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Pró-imperialismo

Esquerda Online do PSOL: mais um capacho do imperialismo

Resistência do PSOL despreza e diminui a luta do Níger. Provavelmente a mentalidade "decolonial" se coloca como método em favor do imperalismo nas sutilezas.

Desde o ‘golpe’ no Níger, uma série de análises foram escritas por agrupamentos pequeno-burgueses que se dizem revolucionários. Três pontos unem essas análises: 1) Ataque a um futuro governo de militares anti-imperialistas; 2) Ataque à Rússia, geralmente relacionando a Cúpula de São Petersburgo à deposição de Bazoum do poder; 3) Que Niger não troque uma “potência imperial por outra”.

Agora foi a vez do PSOL, via Esquerda Online, órgão da corrente Resistência, que escreveu artigo intitulado “Intervenção estrangeira no Níger será mais um crime colonial”. O título representaria a luta anti-imperialista, se não fosse pelos ataques à Rússia, entendido pelo PSOL como um país imperialista. Logo a Rússia, cercada desde a formação da OTAN e que passa por sanções há pelo menos 15 anos, sem ter aplicado sanção a ninguém e sem ter estabelecido uma base militar em outra nação.

Não se pode ser “imperialista” sem a imposição de moeda; língua; multinacionais; financiamento mediante regime econômico e, sobretudo, a “democracia” burguesa. Nem de longe a Rússia impõe ou propõe um regime como esse aos países em processo de libertação da França. Há uma série de propostas para o desenvolvimento mútuo, desde o perdão da dívida dos países africanos até a condução de um plano de cooperação militar, passando por questões culturais e esportivas. Portanto, é uma grande ignorância condenar a Rússia.

Guiné, Burquina Fasso, Mali e Níger são apenas alguns dos países que compõem o conjunto de ex-colônias francesas na África Ocidental. Eles têm servido como a principal fonte de recursos naturais para a França e outras potências europeias. O Níger fornece 15% do urânio necessário para os reatores nucleares franceses.  Burquina Fasso é um importante exportador de ouro, enquanto a Guiné é um ponto crucial de entrada e saída para o comércio entre a França e suas ex-colônias. O Mali é outro grande exportador de ouro e tem sido um campo de batalha onde o governo tem combatido vários grupos armados.

Daí a grande militarização per capita dos países do Sael, que constituem uma fronteira da produção de minérios e da transição entre o Mediterrâneo e o restante do continente. A condição de violência com a qual o imperialismo joga na região, faz com que o povo se arme, mas o Esquerda Online não analisa a geografia regional concretamente, e sempre dão um jeito de criminalizar países que chutam o imperialismo. 

O mapa da África Ocidental começou a mudar radicalmente em 2021. Tal como dominós, os regimes pró-franceses começaram a cair nas miras militares, a começar pelo Mali, em maio de 2021, e pelo golpe liderado por Assimi Goita, que exigiu imediatamente que os militares franceses deixassem o país. A República Centro-Africana também expulsou as tropas francesas em junho de 2021. Seguiu-se a tomada militar na Guiné por Mamady Doumbouya, um antigo legionário francês, em setembro de 2021.

O caso do Burquina Fasso e Traoré é interessante. Durante sua recente viagem a São Petersburgo para a cúpula Rússia-África, Traore fez um discurso no qual chamou a Rússia de parte da família africana. Ele condenou a pilhagem do continente pelas potências europeias e terminou com o slogan “Pátria ou morte! Vamos vencer!” – ecoando as palavras de Ernesto Che Guevara e o lema nacional de Cuba.

Esse seria um motivo particularmente nobre para a esquerda aplaudir a tomada de poder em Burquina Fasso, mas os Estados Unidos impedem que o Esquerda “Online” o faça. Taxam os países do Sael de “fantoches”, quando na realidade estão determinados, sabem o que querem nesse processo de união África-Rússia.  

Agora é a vez do Niger, país que organizou suas forças para derrubar Bazoum, esse sim um teleguiado do imperialismo, que agora promete pesar ainda mais a mão. Os Estados Unidos e o Reino Unido já cortaram toda a ajuda ao Níger e seus aliados em resposta à proibição de exportações de urânio para a França. Em 30 de julho, a Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), uma confederação que inclui muitas das ex-colônias da França, emitiu um ultimato ao Níger – Tchiani tinha uma semana para renunciar ou uma intervenção militar começaria com o apoio da França.

A Nigéria, um importante aliado francês na região e líder da CEDEAO, foi escolhida como plataforma de lançamento para uma possível intervenção militar. No entanto, o Senado da Nigéria rejeitou a exigência do presidente altamente impopular, Bola Tinabu, de autorizar uma ação militar contra seu vizinho. O ultimato já expirou, e o Níger passou a fechar seu espaço aéreo para qualquer aeronave comercial.

Os presidentes de Burkina Faso e Mali responderam que qualquer intervenção militar no Níger equivalerá a uma declaração de guerra contra eles. Mas os Estados africanos também têm um ás na manga – sua amizade de longa data com a Rússia. É um cenário de incerteza e de deus dará. Já a Rússia, ao contrário do imperialismo, assinou minuta de contrato de cooperação de energia nuclear com o Níger, por intermédio da Rosatom – empresa de energia nuclear russa. A Rússia também planeja aumentar as exportações de alimentos e fertilizantes, veículos e máquinas industriais para a África. Estas transações comerciais serão cada vez mais liquidadas em moedas nacionais, incluindo o rublo; e investirá 1,2 bilhão de rublos (cerca de US$13 milhões) até 2026 em um “programa de assistência em larga escala” aos sistemas de saúde em toda a África.

Uma coisa é certa, desde a operação especial da Rússia para libertar os povos russos do Donbass, uma sequência de movimentos de libertação estão ocorrendo. Todas as lutas têm relação com a libertação das repúblicas do Donbass, pois a operação russa expôs a profunda crise do imperialismo. A Rússia é o representante maior da luta imperialista, pois além de ter suportado anos de sanções econômicas, conseguiu militarmente responder aos ataques.

Nenhum dos fatos acima levantados serve ao Esquerda Online, que prefere estabelecer um critério próprio, retirado provavelmente do Netflix, para manter uma análise tão inoportuna. Segundo o portal, a esquerda deve ter cuidado ao fazer uma caracterização do ‘golpe’, pois seria muito cedo, porém considera que “Ao mesmo tempo, é preciso denunciar os pescadores de águas turvas, que se utilizam do legítimo sentimento antifrancês no Níger para promover a sua própria agenda, aqueles que fingem amizade e colaboração, mas que não levam em consideração os interesses do povo. A troca de uma potência colonial por outra não pode ser confundida com a verdadeira independência e autodeterminação.”

A demonstração de capachismo dessa esquerda filo-imperialista fica muito clara nessa “ressalva” que fazem da situação. O imperialismo domina por décadas esses países africanos, assim como a maioria dos países do mundo, na hora que toda a podridão imperialista nessa região da África veio à tona, a imprensa capitalista só começa a acusar a Rússia e a China por supostamente estarem manipulando o golpe. Essa esquerda repete exatamente a mesma coisa, inventando a teoria de que há “dois imperialismos” ou, nas palavras do Esquerda Online, “troca e potência colonial por outra”, uma teoria que serve para ocultar os crimes que o imperialismo cometeu na região.

A Rússia não é potência colonial, não possui colônias, nem mesmo uma relação de usurpação com fazem os países imperialistas. Não se tem notícia de golpes de Estado conduzido por imprensa russa ou juiz comprado pela Rússia. Sob esse aspecto é muito fácil de refutar qualquer relação nesse sentido. Mas, particularmente chama muito a atenção o Esquerda Online atentar contra a conduta dos africanos, inclusive diminuindo a capacidade de autodeterminação do Níger. Deve ser a mentalidade decolonial…

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