A Seleção brasileira de futebol deu a largada em grande estilo rumo à Copa do Mundo de 2026. Todavia, pode-se perguntar assim: mas foram apenas dois jogos, contra duas das mais fracas seleções do continente, Bolívia e Peru, tradicionais e históricos “fregueses” do nosso futebol.
Tudo bem, é verdade, os dois primeiros adversários que o Brasil enfrentou na caminhada em direção ao próximo mundial pode não ser parâmetro, que ainda é muito cedo para dizer que reencontramos o caminho da glória, do melhor futebol do mundo – que é o nosso, indiscutivelmente – mas falo aqui do que se viu em campo no que diz respeito a uma nova mentalidade, um novo conceito, muito diferente do que vinha sendo desde a última conquista, o pentacampeonato em 2002.
O Brasil mostrou em campo – contra a Bolívia e também contra o Peru – um futebol alegre, solidário, desprendido, onde a energia criativa dos jogadores parece ter sido liberada. Óbvio que o técnico Fernando Diniz não disse assim para os seus comandados: entrem lá em campo e façam aquilo que melhor vocês sabem fazer, eu vou ficar aqui de fora olhando. Não, muito longe disso, pois Diniz parece ter o exato sentido do enorme potencial de cada jogador e extrair de cada um o melhor, dentro da sua filosofia, dos seus conceitos.
“É diferente de tudo que já vi; é outro futebol”, declarou o craque Neymar, destaque nas duas vitórias da seleção nacional, respectivamente contra Bolívia (5×1) e Peru (1×0, na altitude de Lima).
A declaração de Neymar diz respeito ao esquema tático do técnico Fernando Diniz, de valorização da posse de bola, passes curtos, transição rápida da defesa ao ataque, triangulações e finalização, o que não se via no futebol da seleção já há algum tempo.
A boa atuação de Neymar – destacadamente na partida contra a Bolívia, quando marcou dois gols, executou dribles desconcertantes e deu assistências precisas aos companheiros – parece ter reacendido a chama do craque, meio apagada pelo período em que atuou pelo clube francês do PSG em razão das contusões motivadas pela caçada em campo por parte dos zagueiros. Soma-se a isso os fatores extra-campo, onde o craque brasileiro foi alvo da maledicência da imprensa esportiva internacional, sempre disposta a atacá-lo com reportagens caluniosas e difamatórias.
Nada disso parece ter abalado o estupendo futebol de Neymar. Com os dois tentos contra a Bolívia, o ex-santista se tornou o maior artilheiro da seleção em jogos oficiais, com 79 gols. A marca de maior artilheiro era de ninguém menos do que o Rei Pelé (77 gols), o maior futebolista de todos os tempos.
Quanto a Fernando Diniz, o técnico já havia demonstrado suas qualidades como treinador do Fluminense. Os dirigentes da CBF precisam abandonar a ideia absurda de trazer um técnico estrangeiro para dirigir a seleção e efetivar imediatamente o atual técnico.