, desde 2006. A ação deixou vários mortos.
  • No dia 3 de julho, uma operação israelense em Jenin contou com ataques aéreos com mísseis e drones, e terrestres com snipers, cerca de 150 veículos armados e mais de mil soldados, deixaram 12 mortos, incluindo cinco crianças, além de mais de 120 feridos. 
  • Foi após o massacre em Jenin, inclusive, que o Hamas e a Jiade Islâmica deram uma declaração falando sobre a necessidade de reação: “a situação atual exige consenso sobre um plano nacional abrangente para enfrentar o projeto sionista. Deve ser implementado imediatamente, incluindo a realização de uma reunião dos secretários gerais das facções palestinas”.
  • No dia 9 de maio, de acordo com a Prensa Latina, Israel bombardeou a Faixa de Gaza e causou a morte de 13 palestinos, entre crianças e mulheres. Na operação, as forças israelenses mataram o comandante da região sul das Brigadas Al-Quds em Rafah, Jihad Ghannam, e sua esposa; assim como o chefe da região norte do movimento Jiade Islâmica em Gaza, Khalil al-Bahtini, e o porta-voz dessa resistência na Cisjordânia, Tariq Ezz El-Din. Cerca de 40 aviões, helicópteros e drones participaram dos bombardeios.

Mas o mau-caratismo de André Lajst iria além. Disse ele: “o Hamas perpetrou o segundo maior ataque da história da humanidade”. Isto mesmo, um grupo de guerrilheiros que sobrevive se alimentando de pão, água e pepinos teria superado Adolf Hitler, Benedito Mussolini e todos os criminosos de guerra, donos dos mais poderosos exércitos!

Não, não foi o segundo maior ataque da história da humanidade. E basta comparar com os crimes cometidos pelo próprio Estado de Israel em resposta ao “ataque”: mais de dez mil pessoas já foram assassinadas, quase metade delas sendo crianças.

Falar que o ataque das organizações palestinas tenha sido o segundo maior da história é ignorar por completo a história do imperialismo. As bombas atômicas de Hiroxima e Nagasaqui, atiradas por “democratas” como Benjamin Netanyahu, mataram, na hora, cerca de 70 mil pessoas. Os Estados Unidos também mataram entre 75 mil e 200 mil civis por meio dos bombardeios da Operação Meetinghouse, ocorrida entre 9 e 10 de março de 1945. Entre 13 e 15 de fevereiro do mesmo ano, os Estados Unidos já haviam assassinado 22 mil alemães durante os famosos bombardeios de Dresden. Israel também está muito à frente do Hamas e da Jiade Islâmica quando o assunto é matar milhares em um mesmo dia. Durante o massacre de Sabra e Chatila, ocorrido em 19 de setembro de 1982, pelo menos 2 mil palestinos foram assassinados pela Falange Libanesa sob orientação direta do Estado de Israel.

Lajst segue, então, com suas mentiras sobre o que aconteceu no dia 7 de outubro: “ele perseguiu e matou pessoas que estavam nas ruas, judeus e não-judeus. Mais de 100 árabes-israelenses foram assassinados nesses atentados”. 

O sionista reproduz, já um mês depois do ataque, as mesmas versões propagadas pelos serviços de inteligência israelenses, mestres da mentira e da desinformação, que já foram desmentidos em inúmeras oportunidades. Em primeiro lugar, o atentado a Israel não foi obra única do Hamas, mas sim dos quatro principais grupos armados palestinos. Em segundo lugar, o Hamas não saiu atirando contra a população civil: seus principais alvos eram militares, e, comprovadamente, um grande número de militares israelenses foi abatido. Em terceiro lugar, houve, em vários lugares, tiroteios, o que forçou os guerrilheiros a reagirem. Por fim, também foi comprovado que o próprio exército israelense matou vários israelenses, tamanho o descontrole dessa horda de nazistas.

Lajst deveria lavar a boca antes de falar do Hamas e do Talibã

Depois de apresentar os israelenses como pobres vítimas do Hamas, André Lajst apresenta, então, um argumento batido para tentar confundir os esquerdistas de plantão. Como qualquer pessoa que tenha acesso ao mínimo de informação sobre Israel tende a se colocar ao lado do povo palestino oprimido, Lajst procura apresentar os militantes do Hamas como opressores! Assim, mesmo Israel tendo um dos exércitos mais poderosos do planeta, financiado pelos Estados Unidos, e o Hamas mal tendo o que comer, o Hamas seria “opressor” por causa de sua ideologia. Diz então Lajst sobre o governo do Hamas em Gaza:

“Não há democracia, não há liberdade, não há opinião, não há divergência. Não há nenhum tipo de liberdade individual – baixo o regime do Hamas”. Antes de tudo, Lajst e qualquer sionista deveriam lavar a boca antes de falar no Hamas. O Estado criminoso que ele defende não tem nada de democrático. Não bastasse toda a opressão sobre o povo palestino, expressa em assassinatos, prisões ilegais e torturas sob o pretexto do “combate ao terrorismo”, Israel promove, por sua própria Lei, um apartheid nos territórios que ocupa. Os únicos que possuem direitos plenos, como o de ir e vir no território israelense, são os judeus. E mais: o dia da Nakba, tão sagrado para os palestinos como o holocausto para os judeus, é proibido em Israel. As instituições que simplesmente demonstraraem luto pela morte e exílio de palestinos ao longo das décadas são multadas pesadamente.

Israel não é, nem nunca foi uma “democracia”. É um Estado policial, fascista, em que os direitos – quando de fato existem – só valem para um setor da população. O mesmo Estado “democrático” é também sede não só de uma poderosa indústria de armas, usadas na repressão contra o povo palestino, como também de um circuito de serviços de espionagens públicos, como o Mossad, envolvido em uma provocação recente contra o Hesbolá no Brasil, e privados, como o Black Cube, outrora encarregado de espionar a Companhia Vale do Rio Doce. A população israelense é igualmente vítima desses serviços.

O apologista de um Estado nazista segue, então, afirmando que quem defende o Hamas – como o PCO – deseja estabelecer um regime “para oprimir e matar todo mundo que não concorda com eles, para matar gays nas ruas, para oprimir as mulheres, como acontece no Afeganistão – baixo o regime do Talibã”.

Mesmo que tudo o que Lajst disse fosse verdade, ainda estaríamos diante de um regime mil vezes mais humano que o governo do criminoso de guerra Benjamin Netanyahu. Afinal, o que Lajst narra seria uma ditadura “tradicional”: um regime que declara uma série de proibições – no caso, relacionadas aos costumes – e pune aqueles que as transgride. É muito diferente de um regime de orientação verdadeiramente nazista, cujo objetivo é exterminar todo um povo.

Israel não busca “corrigir” um comportamento considerado inadequado, mas sim assassinar sumariamente qualquer representante do povo palestino. Tanto é assim que, no último mês, o governo de Netanyahu executou 4 mil crianças.

Acontece que nem mesmo as informações trazidas por Lajst são verdadeiras. Tanto o Talibã quanto o Hamas são alvo de todo tipo de calúnia grotesca. Fato é que André Lajst não apresenta qualquer prova da suposta opressão a mulheres e gays. Sem estar em Gaza, não é possível saber o que de fato acontece.

Também é fato que tanto o Hamas quanto o Talibã têm uma ideologia religiosa, baseada em concepções retrógradas. No Talibã, recentemente, mulheres foram proibidas de frequentarem a universidade. A ideologia religiosa, por mais que exista, não é, contudo, um fator determinante para tomar posição em um conflito. As concepções atrasasdas do Hamas e do Talibã são o resultado do próprio atraso econômico dos povos árabe e pastó.

Não há como exigir de um povo cuja economia é eminentemente agrária que seja “democrático” no sentido burguês da palavra. França, Estados Unidos e Alemanha só foram capazes de estabelecer regimes relativamente democráticos após um grande desenvolvimento econômico e social. No último período, não só palestinos e afegãos têm vivido sob condições econômicas e sociais deploráveis, como invlusive sofreram um retrocesso gigantesco por causa do imperialismo.

Após a Segunda Guerra Mundial, com o ascenso do nacionalismo árabe, cujo apogeu foi o governo de Gamal Abdal Nasser, foram criadas as condições para que os povos do Oriente Médio se libertassem de seus exploradores através de um movimento ideologicamente laico. No entanto, a ação predatória do imperialismo, que impôs uma derrota ao Egito na Guerra dos Seis Dias (1967) e corrompeu a Autoridade Palestina, fez com que restasse aos movimentos religiosos a tarefa de lutar pela libertação dos povos da região.

O caso do Talibã, que já completou dois anos, é um exemplo de como é progressista a vitória dos movimentos de ideologia religiosa quando se colocam na luta contra o imperialismo: os afegãos hoje governam sem a tutela do imperialismo e, dentre outros feitos, conseguiram praticamente erradicar o tráfico de ópio no país, que era anteriormente promovido pela própria CIA norte-americana. Do ponto de vista da política externa, derrotar as tropas norte-americanas foi algo tão positivo que provavelmente foi o evento que encorajou Vladimir Putin a invadir a Ucrânia.

O mais importante a ser considerado neste momento, portanto, não é qual a ideologia do Hamas ou da Jiade Islâmica, mas sim quem é que está pegando em armas para resistir à dominação sionista-imperialista. E, neste caso, não há dúvidas: o Hamas e todos os movimentos guerrilheiros estão agindo como verdadeiros heróis nacionais do povo palestino.

Pedir o fim do Hamas é islamofobia e nazismo

André Lajst se mostra incomodado com os militantes que pedem o fim do Estado de Israel, chegando a dizer que “eles estão sendo antissemitas e estão pedindo a destruição de um país pré-estabelecido, com mais de 9,5 milhões de habitantes”. Não fosse toda a má-fé já apresentada outrora, poderíamos até levar a sério o argumento de André Lajst, como se partisse de alguém genuinamente preocupado com o destino de um povo que supostamente teria constituído um Estado. No entanto, o próprio Adnré Lajst rapidamente tira a máscara e revela que não tem uma preocupação com o direito dos povos a ter um Estado, mas apenas se preocupa com o Estado de Israel em específico:

“Pedidos de cessar-fogo que não contemplem o fim do governo do Hamas em Gaza e a soltura de todos os reféns que o grupo terrorista tem (…) não são pedidos de cessar-fogo porque o fogo pode parar neste momento, mas ele voltaria no futuro, prejudicando a vida novamente de israelenses e palestinos”.

Ou seja, para Lajst, um Estado que, na verdade, é uma ocupação de tropas armadas seria legítimo; o governo de uma organização apoiada pelo povo e que está literalmente dando a sua vida por esse povo seria ilegítimo. Lajst poderia melhor resumir a sua posição política desta maneira: se o Estado corresponde aos interesses do imperialismo, mesmo que às custas de milhões de pessoas, é um Estado legítimo; se o governo do Hamas luta contra o imperialismo, não merece existir. É uma posição que já não é pró-imperialista, mas de capachismo absoluto.

O único argumento que Lajst teria para dizer que o Hamas não é legítimo enquanto governo de Gaza é a sua pecha de “terrorista”, criada pelo Mossad e pela CIA norte-americana. Chamar a luta armada palestina de “terrorismo” não é nada se não uma demonstração de como o imperialismo vê os árabes: como monstros, como figuras não humanas que, portanto, podem ser aniquiladas. Ainda que nenhum desses “monstros” tenha bombardeado hospitais, como fez Israel.

Outro aspecto que merece ser denunciado pela declaração de André Lajst é que, ao falar que não haverá cessar-fogo enquanto o Hamas tiver poder, ele está explicitamente defendendo a continuidade da guerra. Isto é, o sionista hipócrita, que tanto fala do sofrimento dos judeus, está disposto a ver mais e mais judeus e palestinos morrendo em campo de batalha porque acredita que a guerra contra o Hamas seja uma “guerra justa”. André Lajst, portanto, tem a mesma posição que o criminoso de guerra Benjamin Netanyahu, para quem a guerra contra os palestinos deve continuar até que o Hamas seja “exterminado”.

Como já estamos assistindo, o extermínio “do Hamas” é, na verdade, o extermínio dos palestinos, em especial de suas crianças. Os elementos mais abertamente fascistas do governo israelense já admitiram que o seu plano é “limpar a Faixa de Gaza”. Se essa limpeza acontecer, ela contará com a assinatura de andré Lajst.

A existência de Israel é uma obra do colonialismo e do imperialismo

Por fim, em mais um apelo aos esquerdistas de plantão, Lajst tenta explicar que a ocupação de Israel – ocupação essa que inclusive se dá por assentamentos, comumente chamados de colonatos – não é uma obra do colonialismo! Diz ele:

“Vocês estão tentando impor aos judeus ou a Israel um título de colonialistas que não existe. Judeus não são colonialistas na sua terra ancestral. Judeus não foram para a região em nome de poderes colonialistas ou imperialistas. Ao contrário, o Império Otomano, que é o império colonial, que existia na região, não era o império branco colonialista, era o Império Oriental, não branco, colonialista na região. Ele deixou de existir. E quando ele deixou de existir, outros povos queriam independência, e o povo judeu faz parte dos povos do Oriente Médio.”

O primeiro argumento é absolutamente besta – os judeus não poderiam ser “colonialistas” por ser a Palestina a sua terra ancestral. Assim fosse, os europeus jamais colonizaram os países da África ou do Oriente Médio, visto que, em algum momento da história, essa teria sido a sua terra ancestral. Acontece, também, que a Palestina não é a terra ancestral dos judeus – tudo isso não passa de um mito. Em primeiro lugar, sequer existe um “povo judeu” – existe a religião judaica e milhões de pessoas que, ao longo da história, foram convertidas a essa religião. Do ponto de vista étnico, não se pode falar em um “povo judeu”. Em segundo lugar, o que se chama hoje de “judeu” não teve as suas origens no território palestino, mas sim, segundo a própria literatura judaica, no Egito e na Mesopotâmia, tendo se estabelecido na Palestina – Canaã – apenas após o enfrentamento com povos locais.

Pode ser que alguns judeus não tenham ido para a Palestina com intenções coloniais. No entanto, não há como negar que o projeto sionista é um projeto sionista e imperialista. A proposta do jornalista austro-húngaro judeu Theodor Herzl de constituir um Estado judeu só passou a ter uma dimensão concreta quando o imperialismo britânico resloveu incentivar o movimento. E mais: os projetos iniciais dos sionistas, que já eram tipicamente coloniais, pois partia da capacidade do alto poder aquisitivo judeu para expulsar os nativos, fracassou e só passou a prosperar quando a Grã Bretanha abocanhou a Palestina.

Ao contrário do que o mentiroso André Lajst dá a entender, após o fim do Império Otomano, Israel não se constituiu imediatamente. A Grã Bretanha governou a Palestina entre 1919 e 1948 e, justamente neste período, preparou o terreno para que a migração judaica acontecesse sem que explodisse uma revolta árabe. O fim do processo foi ainda mais criminoso: o imperialismo, principalmente o norte-americano, corrompeu dezenas de diplomatas da Organização das Nações Unidas (ONU) e aprovou a criação do Estado de Israel à revelia dos países árabes, que denunciaram na época o roubo de seu território e imediatamente entraram em guerra contra os seus invasores.

A ideia de que os judeus queriam independência é uma farsa completa. Os judeus que estavam na Palestina em 1948 já eram, em sua grande maioria, resultado de uma operação criminosa, mediada pelo imperialismo britânico, que propositalmente impôs violentamente aos árabes a convivência com judeus europeus para que assim conseguisse formar um Estado fundamental para o controle do Canal de Suez e da região como um todo.

De fato, nem todos os judeus são brancos, como assinala Lajst. Durante a migração dos judeus europeus antes de 1948, inclusive, houve vários conflitos entre os judeus locais (sefaraditas) e os judeus europeus (asquenazis), que nada tinham a ver com aquela população que já habitava havia muito tempo a Palestina e que eram contra o projeto sionista. Não é à toa, inclusive, que, em israel, enquanto a maioria dos dirigentes do Estado são brancos, os seus soldados muitas vezes têm uma pele mais escura: afinal, quem controla o Estado de israel e quem controlou o processo de criação do Estado foram os judeus mais europeizados.

Independentemente dessa distinção étnica, o que pode ser dito com toda a certeza é que os sionistas, se não são “considerados brancos”, ainda que sejam fruto de uma migração artificial europeia, são os aliados número um dos mesmos que colonizaram a África, a Ásia e a América. São sócios criminosos de um dos projetos de colonização mais bárbaros já registrados na história.

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