O candidato de esquerda de 64 anos, Bernardo Arévalo (Semente), venceu as eleições presidenciais na Guatemala no último mês (20.09.2023). O vencedor consolidou sua vitória no segundo turno com uma votação de 58,29% contra 36,96% da candidata opositora, Sandra Torres (UNE). Arévalo, sociólogo e deputado, obteve uma vitória inesperada e, em grande parte, devido ao apoio popular. Durante as eleições foram grandes as mobilizações dos trabalhadores defendendo o candidato à esquerda do regime, insatisfeitos com a situação caótica da Guatemala.
Ministério Público (MP) da Guatemala atas da votação
O MP da Guatemala apreendeu atas contendo informações sobre os votos das eleições realizadas em junho, durante a operação de busca e apreensão no Tribunal Supremo Eleitoral do país. A operação iniciada no dia 29 de setembro e finalizada no dia 30 de setembro foi criticada por Arévalo, que acusou as instituições de golpe de estado em curso, alegando que o verdadeiro objetivo da operação seria evitar sua posse no dia 14 de janeiro.
“O Ministério Público da Guatemala viola contínua e sistematicamente o sistema jurídico guatemalteco. As imagens que vimos hoje, de magistrados agredidos e do sequestro da vontade popular são um exemplo da violência que os golpistas estão exercendo sobre o povo”, afirmou Bernardo Arévalo.
População sai às ruas em defesa do presidente eleito contra um possível golpe de Estado
Durante a madrugada desta terça-feira (3), milhares de guatemaltecos saíram às ruas em defesa de Bernardo Arévalo alegando um “golpe contra a democracia”, exigindo respeito ao sistema eleitoral e dirigindo críticas às autoridades que estão “interferindo no sistema eleitoral”. Segundo a agência de notícias TeleSUR, os manifestantes de Ixcán, em Quiché, anunciaram que passariam a noite na ponte Chixoy, que divide os departamentos de Quiché e Alta Verapaz. A situação não se limita a Quiché, outros 30 pontos do país centro-americano estão em greve lutando pelo mesmo objetivo, sem previsão de acabar.
“Apoiamos as mobilizações de hoje e instamos a população a continuar a manifestar a sua rejeição ao golpe. Continuaremos a levantar as nossas vozes” – declarou Arévalo.
Suprema Corte de Justiça da Guatemala rejeitou recurso apresentado por Arévalo
Nesta quarta-feira (4), a Suprema Corte de Justiça do país centro-americano rejeitou o recurso apresentado pelo presidente eleito, contra a decisão de três funcionários judiciais que ordenaram a busca em um centro eleitoral e abertura de urnas com votos. “Por maioria, a Suprema Corte de Justiça (CSJ) decidiu não decretar” o recurso de amparo apresentado por Arévalo em 13 de setembro, alegando violações à lei eleitoral, disse um juiz do alto tribunal, Leonel Marroquín. Contrariamente à vontade soberana, a “democracia” Guatemalense está ameaçada sob o risco de uma possível anulação do presidente eleito assumir o cargo no início de 2024.