A Guerra do Iraque começou em 20 de março de 2003, quando os Estados Unidos lideraram uma coalizão imperialista para invadir o país e remover o regime de Saddam Hussein do poder. O conflito durou mais de oito anos, levando a inúmeras mortes e deslocamentos de civis.
Vinte anos depois, o Iraque ainda está lidando com as consequências da guerra, incluindo instabilidade política e conflitos de poder regionalizados, pois a destruição do país levou à descentralização do poder da nação, que está dividida entre diversas facções.
No entanto, os ataques dos EUA contra o Iraque começaram mais de uma década antes de 2003, na Guerra do Golfo de 1991.
Até a Guerra do Golfo, em 1991, o Iraque tinha uma das qualidades de vida mais altas do Oriente Médio e do mundo árabe. No começo daquele ano, os Estados Unidos começaram a impor sanções contra o país, com objetivo de afetar o líder nacionalista Saddam Hussein.
Hussein havia sido aliado dos norte-americanos contra o Irã em anos anteriores. No entanto, esta aliança era ocasional, para enfraquecer o governo iraniano — que até hoje continua sendo o principal fator de desestabilização da dominação imperialista na região.
Diante da política relativamente independente desenvolvida pelo governo de Hussein, o Iraque passou a ser alvo dos EUA. Após as sanções, no mesmo ano, 1 milhão de crianças já estavam afetadas pela subnutrição.
Estas sanções levaram a um empobrecimento geral do país e, em 1996, 500 mil crianças já haviam morrido de fome diante da política criminosa dos norte-americanos.
Na época, a subsecretária de Estado dos EUA, Madeleine Albright, justificou as sanções. Perguntada sobre a morte de meio milhão de crianças iraquiana, ela respondeu: “penso que essa é uma escolha difícil, mas, quanto ao preço, pensamos que valeu a pena pagá-lo”.
Essas sanções foram impostas pelo Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), causando fome e doenças, e deixando o país basicamente sem eletricidade e água durante toda a década de 1990. Faltavam bens básicos, como papel higiênico, escovas de dente, dentre outros — como ocorre hoje em dia na Venezuela, também sancionada pelo imperialismo.
O bloqueio ao Iraque impediu o acesso a vacinas, ocasionando a morte massiva da população. Na economia, no ano 2000, 60% dos iraquianos estavam desempregados pela destruição causada pelas sanções. Não havia infraestrutura, nem capacidade de investimento para desenvolver a nação.
Ainda, além das sanções, os EUA, junto aos aliados do Reino Unido, bombardearam o país durante toda a década de 1990, sob a justificativa de que o Iraque tinha armas de destruição em massa.
Essa alegação, no entanto, nunca foi comprovada, e se mostrou fajuta.
Primeiro, segundo uma investigação da própria da ONU, o país abandonou seu programa de armas nucleares antes de 1995. Segundo, Luis Rueda, chefe do Grupo de Operações no Iraque da CIA confessou que o objetivo da guerra no Iraque era derrubar o governo de Hussein e roubar as riquezas do país. “Teríamos invadido o Iraque mesmo se Saddam Hussein tivesse um elástico e um clipe de papel”.
A guerra foi formalmente iniciada em 2003, há vinte anos, após os atentados às Torres Gêmeas de Nova Iorque (11 de setembro), mesmo sem haver nenhum vínculo do governo iraquiano a Osama Bin Laden.
Nos bombardeios ao Iraque, os EUA utilizaram urânio empobrecido em mísseis perfurantes, e seus efeitos biológicos são devastadores, como a incidência de câncer e mutação genética na população. Isto para citar apenas alguns dos crimes de guerra cometidos pelos norte-americanos — que mataram mais de um milhão de pessoas.
Vinte anos depois do início da guerra, o Iraque sofre com as consequências da guerra iniciada pelo criminoso de guerra George W. Bush e mantida pelo criminoso de guerra que o sucedeu, Barack Obama. Além da divisão do país em facções, a infraestrutura do país foi totalmente dizimada. O país, que já foi um dos mais desenvolvidos da região, tornou-se uma verdadeira terra arrasada.