O mais novo desmando de Alexandre de Moraes, dessa vez desferido contra a plataforma de mensagens Telegram, expôs, de maneira clara, qual o objetivo daqueles que estão em uma cruzada contra o que chamam de “fake news”. Moraes ameaçou suspender a plataforma caso não parasse de veicular uma curta mensagem em que acusava o Projeto de Lei 2630 – o PL das Fake News – de acabar com a liberdade de expressão na internet. E mais que isso: Moraes obrigou o Telegram a enviar uma “errata” a seus usuários, dizendo que havia anteriormente enviado notícias falsas. O ato de Moraes, além de ditatorial, lembra os mais escabrosos casos jurídicos já testemunhados pela humanidade, como os Processos de Moscou e a Inquisição.
Com sua medida, Moraes, que é um dos grandes defensores da “caça” às “fake news”, mostrou o que ele e seus cúmplices querem: impedir que qualquer contestação seja proibida. Impedir alguém de contestar uma lei já é sinônimo de uma ditadura. No entanto, Moraes foi além e decidiu impedir o Telegram de contestar um projeto de lei. Quer dizer, é a declaração cabal da burguesia de que ninguém, a não ser ela própria, pode “se dar ao luxo” de ter opiniões sobre as leis que são feitas no Brasil. Em outras palavras, quem não detém o poder político e econômico na sociedade tem um único papel: obedecer.
A mensagem do Telegram é, inclusive, bastante modesta na crítica. Este Diário diria que o PL das Fake News irá acabar com o que ainda resta de liberdade de expressão no Brasil, uma vez que esse direito democrático já foi mutilado em inúmeras oportunidades. Ou seja, não só o PL deveria ser contestado, como boa parte da Legislação brasileira.
Não há outra forma de ver isso. As pessoas que querem aprovar o PL das Fake News vêem como crime o ato de simplesmente contestar a ordem vigente. É algo que jamais poderia ser admitido por alguém que se diga de esquerda, como o ministro da Justiça Flávio Dino e vários dos deputados que apoiam o projeto. Afinal, o papel da esquerda é justamente o de defender os oprimidos diante das injustiças praticadas pelos detentores do poder político e econômico.
Os defensores do PL das Fake News já tiraram sua carapuça. Cabe agora a esquerda, o movimento popular e os trabalhadores fazerem uma ampla campanha para que seja definitivamente retirado de pauta.