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Cisjordânia

EUA anunciam sanções a milicianos israelenses para conter crise

O imperialismo não tem alternativa a não ser buscar estabilizar a situação para retomar o controle, a fim de evitar o colapso de “Israel”

Nesta segunda-feira (5), o Departamento de Estado norte-americano, através de declaração do secretário de Estado Anthony Blinken, anunciou que irá impor o banimento de vistos de viagem de “colonos” israelenses, ou seja, das milícias fascistas que atacam os palestinos, em especial os da Cisjordânia, estes que são uma das principais pontas de lança do expansionismo do Estado de “Israel” e da continuidade da expulsão dos palestinos do que ainda resta de suas terras.

A título de esclarecimento, a atividade fascista dos “colonos” resulta em expropriação e destruição de terras, violência física contra os palestinos e, frequentemente, em assassinato. Essa violência se intensificou após 7 de outubro, já tendo resultando no assassinato de mais de 200 palestinos apenas na Cisjordânia ocupada.

A medida foi anunciada após Blinken ter alertado que o faria, na semana passada.

O alerta veio junto de outro, no sentido de que o apoio dos EUA a “Israel” estaria condicionado à observância das leis internacionais, e que o Estado sionista deveria trabalhar para evitar a morte de civis, em especial caso fosse estender as operações militares ao sul de Gaza. Tais operações já começaram, e nenhuma medida fora tomada por “Israel” para diminuir as baixas civis, os quais continuam sendo mortos indiscriminadamente.

Blinken declarou ao governo Netanyahu que há a necessidade de “responsabilizar os colonos extremistas que cometeram ataques violentos contra os palestinos na Cisjordânia. Como o presidente Biden disse repetidamente, esses ataques são inaceitáveis”.

Ao anunciar a política de restrição de vistos, Blinken anunciou que “o Departamento de Estado está a implementar uma nova política […] visando indivíduos que se acredita terem estado envolvidos em minar a paz, a segurança ou a estabilidade na Cisjordânia, nomeadamente através da prática de atos de violência ou da tomada de outras ações que restrinjam indevidamente o acesso dos civis a bens essenciais. serviços e necessidades básicas”.

Como disse Rui Costa Pimenta, presidente do Partido da Causa Operária (PCO), em sua tradicional Análise Política da Semana, que foi ao ar no último sábado (02), o significado por trás da medida tomada pelo governo dos Estados Unidos, e anunciada por Blinken, é um reconhecimento da profundidade da crise de “Israel” e, consequentemente, do imperialismo, em especial o norte-americano, no Oriente Médio:

“Isto é um reconhecimento de que as coisas ficaram feia para eles. Porque a primeira posição dos norte-americanos foi ‘deixem os israelenses matarem esse povo’; mas a coisa está escapando do controle: a pressão internacional é gigantesca e eles não vão conseguir ocupar a Faixa de Gaza […] e tudo isto pode levar a um desastre colossal […] um mito que está presente nessa situação é o de que o Estado de ‘Israel’ é uma fortaleza. Mas é um castelo de cartas, uma coisa muito frágil. E o problema é que ele está cercado pela proteção do imperialismo […] se eles não derem uma solução para a situação, o castelo irá se desmanchar”.

A restrição de vistos, medida voltada para conter a ação do setor mais fascista da política israelense, é uma tentativa de encontrar uma saída para a espiral de crise em que “Israel” se encontra desde o dia 7 de outubro, para que o imperialismo possa recuperar parte da estabilidade de seu domínio sob o Oriente Médio, antes que as ações genocidas do Estado sionista causem um levante em todo o mundo árabe, que poderia resultar na própria dissolução de “Israel”, o que seria uma catástrofe para o imperialismo.

A tentativa de conter a extrema-direita israelense, contudo, é uma medida complexa. Afinal, o sionismo, por si só, é uma doutrina de extrema-direita, e o Likud, partido que vem sendo central no domínio da política israelense há anos, o mesmo partido de Netanyahu é herdeiro de uma organização tipicamente fascista, aos moldes dos movimentos sionistas da década de 30, conforme apontado por Rui, desta vez na Análise Internacional do dia 06/11/2023:

“[…] fica claro agora que eles [o imperialismo] queriam evitar essa situação [a guerra]. O problema é que não tem como evitar. A política israelense está dominada pela extrema-direita. Os liberais. Acontece o seguinte: é um país que foi fundado sobre a direção do Partido Trabalhista Israelense, que o pessoal falava que era socialista, o Mapai, do Ben Gurion. Esse pessoal dominou a política israelense até a década de 1970. Contudo, eles entraram em uma crise terminal, sendo que quem assumiu a dianteira na política israelense foi a extrema-direita, o Likud, [um partido] herdeiro de uma organização terrorista […], o Irgun, cujo fundador era uma pessoa que mantinhas relações extremamente amigáveis com Benito Mussolini, o Józef Piłsudski, com o fascismo europeu […] Esse pessoal que domina a política israelense está em uma crise terminal. O que o imperialismo precisaria fazer é colocar um fascismo com uma face humana para o mundo compreender. Não deu tempo, não houve condições, e [agora] o mundo está vendo que são uns criminosos, fascistas, nazistas”.

Contudo, o imperialismo não tem alternativa a não ser buscar estabilizar a situação para retomar o controle, a fim de evitar a destruição de “Israel”.

A fim de confirmar que o que o imperialismo busca é a estabilidade da situação, e uma saída para a crise de “Israel”, e que os EUA não têm o mínimo interesse na proteção do povo palestinos, são as outras declarações dadas por Blinken na mesma ocasião em que anunciou a restrição de vistos aos “colonos”, em que o secretário de estado demonstrou preocupação expressa com a estabilidade da região:

“Tanto Israel como a Autoridade Palestina têm a responsabilidade de defender a estabilidade na Cisjordânia. A instabilidade na Cisjordânia prejudica os povos israelita e palestino e ameaça os interesses de segurança nacional de Israel”.

Sendo a Autoridade Palestina, liderada por Mahmoud Abbas, da OLP, um notório agente a serviço dos Estados Unido e “Israel”, vê-se que Blinken busca utilizar-se desse elemento capitulador para reprimir as mobilizações populares dos palestinos que apoiam a resistência armada que nesse momento trava a luta contra o sionismo, resistência esta encabeçada pelo Hamas, mas também composta por outras organizações.

Nesse sentido, ao anunciar as restrições de vistos aos “colonos” israelenses, Blinken também disse que “continuaremos também a envolver a Autoridade Palestina para deixar claro que deve fazer mais para conter os ataques palestinianos contra israelenses. A instabilidade na Cisjordânia prejudica os povos israelenses e palestino e ameaça os interesses de segurança nacional de Israel. Os responsáveis ​​por isso devem ser responsabilizados”.

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