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Contra o imperialismo, tudo

Sim, Estadão, quem está contra os EUA, merece ser defendido

Em editorial virulento contra o governo Lula, jornal da família mesquita apresenta como acusação aquilo que, na verdade, é um princípio da esquerda

Em editorial publicado no dia 15 de novembro, o jornal reacionário O Estado de S. Paulo conseguiu resumir, de maneira bastante precisa, qual deveria ser o lema da esquerda. O artigo, que traz como título “Lula e a má-fé da esquerda”, apresenta o seguinte argumento:

“Tudo o que importa, para Lula e sua seita, é que o Hamas fustiga Israel, considerado como braço do imperialismo americano no Oriente Médio. Trata-se de um padrão. Esse mesmo Lula, não podemos esquecer, foi o presidente que, em meio à estupefação mundial com a agressão russa contra a Ucrânia, foi capaz de culpar os ucranianos pela guerra. (…) Afinal, ninguém que se aproxime do Ocidente merece consideração da esquerda. Perde até o direito de se defender”.

Colocado em termos mais precisos, o argumento do Estadão poderia melhor ser expresso da seguinte forma: se um determinado governo age em favor dos interesses do imperialismo, a esquerda não defende esse governo, independentemente da ideologia dos que compõem esse governo; se um determinado governo age contra os interesses do imperialismo, a esquerda apoia a luta deste governo contra os seus opressores.

O que o jornal reacionário apresenta como acusação moral, no entanto, é, na verdade, um princípio. Para o movimento dos trabalhadores – isto é, para a esquerda revolucionária -, a única posição possível diante do enfrentamento entre um país atrasado e um país imperialista é a defesa incondicional do segundo no conflito. Afinal, a derrota do imperialismo consiste no enfraquecimento da ditadura dos países imperialistas sobre todos os povos do mundo e, assim, contribui com a luta dos oprimidos em todo o planeta.

Para o povo brasileiro, por exemplo, é infinitamente mais positivo que a Rússia derrote os Estados Unidos e a União Europeia na guerra contra a Ucrânia do que o contrário. E por um motivo muito simples: quanto mais desmoralizado militarmente, quanto mais enfraquecido economicamente, menor os Estados Unidos terão condições de interferir diretamente na política brasileira. E a interferência norte-americana no Brasil, por sua vez, não é algo secundário, mas decisivo: o golpe de 2016, que estabeleceu o atual regime no País, foi obra do país que está completamente infiltrado no Estado brasileiro.

O que seria melhor para os brasileiros: que o governo Lula tivesse que aceitar que o petróleo brasileiro seja roubado pelas petroleiras norte-americanas ou que o governo tivesse condições de enfrentá-las e expulsá-las do País? Obviamente que a segunda opção, que só poderia acontecer em uma situação de enfraquecimento da ditadura imperialista sobre o Brasil.

A defesa dos povos oprimidos em sua luta contra o imperialismo é um princípio tão caro aos marxistas que Leon Trótski, em famosa entrevista concedida a Mateo Fossa, expressou claramente que mesmo um governo semifascista mereceria ser apoiado na guerra contra um país imperialista. Disse ele:

“Eu não estou suficientemente a par da vida de cada um países da América Latina para poder dar uma resposta concreta às questões que você me apresenta. De qualquer maneira, me parece claro que as tarefas internas desses países não podem ser resolvidas sem uma luta revolucionária simultânea contra o imperialismo. Os agentes dos Estados Unidos, Inglaterra, França (Lewis, Jouhaux, Lombardo Toledano, os stalinistas) tentam substituir a luta contra o imperialismo pela luta contra o fascismo. Nós temos observado os esforços criminosos feitos por eles no recente congresso contra a guerra e o fascismo. Nos países da América Latina, os agentes dos imperialismos “democráticos” são particularmente perigosos, porque são mais capazes de enganar as massas que os agentes declarados dos bandidos fascistas. Eu tomarei o exemplo mais simples e mais demonstrativo.

Existe atualmente no Brasil um regime semi-fascista que qualquer revolucionário só pode encarar com ódio. Suponhamos, entretanto que, amanhã, a Inglaterra entre em conflito militar com o Brasil. Eu pergunto a você de que do conflito estará a classe operária? Eu responderia: nesse caso eu estaria do lado do Brasil “fascista” contra a Inglaterra “democrática”. Por que? Porque o conflito entre os dois países não será uma questão de democracia ou fascismo. Se a Inglaterra triunfasse, ela colocaria um outro fascista no Rio de Janeiro e fortaleceria o controle sobre o Brasil. No caso contrário, se o Brasil triunfasse, isso daria um poderoso impulso à consciência nacional e democrática do país e levaria à derrubada da ditadura de Vargas. A derrota da Inglaterra, ao mesmo tempo, representaria um duro golpe para o imperialismo britânico e daria um grande impulso ao movimento revolucionário do proletariado inglês”.

O que é um princípio muito claro se transforma em escandalosa acusação do Estadão porque, à exceção do Partido da Causa Operária (PCO), toda a esquerda brasileira se vê confusa toda vez em que há um conflito. O próprio presidente Lula não é um exemplo de firmeza neste princípio: ao comparar os ataques israelenses às operações do Hamas, o presidente ainda faz uma grave concessão à campanha moralista da imprensa imperialista.

É por causa da posição ainda vacilante de Lula, que, para atacar Israel, se sente obrigado a condenar o Hamas, que o Estadão apresenta uma série de acusações moralistas – repletas de mentiras, inclusive. A expectativa do jornal é que o presidente se veja pressionado a fazer ainda mais concessões.

A esquerda, no entanto, não deve explicação alguma aos órgãos venais da imprensa burguesa – a mesma imprensa que passou anos em uma campanha abertamente mentirosa e criminosa de ataques contra o governo do PT quando queria derrubar a presidenta Dilma Rousseff. Nada do que é dito pela imprensa deve ser levado a sério. O próprio editorial do Estadão afirma que o Hamas “usa crianças como escudos humanos e hospitais como esconderijos”, quando nada disso foi comprovado.

E mesmo que eventualmente um dia fosse comprovado algo sobre o Hamas – se o grupo guerrilheiro matou civis ou se excedeu em alguma operação -, nada disso seria relevante. O fator principal da guerra entre palestinos e israelenses é a violência brutal do Estado sionista. É a violência de Israel que gera toda reação violenta.

Por isso, Estadão, pode guardar para você toda a sua hipocrisia. A esquerda só deve guiar pelos seus próprios princípios, e todos eles dizem uma só coisa no que diz respeito ao conflito atual: é preciso derrotar Israel.

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