O continente europeu, que desenvolveu de maneira mais rápida as mais variadas facetas e dimensões fundamentais do sistema capitalista de produção, é também o primeiro a dar as mais claras demonstrações da situação de desagregação que esse sistema vem sofrendo.
Com uma economia estagnada e sem capacidade de recuperar o protagonismo que teve outrora, a Europa se encontra num limbo, servindo inclusive de bucha de canhão para as aventuras de Washington. As aventuras belicistas da OTAN fazem com que a Europa sacrifique ainda mais sua economia e comprometa a estabilidade dos regimes políticos de vários países.
O avanço da extrema-direita em diversos países, com relevância primordial no Reino Unido, Alemanha, Itália, França, Holanda e Espanha, comprometendo a hegemonia política existente desde o estabelecimento do Consenso de Washington, comprovam esse processo de decadência que o continente vive. Os países europeus tampouco têm conseguido manter a ajuda financeira e militar aos ucranianos no grau que estes últimos necessitam.
A título de exemplo do processo de desagregação dos regimes políticos na Europa, basta observar a taxa de crescimento média do PIB francês nos últimos anos, que foi de 0,2%. Soma-se a isso o crescimento do percentual da dívida pública em relação ao PIB neste país, que representa 111,8% do PIB. Uma clara demonstração de que a política de austeridade levada a cabo principalmente pelo governo Macron não surte os efeitos que prometeu, não passando de uma mentira para saquear o patrimônio do Estado para entregá-lo aos banqueiros.
A situação é extremamente explosiva, e quem tem surfado na onda é a extrema-direita, apesar de que a esquerda, a população muçulmana e árabe, com os acontecimentos de intensificação do confronto entre o Estado de Israel e o povo palestino, têm demonstrado significativa força nas ruas.
Esta pode ser uma oportunidade de ouro para que a esquerda consiga reverter o seu quadro de impopularidade e se deslocar para uma rota de confronto com o estado de coisas estabelecido na Europa. Se a esquerda quiser garantir uma hegemonia no continente, evitar a ascensão da extrema-direita e não morrer abraçada com os neoliberais que destruíram a vida da população europeia, precisa despontar enquanto elemento antissistema.